FDIC para farmácias pode ser saída para formar capital de giro
Modalidade de financiamento representa uma alternativa ao
aperto dos bancos na liberação de crédito e aos juros elevados
por Leandro Luize em


Em meio a um cenário de juros elevados e estrangulamento do crédito bancário tradicional, o Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) para farmácias desponta como opção de financiamento estratégica e acessível.
Com oferta de liquidez rápida, menor burocracia e transferência de risco, essa modalidade já mobiliza um patrimônio bilionário no Brasil. Segundo dados da Anbima e portais especializados, o patrimônio líquido dos FIDCs atingiu R$ 631,5 bilhões em 2024, o que representou um avanço de 41% em relação ao ano anterior. Também supera os fundos de ações no total de ativos em meados de 2025, alcançando R$ 687,4 bilhões
Estima-se que 3,3 mil fundos disponibilizam no país essa fonte de crédito, considerada ideal para empresas habituadas a vender a prazo – método comumente aplicado no varejo farmacêutico.
“O fato é que hoje há cerca de R$ 690 bilhões de capital à disposição, uma alternativa para o empresário que vai ao banco e enfrenta a cara feia dos gerentes”, comenta Ricardo Siqueira, sócio da Dynavolt Advisors, especializada em conectar empresas com o mercado de capitais.
Entenda a mecânica em torno do FIDC para farmácias
Um FIDC para farmácias funciona como uma securitização de recebíveis – duplicatas, boletos, cheques pré-datados e contratos. A empresa cede esses créditos ao fundo e acessa antecipadamente o valor com desconto.
Os investidores compram esses recebíveis e, posteriormente, viabilizam o pagamento ao longo do tempo, obtendo rendimento com os juros embutidos. Para as farmácias, isso significa transformar vendas parceladas ou contas a receber em capital imediato para estoque, melhorias ou expansão.
Benefícios diretos para as farmácias
- Liquidez imediata: há recebimento de capital sem a necessidade de recorrer a linhas bancárias tradicionais
- Redução do risco de inadimplência: ao ceder os créditos, o risco passa a ser do FIDC e não da empresa
- Menor custo de capital: muitas vezes mais vantajoso do que empréstimos bancários, especialmente quando a taxa Selic ultrapassa os 14% ao ano
- Flexibilidade na estruturação: é possível escolher quais recebíveis securitizar, adaptando a cessão às necessidades imediatas de fluxo de caixa
Desafios e requisitos para implantação
Implantar um FIDC exige volume mínimo de direitos creditórios e uma gestão financeira estruturada. A boa notícia é que fintechs e plataformas digitais vêm simplificando o acesso a essa estrutura, tornando viável até para pequenas e médias empresas do varejo. Mesmo assim, os custos podem incluir taxas de estruturação (3%‑5%), gestão (1,5%‑2% ao ano) e governança, o que demanda planejamento e recorrência.
“O ganho para a empresa não necessariamente pode estar na melhor taxa de juros, e sim na consolidação das dívidas, na flexibilidade em relação às garantias, além da disponibilidade de dinheiro para emprestar”, avalia Siqueira.