O faturamento das farmácias cresceu 5% no primeiro semestre de 2024, em comparação com o mesmo período do ano passado. O avanço de 6,1% no segundo trimestre puxou para cima os resultados, em um período favorecido pelo reajuste no preço dos medicamentos e por uma série de fatores macroambientais. Os dados fazem parte do Shopper Report produzido pela Bnex, empresa de ciência do consumo especializada em CRM e comportamento de clientes, que analisou 12 milhões de transações.
Os primeiros seis meses do ano foram marcados por uma série de acontecimentos impactantes para o varejo e a saúde. Surtos de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, como dengue, Zika e Chikungunya contribuíram para o aumento da busca por analgésicos, antipiréticos e isotônicos.
A temporada de queimadas aumentou também a demanda por produtos respiratórios, como inaladores, nebulizadores, descongestionantes e medicamentos para doenças respiratórias, como asma e bronquite. E para completar, enchentes no Rio Grande do Sul afetaram a economia de forma geral.
Faturamento das farmácias é puxado por clientes fidelizados
O reajuste anual de preços de medicamentos ajudou a estimular o faturamento das farmácias e refletiu diretamente nas estratégias de retenção de clientes. “O consumidor irá sempre procurar por mais vantagens, como descontos e facilidades no pagamento. Isso fica cada vez mais claro ao compararmos os números de clientes fidelizados, que asseguraram alta de 13,5% no faturamento e 5,3% no tíquete médio. Já entre os não fidelizados houve queda nesses dois índices – de 10,6% e 1,7%, respectivamente”, afirma Eduardo Donoso, head de marketing da Bnex.
O pico dessa diferença se deu no mês de junho, com 9,2% de incremento entre os fidelizados e recuo de 2,1% entre os não fidelizados. “Além de ser mais propenso a adquirir produtos de maior custo, o consumidor leal também leva mais itens e a frequência de compras dobra”, ressalta Donoso
Perspectivas para o segundo semestre
No segundo semestre, analisando o cenário geral, até o fim de setembro, a baixa umidade relativa do ar e as grandes diferenças de temperatura dentro de um mesmo dia deverão prevalecer. Nesse cenário, deve ganhar consistência a procura por hidratantes, protetores labiais, produtos e medicamentos para o sistema respiratório, além de suplementos e vitaminas.
A volta de medicamentos de alto custo para diabetes, como o Xigduo e o Ozempic, para os PBMs, deve também contribuir para aumentar o tíquete. São produtos que estavam restritos a algumas grandes redes. “E para aumentar a rentabilidade sem atrelar necessariamente a descontos, os varejistas tendem a adotar estratégias como reposicionar os produtos de uso contínuo de forma a ampliar sua visibilidade”, projeta o consultor.