Pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a empresa Brain4Care, descobriram a relação entre o aumento da pressão intracraniana (PIC) com as dores da fibromialgia.
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O estudo comprovou ainda, de maneira inédita, que ao tratar as dores com laser e ultrassom, a PIC diminui.
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A complacência intracraniana (CIC), ou variações de volume/pressão dentro do crânio, é um indicador da saúde neurológica cerebral e o seu comprometimento pode levar à disfunção cerebral.
O estudo feito pelos pesquisadores Antônio Eduardo de Aquino Júnior, Fernanda Mansano Carbinatto, Camila da Silva Rocha Tomaz e Vanderlei Salvador Bagnato avaliou as correlações entre as dores de uma paciente e as variações do volume/pressão do crânio e conseguiu fazer com que desaparecesse alguns mal-estares da mulher com a aplicação de uma combinação de laser e ultrassom, que também reduziu a CIC, restabelecendo os padrões normais.
O artigo científico com os resultados da pesquisa foi publicado no “Journal of Novel Physiotherapies”.
Para medir a pressão intracraniana foi utilizado um aparelho desenvolvido pela Brain4care, que já é utilizado para medir a PIC de pacientes e já possui autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos.
O aparelho também foi utilizado em um estudo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) que comprovou a relação da pressão arterial com o aumento da pressão intracraniana.
Como foi feito?
O objetivo dos pesquisadores era avaliar o que acontece no cérebro, por intermédio das ondas cerebrais, durante a aplicação do tratamento de laser e ultrassom, relatando o caso de uma paciente fibromiálgica em crise total de dor, que foi submetida a 10 sessões do tratamento.
Os pesquisadores mapearam as escalas de dor da mulher e todas as alterações relativas à PIC ao longo das sessões.
Foi comprovado que, antes do início dos tratamentos, que a PIC da paciente, que estava um pouco elevada, começou a diminuir durante os procedimentos, atingido os níveis normais após cinco minutos de repouso no final de cada sessão.
“Além da melhora em 70% dos índices de dor provocada pela fibromialgia, e em 60% no restabelecimento da qualidade de vida da paciente – resultados que já eram esperados – este novo estudo demonstrou que o tratamento provoca uma redução da complacência cerebral”, disse o pesquisador Antônio de Aquino Júnior.
De acordo com o pesquisador, o tratamento aliviou alguns tipos de mal-estar que a paciente sofria. “Estados de insônia, dores de cabeça e alterações no sistema gástrico e intestinal, entre outras anomalias desapareceram ao longo das sessões”, declarou.
Nova compreensão
O estudo trouxe aos pesquisadores uma nova compreensão de como a fibromialgia se manifesta mais profundamente. Com a observação de um aumento da pressão intracraniana nesta paciente antes do início do tratamento, fica justificada a alteração do centro de dor que se localizada no córtex pré-frontal do cérebro, que é responsável por todos os desequilíbrios inerentes à doença.
Para contribuir com a pesquisa, a empresa Brain4Care colaborou cedendo o equipamento e ensinando a forma de utilizá-lo e a interpretação dos dados.
“Foi observada uma significativa melhora na qualidade de vida da paciente. Ela conseguiu retomar atividades que antes era incapaz de realizar por conta da dor. Com esse relato de caso tive a oportunidade de acompanhar o tratamento e a satisfação de vivenciar uma história de saúde e felicidade ao vê-la se afastando da dor e reconquistando sua qualidade de vida”, comentou a fisioterapeuta da Brain4care, Camila Tomaz.
Fonte: G1