Cinco meses após assumir a presidência executiva, a advogada Cibele Zanotta falou com exclusividade sobre os desafios da Acessa para os próximos meses, em entrevista ao Panorama Farmacêutico. Entre as principais agendas estão a reforma tributária e as bulas digitais.
“Trata-se de um tema que a Acessa vem acompanhando há algum tempo no qual defendemos a manutenção da redução de 60% da tributação incidente sobre todos os medicamentos, com exceção daqueles que entraram na lista de isentos de tributos”, explica a executiva.
As bulas digitais é outra questão de extrema importância para a entidade na ampliação do acesso e disseminação de conhecimentos relevantes em relação ao autocuidado. “Nada mais é do que uma forma mais fácil para o consumidor acessar as informações do produto, seus benefícios e indicações”, acrescenta.
Os 17 associados da Acessa representam 36% do mercado de medicamentos isentos de prescrição (MIPs). Por conta disso, a preocupação com a redução das filas na Anvisa é outro ponto de atenção.
Ampliar a pauta do autocuidado é mais um dos desafios da Acessa
Com mais de 30 anos de existência, a Acessa – antiga Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip) – mudou de nome em fevereiro de 2022, ampliando seu escopo de trabalho e congregando todos os esforços para ser reconhecida como referência na promoção do autocuidado em saúde e bem-estar.
“Isso nos traz uma missão e um compromisso muito maior, que é o de entender como isso se conecta com todo o universo de produtos que envolvem o autocuidado tais como os MIPs, suplementos, vitaminas, minerais, dermocosméticos e autotestes. Atuamos em todas as fases do consumidor, seja para tratar uma dor de cabeça por meio de um analgésico, agindo na prevenção do câncer de pele com a proteção solar ou na saúde bucal com os enxaguantes”, afirma Cibele.
O objetivo da associação é cada vez mais levar o letramento para a população em relação ao protagonismo que ela tem no manejo de sua saúde e que isso possa ser revertido em políticas públicas e privadas. “O tema do autocuidado endereçado de forma correta pode gerar uma economia para o sistema de saúde e uma redução de 11 milhões de horas de tratamento para o paciente”, ressalta
Em uma pesquisa realizada pelo Datafolha, a Acessa revela que 97% da população brasileira acredita que o poder público deve investir em iniciativas voltadas ao autocuidado em saúde.
Dados da Associação Latino-Americana para o Autocuidado Responsável (ILAR) destacam que o custo de tratamento com MIPs é até 68% menor que o tratamento realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Atualmente, o SUS atende, aproximadamente, 60 milhões de casos não graves por ano, o que gera um custo total de US$ 1,2 bilhões (R$ 6,95 bilhões). Se 50% desses casos fossem tratados com MIPs, a economia potencial seria de US$ 601 milhões (R$ 3,48 bilhões), que poderiam ser redirecionados para tratamentos mais complexos e para a expansão da cobertura de saúde para casos graves.
A pesquisa também mostrou que 73% dos brasileiros costumam tomar medicamentos quando sentem algum mal-estar, o que destaca a necessidade de um melhor letramento em saúde e o incentivo ao autocuidado responsável.