Em depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira (19), o dono da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, confirmou que conhece o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara. Ele negou, porém, que tenha havido algum favorecimento à empresa.
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Barros é investigado pela CPI por supostamente ter atuado para beneficiar a compra da vacina indiana Covaxin – a Precisa era a intermediária da aquisição no contrato com o governo brasileiro. Partiu do líder do governo editar uma emenda que facilitava a importação e aplicação do imunizante no país.
Max admitiu a senadores que a Precisa tinha “interesse” na emenda, mas disse que não tratou com o líder do governo sobre esse assunto.
Quando digo que era do interesse porque, por óbvio, ela tornava a Covaxin elegível também, assim como outras, de outras autoridades. Mas não houve absolutamente nenhum contato com o deputado Ricardo Barros tampouco com outro para se fazer essa inclusão
, afirmou.
A emenda elaborada pelo líder do governo incluiu em projeto que previa a autorização, por parte da Anvisa, para a importação e distribuição de vacinas que tivessem sido aprovadas por autoridades sanitárias de outros países – entre as quais, a Central Drugs Standard Control Organization, na Índia, responsável por habilitar a Covaxin.
À CPI, Barros negou ter “relação pessoal” com Maximiano e disse também que nunca tratou com ele sobre assuntos relativos à Covaxin.
O líder do governo responde a processo por supostamente ter beneficiado, enquanto exercia a função de ministro da Saúde (entre 2016 e 2018), a empresa Global Gestão em Saúde, que é sócia da Precisa.
A Global foi a intermediária em contrato de aquisição de medicamentos para doenças raras e recebeu R$ 20 milhões para o fornecimento dos remédios – que nunca foram entregues.
Nesta quinta, Maximiano foi questionado sobre o caso e sobre a atuação da empresa Global. Ele, porém, afirmou que permaneceria em silêncio. O dono da Precisa obteve um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal que lhe garantiu o direito de não responder a perguntas que pudessem incriminá-lo.
Investigações sobre o líder do governo
Ricardo Barros entrou na mira da CPI após o também deputado Luis Miranda (DEM-DF) e o irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, revelarem suspeitas na negociação da vacina indiana Covaxin.
Segundo o deputado Luis Miranda, ao ouvir as denúncias em uma reunião no Palácio do Alvorada, em março, Bolsonaro disse que “isso era coisa” de Ricardo Barros e que acionaria a Polícia Federal. A PF apura se o presidente cometeu crime de prevaricação por, supostamente, não ter pedido a apuração do caso.
Após suspeitas de fraude e irregularidades, o governo brasileiro cancelou a compra do imunizante. A aquisição da Covaxin e a participação da empresa Precisa Medicamentos também são alvos de investigação da Polícia Federal e do Ministério Público.
Bolsonaro confirma ter se reunido com os irmãos Miranda. O presidente já defendeu a credibilidade de Barros, mas nunca confirmou ou negou que tenha citado o nome do líder do governo no encontro com Luis Miranda.
Fonte: Encontre Barra Funda