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Fosfoetanolamina, de volta e sob nova suspeita

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Dois dos sócios da Quality Medical Line, empresa que comercializa a fosfoetanolamina como suplemento alimentar, são ex-alunos de Gilberto Chierice, químico aposentado que liderou o desenvolvimento da fórmula sintética na USP de São Carlos, no início dos anos 1990, e tornou a substância conhecida como a “pílula do câncer”.
Ao lado do professor,  o oncologista Renato Meneguelo e o bioquímico Marcos Vinícius de Almeida sempre exaltaram benefícios da substância — Chierice distribuía mensalmente milhares de comprimidos a pacientes até 2013, quando se aposentou. Logo depois, a USP fechou o laboratório. O tema chegou a Brasília. Em 2016, o Congresso aprovou em 15 dias e a então presidente Dilma Rousseff, às vésperas de sofrer o impeachment, sancionou lei liberando a produção do composto e o uso por pessoas diagnosticadas com câncer.

A decisão não tinha base científica e contrariava recomendações dos ministérios da Saúde e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, da Academia Brasileira de Ciência e da Associação Médica Brasileira. A lei só não vingou porque foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Relatos de melhora de pacientes ajudaram a propagar queixas de que o veto à fabricação dos comprimidos atenderia a interesses da indústria farmacêutica. E a divulgação de testes em humanos, feitos pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, assim como exames laboratoriais encomendados pelo MCTI, aumentou a polêmica.

A situação fez surgirem milhares de liminares no país para obtenção da pílula e um laboratório de Cravinhos (SP) foi autorizado pela Justiça paulista a produzir a substância para atender a parte dos pedidos. Um menino de sete anos, morador de Farroupilha, na Serra, foi um dos que ganharam esse direito. A mãe, a copeira Izane Sotti, 39 anos, garante que o filho estava desenganado pelos médicos por causa de uma leucemia, mas se salvou em 2015 após 63 dias ingerindo fosfoetanolamina por orientação de Meneguelo. Izane suspendeu o tratamento convencional e segue dando o suplemento da Quality ao menino.

Em audiência no Senado, Almeida chamou de patifaria a sugestão de vender a substância como suplemento alimentar, apresentada pelo então ministro do MCTI, Celso Pansera. Tempos depois, o bioquímico mudou de ideia e, com seus sócios, lançou a fosfoetanolamina como suplemento alimentar.
O site da Quality traz a informação de que o produto tem a mesma formulação do estudado na USP, “adicionado de vitamina D e com síntese aperfeiçoada”. Questionado sobre o produto em entrevista recente, Chierice disse que o suplemento é diferente da sua pílula.

O GDI telefonou para a casa de Chierice em São Carlos e para o celular de um familiar, mas ele não foi localizado.

Contrapontos
O que dizem a Quality Medical Line e seus sócios:
Por que Marcos Vinícius de Almeida chamou de “patifaria” a proposta de lançar a fosfoetanolamina como suplemento e depois se associou à Quality para vender a substância justamente nesse formato?
“Marcos Vinícius se manifestou contra o lançamento de um suplemento que resultasse na interrupção das pesquisas para produção da fosfoetanolamina como medicamento. Como as pesquisas tiveram continuidade, os sócios da Quality decidiram lançar o suplemento (…). A Quality é favorável à continuidade dos estudos e pesquisas clínicas em andamento.”

Fonte: GaúchaZH

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