Família de empreendedores surgiu após 500 km a pé

Rotina inusitada do avô inspirou Nilton Claudio Oliveira na gestão de quatro farmácias, hoje já sob o comando dos filhos

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Nilton e Maria Helena Oliveira (centro) junto aos filhos que hoje tocam rede de farmácias: Pedro, Lucas, Gabriel e Alexandre / Foto: Divulgação

Quem vê a família de empreendedores liderada por Nilton Claudio de Oliveira, que comanda quatro farmácias em Cláudio (MG), não imagina o passado batalhador. Do avô pedreiro ao pai comerciante, o gestor aprendeu a trabalhar com afinco e a desenvolver um tino apurado para os negócios.

No 27º episódio da seção Minha História, contamos a trajetória de um empresário nato, que sempre soube identificar e aproveitar as oportunidades. Hoje, ele observa nos bastidores a atuação dos filhos na continuidade do seu legado, comandando três lojas da Ultra Popular e uma da Maxi Popular.

Cláudio está a cerca de 140 quilômetros de Belo Horizonte (MG) e abriga pouco mais de 30 mil habitantes. Esse número faz com que muitos moradores se conheçam intimamente, o que garantiu ao município a alcunha de “cidade dos apelidos”.

Os Oliveira eram chamados de família dos cariocas, mesmo sem nenhum integrante nascido na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Mas todo apelido tem uma explicação. “Meu avô trabalhava na construção civil na década de 1940 e passava algumas temporadas no Rio a trabalho”, conta. Como as opções de transporte a partir da cidade de Cláudio eram escassas, restava a carona como alternativa ou percorrer 500 quilômetros a pé. Esse último recurso era o mais comum.

Família de empreendedores estreou no comércio de alimentos 

A perseverança e os ganhos do patriarca da família dos cariocas levaram ao surgimento da família de empreendedores. Na década de 1950, os Oliveira apostaram no comércio de alimentos para abrir o primeiro negócio próprio. “O açougue era comandado pelo meu pai e, conforme crescíamos, eu e meus três irmãos o ajudavam nas rotinas diárias. Até que, em 1987, resolvemos abrir outro açougue”, relembra.

A união entre todos os irmãos não teve vida longa. Três anos depois, parte decidiu investir em voos solo e apenas Salatiel (Tiel) e Nilton permaneceram juntos, abrindo um bar localizado em uma próspera área industrial. “Eram inúmeras fábricas de ferro fundido nos arredores e os funcionários tornaram-se frequentadores assíduos do nosso estabelecimento após a longa jornada de trabalho”, afirma.

Mas, apesar do desenvolvimento da cidade, o acesso à saúde ainda era deficitário na região. Ao notar que os moradores dos conjuntos habitacionais do entorno precisavam se deslocar até o centro da cidade para comprar medicamentos, Nilton teve um estalo e entendeu qual deveria ser seu próximo negócio. “A comunidade até brinca com a situação, dizendo que tiramos a saúde das pessoas na mesa de bar para depois devolvê-la com a operação da farmácia”, comenta, aos risos.

Para abrir farmácia, gestor buscou mão de obra especializada 

No entanto, como obter sucesso no varejo farmacêutico sem experiência? A solução seria formar uma equipe especializada. “Contratamos a Márcia Groppi para encabeçar a área de atendimento e ela está conosco desde então. Além dela, temos outras colaboradoras que fazem parte do quadro há mais de 20 anos, como as balconistas Maria Oliveira e Renilda Francisca”, destaca.

Com o auxílio do time, o negócio prosperou e o espaço alugado para a primeira loja em 1997 foi trocado por uma sede própria no mesmo quarteirão, no ano 2000. Em 2003, a Farmácia Bela Vista ganhou sua segunda unidade, agora na região central.

Querendo alçar voos mais altos, irmãos entram no associativismo

Como os negócios caminhavam bem, Tiel resolveu estudar farmácia, acumulou networking e teve seu primeiro contato com o associativismo. Após ouvir relatos de sucesso da rede Entrefarma, ele apresentou o sistema ao irmão.

“Sabíamos que precisávamos entrar em uma rede para ganhar mais força no mercado, embora a troca de nome não fosse algo que desejávamos. Tínhamos uma marca estabelecida”, ressalta. Segundo ele, a própria rede associativista reconhecia a necessidade de estabelecer um processo gradual. “Ao todo, foram três anos de transição”, observa.

Entrefarma abriu portas para a Farmarcas

Integrante da Farmarcas, a Entrefarma conduziu os irmãos para um modelo inovador de gestão. “Foi por meio da rede que conhecemos o Edison Tamascia, um profissional que tem toda a nossa admiração”, destaca. A conexão com o grupo fez com que a família conhecesse também a operação da Ultra Popular, que seria sua escolha ao abrir a terceira loja, em 2012.

Foi nessa época também que os filhos Pedro, Lucas, Gabriel e Alexandre, assim como a esposa Maria Helena, passaram a ajudar nas rotinas da farmácia. O movimento anteciparia as mudanças que estavam por vir, envolvendo a terceira geração da família.

Sai irmão, entram os filhos 

Com três farmácias sob seu guarda-chuva, Nilton teve que lidar com a saída de Tiel da sociedade. “Com isso, repassei a administração da nossa primeira unidade para meus filhos”, relembra. Com uma visão mais agressiva e moderna, os descendentes optaram por converter bandeira para a Maxi Popular em 2018. Quatro anos depois, Nilton migrou totalmente para a Ultra Popular, com o objetivo de facilitar a gestão. A estratégia foi bem-sucedida, a ponto de viabilizar a inauguração do quarto PDV em 2024.

Passagem de bastão 

Hoje com mais de 60% de market share na cidade, Oliveira resolveu desacelerar e deixar o comando das farmácias para os herdeiros. Somente a filha Mariana não integra o quadro de gestores, mas ela atua como consultora de marketing da empresa.  “Agora fico só nos bastidores, exercendo trabalhos administrativos. Quero que eles alcem seus próprios voos e sustentem a garra da família dos cariocas”, finaliza.

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