Estão abertas consultas públicas sobre propostas de incorporação de medicamentos para câncer de células renais, nos casos de pacientes com câncer metastático ou avançado. Um dos formulários recebe contribuições sobre a proposta de incorporação do pembrolizumabe, axitinibe, ipilimumabe e nivolumabe para tratamento de primeira linha de câncer de células renais. Outro contempla a proposta de incorporação do cabozantinibe ou nivolumabe para o tratamento de segunda linha para pacientes câncer de células renais metastático. É possível encaminhar contribuições até o dia 19 de julho. A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) recomendou inicialmente a não incorporação das tecnologias no SUS. Para o Plenário, no primeiro tema, embora as associações dos medicamentos tenham apresentado eficácia superior ao tratamento disponível no SUS para indivíduos com risco intermediário ou alto, a relação de custo-efetividade foi considerada desfavorável e a incorporação resultaria em impacto orçamentário elevado à rede pública de saúde. No segundo caso, a Comissão considerou que apesar de apresentar evidência de maior benefício, os custos do tratamento com cabozantinibe e nivolumabe são mais elevados do que o tratamento atualmente disponível no SUS, resultando em aumento dos custos adicionais e elevação do impacto para o orçamento público.
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Acesse o link para as consultas públicas.
Medicamentos combinados
O ipilimumabe, nivolumabe e o pembrolizumabe são proteínas que estimulam o sistema imunológico atacar e destruir células cancerígenas. Já o axitinibe evita o crescimento descontrolado de vasos sanguíneos, o crescimento do tumor e que o câncer se espalhe para outras partes do corpo.
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Cabozantinibe e Nivolumabe
O cabozantinibe possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e é indicado para o tratamento de câncer renal avançado em adultos não tratados previamente com risco intermediário ou alto, assim como em adultos após tratamento prévio com medicamento inibidor do crescimento tumoral. O nivolumabe tem registro na Anvisa com aprovação para o tratamento de câncer de pele, câncer de pulmão, câncer do sistema linfático, câncer de cabeça e pescoço e câncer de células renais após terapia inibidora da proliferação tumoral prévia. Esse medicamento também é indicado para o tratamento em primeira linha de pacientes adultos com câncer de células renais avançado ou metastático que possuem risco intermediário ou alto (desfavorável).
Câncer de células renais
É uma condição clínica ligada à transformação e reprodução anormal das células dos rins. Esse tipo de câncer é o sétimo mais comum em homens e o nono mais frequente entre as mulheres.
Os sintomas do câncer de células renais envolvem dor lateral, sangue na urina, tumor abdominal palpável e manifestações de metástase (quando os tumores se espalham para outras partes do corpo), tais como dor nos ossos, tosse persistente e aumento dos gânglios linfáticos. As principais formas de diagnóstico são avaliação por imagem (ressonância magnética, tomografia computadorizada e cintilografia óssea), realização de exames laboratoriais, biópsia, análise patológica do tumor, investigação da disseminação da doença. O exame físico tem papel limitado no diagnóstico do câncer renal.
No SUS
Na atual Diretriz Diagnóstica Terapêutica (DDT) do carcinoma de células renais do Ministério da Saúde, de 2014, recomenda-se a retirada total do rim como tratamento inicial para a doença metastática (exceto em pacientes que não apresentam condições clínicas para o procedimento cirúrgico), pois contribui para o controle dos sintomas percebidos pelos pacientes, como dor lombar e sangramento urinário. Esse procedimento também está associado a um aumento da sobrevida do paciente e as taxas de cura chegam a 90% nos casos de estágio I.
Quando esses procedimentos não podem ser realizados, o uso de quimioterapia paliativa é possível para pacientes com risco baixo ou intermediário, ainda que frequentemente esse tipo de tumor seja muito resistente ao tratamento quimioterápico.
A cirurgia tem sido historicamente o padrão de tratamento de tumores renais. No entanto, a detecção de pequenas lesões no rim e o acúmulo de evidências de que a doença renal crônica induzida cirurgicamente pode aumentar a morbidade dos pacientes levaram a adoção de abordagens mais conservadoras. Na última década, o principal avanço no tratamento do câncer renal metastático tem sido o desenvolvimento de terapias biológicas.
Na portaria que aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) do câncer de células renais, a indicação de maior índice terapêutico é para antiangiogênicos (substâncias bloqueadoras da formação de novos vasos sanguíneos que nutrem o tumor) ou inibidores de proteínas específicas. Em 2018, o cloridrato de pazopanibe e o malato de sunitinibe foram incorporados ao SUS para tratamento de câncer de rim metastático.
Fonte: Conitec