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Especialistas defendem redução de intervalo da vacina contra variante Delta

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Com o objetivo de dar celeridade à imunização da sua população, pelo menos cinco estados brasileiros, inclusive o Espírito Santo, reduziram o intervalo de vacinação da Astrazeneca. Atualmente, o Ministério da Saúde recomenda 12 semanas (três meses).

No Espírito Santo, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), a antecipação do intervalo de 10 semanas para a aplicação da segunda dose da vacina Astrazeneca foi instituído para garantir o benefício do reforço da segunda dose e permitir melhor operacionalização da imunização pelos municípios.

Para especialistas, essa antecipação da segunda dose da Astrazeneca ou da Pfizer também apresenta uma vantagem, que é a proteção contra a variante Delta do coronavírus, considerada potencialmente mais transmissível.

Segundo a professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e pós-doutora em Epidemiologia, Ethel Maciel, a antecipação é uma estratégia que deve ser adotada em todo o país.

“Considero que todo o Brasil deve encurtar a segunda dose da Astrazeneca, e também a da vacina Pfizer. Neste momento, tendo em vista o avanço da variante Delta, que pode infectar pessoas que tomaram apenas uma dose, é fundamental completar o esquema vacinal das pessoas com o menor espaço de tempo para evitar novos picos da doença”

O infectologista Lauro Ferreira Pinto também é a favor da redução do intervalo da vacina Astrazeneca. ‘Não é uma decisão fácil, porque quanto maior o intervalo, mais é a resposta imunológica contra a Covid-19. No entanto, apenas uma dose protege menos contra a variante Delta. Esse encurtamento é uma tendência em todo o mundo e me parece uma forma assertiva de proteger a população’, explica.

A infectologista Jacqueline Rueda explica que o esquema vacinal completo é determinante para o controle da pandemia no país. “A redução do intervalo das doses é uma decisão assertiva porque mais gente vai estar com a imunidade total contra o vírus e suas variantes. A Delta é preocupante porque é potencialmente mais transmissível que as demais. Quanto mais rápido atingirmos uma cobertura vacinal acima de 80% da população com as duas doses, menos chances de vivermos novos picos da doença com alta do número de óbitos e sobrecarga na rede pública e particular de saúde”, pontua.

“INTERVALO NÃO DEVE SER MUITO CURTO”

Em coletiva na segunda-feira (12), o secretário estadual da Saúde, Nésio Fernandes, ressaltou a importância de avançar com a imunização da primeira dose na população a fim de enfrentar as novas variantes. Dessa forma, para o secretário, a redução do intervalo de aplicação não deve ser feita para períodos muito curtos.

“Para o enfrentamento das novas variantes, é importante termos a cobertura da D1. Mesmo com a possibilidade de escape parcial das vacinas já disponibilizadas (o escape pode derrubar um pouco da eficácia), a ampla cobertura da D1 contribui para o controle da mortalidade. Por isso, o esquema de aplicação de doses em prazos de quatro, cinco semanas limitaria a capacidade do governo do Estado de ampliar a cobertura com a primeira dose”, explicou o secretário, reafirmando que, para redução de intervalo, devem ser usadas as regras adotadas pelo governo estadual no caso da Astrazeneca.

A bula da vacina Astrazeneca indica que o intervalo entre as duas doses deve ser de 4 a 12 semanas.

ESTADOS QUE JÁ ENCURTARAM INTERVALO DA VACINA

Pernambuco: 60 dias (8 semanas)

Acre: 45 dias (6 semanas)

Santa Catarina: 70 dias (10 semanas)

Tocantins: 80 dias (11 semanas)

Espírito Santo: 70 dias (10 semanas)

Piauí: 70 dias (10 semanas)

Rio Grande do Sul: 70 dias (10 semanas)

Distrito Federal: 60 dias (8 semanas)

Há estados que adotaram mudanças pontuais para grupos ou faixas etárias, como Ceará, Alagoas e Sergipe. O estado de São Paulo também manifestou a intenção de encurtar o prazo, mas disse que ainda depender de aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

VARIANTE DELTA

Detectada originalmente na índia, a variante Delta, antes chamada de B.1.617.2, foi identificada pela primeira vez em outubro de 2020. Agora, com registros em mais de 90 países, a cepa é motivo de preocupação para pesquisadores e especialistas ao redor do mundo, inclusive no Brasil.

Assim como as variantes descobertas no Brasil (P.1), Reino Unido (B.1.1.7) e África do Sul (B.1351), a variante indiana apresenta uma modificação na proteína que fica na superfície do vírus, responsável por se conectar aos receptores das células humanas e dar início à infecção.

Uma variante é resultado de modificações genéticas que o vírus sofre durante seu processo de replicação. Um único vírus pode ter inúmeras variantes. Quanto mais o vírus circula – é transmitido de uma pessoa para outra -, mais ele faz replicações, e maior é a probabilidade de modificações no seu material genético.

Segundo Ethel Maciel, no caso da Delta, além da maior transmissibilidade, tem outra fator que preocupa os especialistas. ‘Essa variante tem um conjunto de modificações que fazem com que ela escape ao nosso sistema imunológico. É como se ela enganasse ao nosso sistema imunológico, que não consegue reconhecer essa variante como o Sars- Cov original’, explica.

Ethel acrescenta ainda que, por ser mais transmissível que as demais variantes e escapar ao sistema imunológico, isso impacta diretamente no cálculo da cobertura vacinal necessária para o controle da pandemia no Brasil.

‘Quando temos um vírus que é mais transmissível, temos que vacinar mais pessoas. Então, aquele cálculo inicial que foi feito Ministério da Saúde de que era necessário vacinar 70% da população vacinada para ter a pandemia controlada, precisa ser refeito. Agora, devido a variante, vamos precisar vacinar 80 a 90% da população. Isso é uma complexidade a mais na campanha de imunização do país’.

Fonte: A Gazeta Online ES

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