Evite passivos trabalhistas ao não confundir PJ e CLT
Regime de contratação distorcido favorece recorde
de ações judiciais movidas por colaboradores
por Leandro Luize em
por Leandro Luize em
Com mais de 2,1 milhões de novas ações judiciais em 2024, o país enfrenta um crescimento expressivo no volume de passivos trabalhistas motivados por contratos mal estruturados. E boa parte desse recorde deve-se a distorções no regime de contratação, com recrutamentos em sistema de PJ que, na prática, ocorrem como CLT.
Para gestores de farmácias, o olhar cuidadoso sobre essa prática significa mitigar riscos jurídicos e garantir coerência na estrutura de pessoal. E um estudo da consultoria Icon Talent, com base na análise de 320 empresas em 47 cidades, ajuda a dar luz ao problema ao apontar os principais erros recorrentes na diferenciação entre os modelos de trabalho:
- 64% das empresas tratam profissionais PJ como CLT, impondo controle de ponto, subordinação e exclusividade
- 35% não formalizam contratos adequadamente, abrindo margem para disputas na Justiça
No ambiente das farmácias, essas práticas podem gerar reconhecimento de vínculo empregatício e obrigar o pagamento retroativo de FGTS, multa de 40%, horas extras e adicional de insalubridade, custos que muitas vezes excedem os ganhos na economia com encargos.
“A ausência de regras objetivas impacta diretamente a cultura da empresa e pode gerar desigualdades percebidas entre colaboradores e prestadores de serviço”, alerta Janaina Lima, COO da Icon Talent, em entrevista ao portal Gestão & RH.
Principais estímulos dos passivos trabalhistas
Os passivos trabalhistas tornam-se mais próximos das empresas especialmente por três fatores.
- Subordinação direta e jornada fixa são indícios claros de vínculo mesmo quando há contrato PJ
- Exigência de exclusividade ao prestador inviabiliza autonomia e favorece autuações trabalhistas
- Remuneração fixa mensal sem detalhamento contratual configura “CLT disfarçada”
Além disso, o índice de turnover para regime PJ é de 31%, com permanência média de 14 meses, enquanto profissionais CLT costumam ficar cerca de dois anos.
Orientações práticas para gestores de farmácias
- Defina atribuições e metas com clareza, descrevendo no contrato quais atividades serão prestadas, sem gerar ambiguidade entre os regimes
- Inclua cláusulas de escopo, prazos, forma de pagamento e autonomia, evitando condições típicas de contrato de trabalho
- Evite exclusividade e controle de jornada: garanta liberdade para o prestador atuar com outros clientes e evitar horários fixos
- Não ofereça benefícios exclusivos da CLT a PJs, como férias remuneradas, FGTS ou vale-transporte
- Implemente plano de cargos e salários para CLT e estrutura paralela para PJs, com remuneração por projeto ou entrega