A promoção de opioides, medicamentos que levaram a uma das maiores crises de saúde pública nos Estados Unidos, movimentou mais de R$ 214 mil no Brasil, afirma o Metrópoles.
Segundo o portal, em série de reportagens que contou com a colaboração de outros dez veículos, a Mundipharma, que distribui medicamentos da Purdue Pharma no país, pagou US$ 39 mil (mais de R$ 214 mil na cotação atual) para a Sociedade Brasileira de Estudo da Dor (Sbed) entre 2019 e 2023.
De acordo com a própria farmacêutica, o investimento teve como objetivo a realização de simpósios educacionais, programas médicos e a presença em congressos da sociedade, mas “não foi limitado a essas atividades”.
Promoção de opioides foi estratégia adotada nos EUA
A Mundipharma replica no Brasil a estratégia utilizada nos Estados Unidos para popularizar os opioides. A grande questão é que essas táticas provocaram a morte de mais de 500 mil pessoas, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças.
A Purdue Pharma, por exemplo, é responsável pela fabricação do OxyContin (oxicodona). O princípio ativo, que pode levar à dependência química, é um analgésico 150% mais forte do que a morfina.
30% dos brasileiros com dores crônicas já usam opioides
Se farmacêuticas querem divulgar entre os prescritores os benefícios dos opioides, esses medicamentos já fazem parte do cotidiano dos brasileiros. Da população com mais de 50 anos, 36,9% sofrem com dores crônicas e 30% usam esses remédios para aliviar o incômodo.
Os dados fazem parte do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos (ELSI-Brasil), financiado pelo Ministério da Saúde e divulgado em dezembro do ano passado.
O trabalho também revelou que a dor crônica é mais frequente entre mulheres, pessoas de baixa renda e aqueles com diagnóstico para atrite, dor nas costas/coluna, sintomas depressivos e com histórico de quedas e hospitalizações.