
A demissão por vingança, estimulada pelo advento das redes sociais, vem gerando apreensão no mundo corporativo. A expressão é utilizada para descrever o momento em que funcionários decidem utilizar canais online para expor suas insatisfações com as empresas das quais acabaram de se desligar ou ser demitidos.
Acusações de abusos e inconveniências em relacionamentos desgastam a imagem pública da companhia e alertam para os riscos do turnover excessivo, especialmente quando a crise envolve um estabelecimento ligado intimamente à saúde e ao bem-estar.
“É um cenário que evidencia falhas na cultura da empresa e no alinhamento de expectativas entre gestores e colaboradores”, aponta Guilherme Silva, especialista em Recursos Humanos (RH). Ele, inclusive, sinaliza o recorde de pedidos de demissão como termômetro dessa realidade. De acordo com pesquisa conduzida pelo economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, 37,9% dos desligamentos efetivados em janeiro deste ano tiveram como origem pedidos dos próprios trabalhadores, frustrados com o ambiente organizacional.
Diferenças geracionais agravam riscos da demissão por vingança
A demissão por vingança também pode ter como gatilho a diferença geracional entre empregadores e colaboradores. Para Silva, a nova geração de mão de obra deseja flexibilidade de horários e resiste aos modelos de gestão tradicionais. As lideranças demonstram dificuldades de lidar com esse perfil, ainda mais diante do acirramento da concorrência e maior demanda que vêm caracterizando setores como o farmacêutico. “E sem clima para mudar esse modelo, os profissionais encontram na rede social a saída para explicitar seu descontentamento”, observa.
Silva entende que, para minimizar essas questões, evitando exposições e atritos desnecessários, é preciso estruturar melhor a cultura corporativa da sua empresa.
“A grande chave para o equilíbrio é o fortalecimento de cultura, o entendimento de onde a empresa quer chegar, relacionado aos seus pontos voltados à missão, visão e valores, mas, sobretudo, alinhar o propósito daquilo que os colaboradores buscam para suas vidas e carreiras. Então, é trazer o alinhamento e o equilíbrio cultural entre comunidade, pessoas, colaboradores e empresa”, finaliza.