Indústrias farmacêuticas afirmam desconhecer preços abusivos por parte de distribuidores

Acompanhe as principais notícias do dia no nosso canal do Whatsapp

Em reunião da CPI dos Medicamentos realizada na tarde desta segunda-feira (30), representantes de duas fabricantes de medicamentos do chamado ‘kit intubação’, as indústrias Cristália e Eurofarma, prestaram esclarecimentos aos deputados e afirmaram desconhecer casos específicos de distribuidores que possam ter cobrado preços abusivos pelos produtos. Segundo eles, a venda direta da indústria para os hospitais aumentou significativamente no período, ao passo que a venda por distribuidores teve redução. Ainda conforme os representantes, existe um teto para os preços dos medicamentos que é definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).

Primeiro a depor, o diretor de Relações Institucionais da Cristália Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda., Odilon José da Costa Filho, fez uma breve apresentação da empresa, que este ano completa 50 anos, ‘100% brasileira, com sede em Itapira, no interior de São Paulo’. Contou que, com a pandemia, a demanda por medicamentos do kit intubação explodiu no Brasil e no mundo e que a produção, que era de 4 milhões de unidades ao ano, passou para 16 milhões. Disse que o grupo possuía um perfil diferenciado e produzia seus próprios insumos em 56%, quando, no Brasil, 95% deles eram importados.

Com o aumento da demanda e a necessidade de uma distribuição equilibrada, disse que houve necessidade de atendimento ‘hospital a hospital’, o que os levou a ampliar a venda direta de 60% para 80%. Lembrou que o setor era regulado e que a CMED determinava três níveis de preços: o de fábrica, o preço máximo de venda ao governo e o preço máximo ao consumidor.

O presidente da CPI, deputado dr. Thiago Duarte (DEM), perguntou como acontecia de um medicamento sofrer variação de até 10.000%, como o Midazolam, cuja ampola era vendida por R$ 2,00 antes da pandemia e depois chegou a R$ 199,00, e se a empresa tinha alguma normativa ética para conter essas situações. O diretor disse entender que, assim como a indústria, o distribuidor não podia vender acima do limite estabelecido pela CMED, uma vez que já comprava da indústria com desconto.

Também o médico e diretor-executivo da Eurofarma Laboratórios S.A., Walker Lahmann, iniciou sua fala com uma apresentação da empresa, estabelecida no Brasil há 50 anos, com operações em 20 países e mais de 7 mil funcionários. Disse terem sido bastante impactados pela pandemia, com aumento de 20 vezes na produção de alguns medicamentos, e que, no pico, precisaram lidar com a falta de matéria-prima, dificuldades de frete e afastamento de funcionários acometidos pela doença. Para a readequação das plantas industriais, foram investidos R$ 22 milhões, segundo ele, e contratados mais 500 funcionários.

Respondendo a pergunta do presidente, disse que o maior insumo utilizado pela empresa era o Ingrediente Farmacêutico Ativo, 100% importado, mas que os medicamentos eram todos feitos no Brasil. Quanto à proporção de vendas diretas e por distribuidores, exemplificou com o caso do Brometo de Rocurônio, que, em 2019, tinha 64% das vendas feitas por distribuidores e, em 2021, apenas 4%, sendo que o restante passou a ser negociado diretamente com clínicas e hospitais públicos e privados. Quantos aos preços, disse que, segundo orientação da Anvisa, o limite estabelecido pela CMED valia para a indústria e distribuidores, portanto, se cobrassem a mais, estariam infringindo a norma e poderiam ser descredenciados.

O presidente da CPI, dr. Thiago Duarte (DEM), disse que encaminharia às empresas denúncias de preços abusivos cobrados por distribuidores. Já os deputados Clair Kuhn (MDB) e Faisal Karam (PSDB) perguntaram sobre dificuldades enfrentadas, principais compradores, volumes de compras e prática de ‘venda casada’ de medicamentos.

Fonte: Redação Panorama Farmacêutico


Cadastre-se para receber os conteúdos também no WhatsApp  e no Telegram

Jornalismo de qualidade e independente
Panorama Farmacêutico tem o compromisso de disseminar notícias de relevância e credibilidade. Nossos conteúdos são abertos a todos mediante um cadastro gratuito, porque entendemos que a atualização de conhecimentos é uma necessidade de todos os profissionais ligados ao setor. Praticamos um jornalismo independente e nossas receitas são originárias, única e exclusivamente, do apoio dos anunciantes e parceiros. Obrigado por nos prestigiar!

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/biobalance-avanca-com-suplementos-em-grandes-redes/

Notícias Relacionadas