Jejum intermitente pode causar problemas de fertilidade

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Jejum intermitente

As dietas de jejum intermitente, que se baseiam na restrição de tempo na ingestão de alimentos, viraram moda para quem busca o emagrecimento, mas vêm sendo questionadas por alguns estudos. Agora, um trabalho de uma universidade inglesa, publicado no começo de abril, alertou que esse tipo de dieta pode prejudicar a fertilidade.

“A maneira como os organismos respondem à escassez de alimentos pode afetar a qualidade dos óvulos e espermatozoides, e esses efeitos podem continuar após o fim do período de jejum. Por isso, os profissionais de saúde devem considerar não apenas o efeito do jejum no peso e na saúde, mas também na fertilidade”, alerta Rodrigo Rosa, médico especialista em reprodução humana. Apesar do estudo ter sido feito em peixes, os autores argumentam que as descobertas devem servir de alerta para a população.

Segundo a médica nutróloga Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), vários regimes de restrição de ingestão calórica intermitente ganharam popularidade nos últimos anos como estratégias para alcançar a perda de peso. “Os protocolos de jejum envolvem períodos recorrentes com pouca ou nenhuma ingestão de energia (por exemplo, 12 a 72 h), alternados com períodos intermediários de ingestão de alimentos.

O principal ponto negativo é a dificuldade na manutenção dos resultados, se não houver mudança de hábitos alimentares. Outra limitação é a aderência aos protocolos, por causa de preferências pessoais relacionadas aos períodos de refeições, à prática de atividade física, ao convívio social e familiar. Enfim, o jejum intermitente nunca deve ser feito sem orientação e avaliação médica prévia, pois não são todas as pessoas que podem ou conseguem seguir os protocolos”, acrescenta a especialista.

Jejum intermitente afetou reprodução de peixes

No estudo, o jejum com restrição de tempo afetou a reprodução de peixes-zebra machos e fêmeas. Os efeitos negativos na qualidade dos óvulos e espermatozóides foram vistos mesmo depois que os peixes retornaram aos seus níveis normais de consumo de alimentos, segundo a pesquisa. A equipe  estudou o peixe-zebra para descobrir o que acontece quando os indivíduos são expostos a alimentos durante e após um período de jejum. Eles mediram como machos e fêmeas alocam recursos para a manutenção do corpo versus produção e manutenção de esperma e óvulos, e a qualidade da prole resultante.

Essa não é a primeira vez que um estudo levanta a hipótese de um malefício do jejum na fertilidade. Um estudo do ano passado identificou que o jejum diminui os andrógenos entre os homens, o que pode afetar negativamente a saúde metabólica e a libido.

“Os dados em humanos ainda são limitados. Mais pesquisas são necessárias nessa área para entender a possível relação, mas os profissionais habilitados para o acompanhamento de recomendações dietéticas devem levar sempre em consideração o quesito fertilidade, uma vez que muitos nutrientes estão envolvidos com a melhora da qualidade dos gametas e, em dietas restritivas, eles tendem a ser ingeridos em quantidades insuficientes”, finaliza o médico.

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