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Superbactérias crescem com diminuição de pesquisas clínicas

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Superbactérias crescem com diminuição de pesquisas clínicas

Superbactérias

A redução nas pesquisas de novos antibióticos na indústria farmacêutica anda de mãos dadas com o crescimento das mortes por superbactérias no mundo. As informações são do UOL.

Segundo o relatório da OMS, intitulado Incentivando o Desenvolvimento de Novos Tratamentos Antibacterianos 2023, o número que, em 2016 era de 700 mil, já alcançou 1,2 milhão de óbitos.

As superbactérias causam pneumonia, infecção urinária e da corrente sanguínea, com sintomas variados entre taquicardia, febre, inchaço e até a falência múltipla dos órgãos.

Uma pesquisa publicada na revista científica “The Lancet” em 2022 foi citada no relatório da OMS para explicar esse aumento. Além dos 1,27 milhão de mortes diretas em 2019, ocorreram mais 4,95 milhões de óbitos indiretos.

Dificuldades com o avanço das superbactérias

As pesquisas de novos antibióticos ainda são insuficientes quando comparadas à crescente propagação da resistência antibacteriana. Isso porque a maioria dos antibióticos do mercado são variações de drogas dos anos 1980.

O relatório da OMS esclarece que “Apenas 77 novos tratamentos estão em desenvolvimento clínico, sendo a maioria derivada das classes de antibióticos já existentes, e é improvável que cheguem ao mercado.”

“Não existe mercado viável para novos antibióticos. O retorno financeiro não cobre os custos do seu desenvolvimento, produção e distribuição. Então, as maiores farmacêuticas (do setor privado) recuaram no desenvolvimento de antibióticos”, diz o relatório.

A oncologia, por exemplo, é uma área muito mais lucrativa para as gigantes do setor. Esta gerou US$ 26,5 bilhões, enquanto a outra apenas US$ 1,6 bilhão.

No Brasil, o Sindusfarma deixa claro que o investimento estatal é mais do que necessário para frear as superbactérias. O presidente executivo, Nelson Mussolini, comemorou o relançamento do Geceis (Complexo Econômico e Industrial da Saúde).

O complexo visa a produção de 70% da matéria-prima de novos medicamentos no país. “Um arranjo focado nos laboratórios públicos, em colaboração com organismos de fomento e iniciativa privada, pode abrir caminho para que o país se torne protagonista na solução dessa grande questão mundial”, afirma o presidente.

O mesmo estudo que estimou 700 mil mortes anuais por infecções bacterianas há sete anos atrás teve um prognóstico instigador. A resistência aos antibióticos passaria a matar 10 milhões por ano a partir de 2050, ultrapassando as 8,2 milhões de pessoas que morrem por câncer. E muitos casos acontecem após infecções que poderiam ser tratadas.

Aumento da resistência das bactérias

Thaís Di Giola, médica microbiologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, fez um alerta para a importância da receita correta “Antibiótico salva vidas, mas precisa ser bem indicado. Só um exame pode dizer se determinada infecção é causada por bactéria ou vírus, mas nem sempre o exame está disponível ao médico, que pode receitar errado.”

“Tem muita automedicação. A pessoa tem rinite, pensa que é sinusite e já toma aquele antibiótico guardado em casa. Há bactérias resistentes nos esgotos que chegam ao solo e, depois, ao alimento que a gente ingere”, problematiza a automedicação e o descarte de antibiótico no lixo comum.

As bactérias também ficam mais resistentes através do uso de antibióticos na cadeia alimentar, mais especificamente na pecuária intensiva e no agronegócio. Além disso, alimentos mal cozidos também infectam o humano, se reproduzindo no intestino.

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