Interfarma celebra 35 anos de contribuição à inovação no Brasil
Evento, na Cinemateca Brasileira, ressaltou o trabalho incansável da entidade na realização de pesquisas clínicas para o desenvolvimento de terapias que salva vidas
por Ana Claudia Nagao em
e atualizado em


Fundada em 1990, a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) completa 35 anos de atuação em 2025. Para celebrar a data, a entidade reuniu executivos das indústrias associadas, em evento na Cinemateca Brasileira no último dia 10.
O presidente-executivo da entidade, Renato Porto, lembrou aos presentes a jornada contínua que une empresas, pesquisadores brasileiros e estrangeiros, no propósito de promover o desenvolvimento científico e econômico do país. “Nosso compromisso inabalável é assegurar que brasileiros e brasileiras tenham acesso aos tratamentos mais eficazes disponíveis globalmente, visando melhorar a qualidade de vida dos pacientes e contribuir para a sustentabilidade do sistema de saúde”, afirma.
“Para alcançar esse objetivo, o investimento contínuo em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias é fundamental. A inovação em saúde é um processo complexo, que demanda tempo, recursos e dedicação, mas é o único caminho para alcançarmos resultados verdadeiramente proveitosos para todos”, complementa.
Associadas da Interfarma na vanguarda dos tratamentos personalizados
O desenvolvimento de um novo medicamento demanda, em média, dez anos. Os laboratórios chegam a investir em 10 mil moléculas para que uma seja considerada capaz de assegurar segurança, eficácia e qualidade. “O ciclo da inovação em saúde é longo, custoso e cheio de incertezas. Mas, a ciência continua a avançar, e a Interfarma e suas empresas associadas estão na vanguarda da era dos tratamentos personalizados, da terapia gênica e celular”, ressalta o presidente-executivo.
Porto é enfático ao alertar que a inovação tecnológica é o único caminho para que os resultados verdadeiramente proveitosos sejam atingidos para todos. “Se conseguimos superar uma pandemia, foi graças à tenacidade dos pesquisadores, à excelência dos cientistas e a clara evidência da indústria, que permitiram o desenvolvimento de vacinas cada vez mais seguras, eficazes e no tempo correto. Se hoje a diabetes pode ser considerada uma doença controlável, é graças ao desenvolvimento de novas terapias que trazem qualidade de vida para os pacientes”, exemplifica.
Outro exemplo é a redução da transmissão de HIV de mãe para filho, a chamada transmissão vertical, que só foi possível por conta do trabalho incansável de cientistas e profissionais de saúde, amparados por políticas públicas eficientes.
“Se o Brasil está conseguindo reduzir progressivamente essa taxa de mortalidade, é em função da perseverança de quem investe na inovação. Mas não podemos cruzar os braços e descansar, uma vez que o país ainda perde muito por não tratar adequadamente sete doenças, entre elas câncer, enxaqueca e problemas cardiovasculares”, alerta Porto.
De 2018 a 2022, o Brasil teve perdas de US$ 350 bilhões (R$ 1,9 trilhões) em produtividade em decorrência dessas patologias. “Isso mostra que a inovação em saúde precisa ser compreendida como parte essencial do desenvolvimento social e econômico de uma nação. É um bem coletivo. Todos os envolvidos têm responsabilidade na criação e na manutenção das condições para assegurar que ela chegue a quem mais importa, o paciente”, finaliza.
Articulação entre os diferentes atores do sistema
A presidente da Johnson & Johnson Innovative Medicine e presidente do Conselho da Interfarma, Amanda Spina, enfatizou o papel da entidade para que os medicamentos cheguem de uma maneira rápida aos pacientes. “E só conseguimos cumprir esse papel por meio da articulação entre os diferentes atores do sistema. Para superar esses desafios, é essencial a ampliação do diálogo e garantir que indústria, governo, academia e sociedade civil estejam de fato conversando e criando políticas públicas que favoreçam essa iniciativa”, explica.

Segundo ela, é fundamental também que haja um ambiente de segurança jurídica e previsibilidade, para encurtar o caminho de desenvolvimento de um novo medicamento e o acesso ao paciente.
Evento da Interfarma teve apresentação de Drauzio Varella
Um dos pontos altos do evento foi a apresentação especial do médico oncologista Drauzio Varella, que ressaltou a importância da atenção primária para equilibrar os gastos com saúde. Ele também falou de como a tecnologia tem revolucionado a medicina, desde a finalização do Projeto Genoma Humano.
“Passamos a fazer uma medicina de precisão no tratamento das doenças. Não ficamos mais testando ao acaso as drogas. Quando uma molécula chega na fase de testes clínicos, que necessita ser mulicêntrico e prospectivo, ao ser aprovada é evidente que chega a um custo alto. A sociedade exige medicações seguras e isso demanda altos investimentos”, afirma.
Para Varella, o equilíbrio da saúde para incorporação de um medicamento inovador se dá em gastar menos no atendimento médico, não esbanjar dinheiro ou pedir exames desnecessários. “Não podemos deixar que isso venha sobrecarregar o SUS, nem a saúde suplementar, porque aí sobrará mais recursos para a adoção de moléculas capazes de mudar o percurso de uma enfermidade”, ressalta.
O ponto alto da celebração foi a apresentação de uma parte da webserie “Nossa história é feira de muitas histórias”, que contou com depoimentos de pacientes e de executivos do mercado, abordando temas sobre propriedade intelectual, patentes farmacêuticas, superação e acesso a terapias inovadoras.