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Especialistas alertam para obstáculos no diagnóstico da depressão

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Enquanto o número de casos de depressão aumenta em todo o mundo, mais pessoas têm dificuldade de lidar com a tristeza comum que surge dos próprios problemas e pedem remédios. Com a confusão, há quem queira medicamento sem necessidade e os que pioram sem ninguém ajudar.

Patrícia Carvalho Silva, coordenadora de Saúde Mental de Santos, diferencia: “A tristeza é um processo psicológico normal. A depressão, não. Ela tem um Código Internacional de Doença (CID) e vários sintomas típicos”.

Mario Louzã, psiquiatra especialista em Psiquiatria Geral pela Associação Brasileira de Psiquiatria, com doutorado e pós-doutorado na Alemanha, concorda.

“As pessoas estão mais conscientes de que a depressão é uma doença e pode ser tratada. E o Brasil tem passado por anos de recessão econômica, desemprego e uma espécie de baixo astral generalizado. Com isso, mais gente vem ao consultório. Mas depressão tem a ver primeiro com frequência, intensidade. Uma tristeza normal é passageira. A pessoa não fica triste o tempo todo”, diz.

O diagnóstico de depressão – ou não – requer avaliação médica. Pode estar havendo desequilíbrio hormonal, necessidade de medicação ou terapia. “E é preciso ir ao psiquiatra. Muitas vezes, a pessoa tem a falsa ideia de que vai conseguir sair da situação sozinha. É um desequilíbrio físico do cérebro”.

Katia Cilene Moreschi, psicóloga clínica e educacional, orienta que, para ajudar alguém que não se percebe doente, é preciso paciência. É necessário estar disposto a ouvir sem julgar e oferecer ajuda, inclusive profissional. “Jamais deve se desprezar, justificar ou minimizar o sofrimento do outro, dizendo: ‘Você não deveria se sentir assim, pois tem um trabalho e família’”, exemplifica.

 

Preconceito dificulta tratamento

O preconceito ainda é o principal obstáculo na superação da depressão, tanto para pacientes quanto para médicos e a sociedade. Antônio Geraldo da Silva, presidente eleito da Associação Psiquiátrica da América Latina (Apal) e superintendente técnico da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), afirma que “100% das pessoas que se suicidam têm algum quadro psiquiátrico, e o estigma é, sim, o maior dificultador para se procurar ajuda”.

Muitas vezes, diz, o paciente não se reconhece como doente, devido a um estigma negativo de tratamentos psiquiátricos. “Esse ambiente (do Caps) ainda é criador de rótulos sociais. Aí, fazem-se generalizações entre as pessoas, como se categorizassem grupos de ***doidinhos, doentes, pessoas loucas”.

Para Silva, é preciso conscientizar de que depressão é uma doença comum, real e em qualquer idade. “Mas o preconceito é tão grande, até de outros profissionais médicos”.

Camila Óca Navajas, de 27 anos, ex-gerente de Projetos da Microsoft, passou por quatro anos de tratamento medicamentoso e recebeu alta no ano passado. Enfrentou os próprios preconceitos e o de colegas de trabalho. Saiu do emprego e decidiu replanejar a vida para fazer o que gosta. Agora, estuda para entrar na faculdade de Música.

“No começo, eu achava que não estava doente. Mas trabalhava de segunda a segunda, não tinha amigos, chegava em casa sem vontade para mais nada. Surtei”, conta.

Com o tempo, Camila percebeu que não tinha só pressão alta, compulsão alimentar, tristezas sem motivo. Apresentava também transpiração de pés e mãos, palpitação cardíaca, insônia e crises de pânico e transtorno de ansiedade. Prostrada e com pensamentos suicidas, ela não aceitava tomar remédios, mas teve apoio da família.

Fonte: A Tribuna de Santos

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