Saiba como verificar se o álcool gel utilizado é confiável

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Item sempre presente no cotidiano da população brasileira desde 2020, o álcool gel é fundamental no combate ao contágio do novo coronavírus (Sars-CoV-2). Com o avanço de casos no Ceará e Brasil afora, a recomendação é manter os cuidados, tanto no uso pessoal do produto como em espaços externos. Dessa forma, garantir o uso de um álcool gel de procedência verificada auxilia no processo de proteção contra o vírus.

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Gustavo Braz, empresário do setor da indústria e fundador da marca Protect Álcool, informa que, no momento da aquisição do produto, é necessário averiguar se ele possui as certificações da Anvisa e do Inmetro. Assim, é possível garantir que aquele produto foi testado e possui eficácia comprovada.

“Desde o ano passado, na pandemia, apareceram no mercado muitas indústrias no segmento de álcool e derivados para o combate ao coronavírus e algumas delas sem registro junto a Anvisa e sem o selo de qualidade do Inmetro para assim garantir a qualidade ao consumidor. Um dos pontos essências de qualidade do Protect Álcool é seu registro a Anvisa e o selo de qualidade do Inmetro, além do uso do carbopol 940 (carbômero 940), produto essencial para a viscosidade do álcool em gel.”

CUIDADOS NOS NEGÓCIOS

Em relação aos estabelecimentos comerciais, Gustavo reforça que os gestores desses locais precisam se atentar em adquirir produtos de qualidade, seja na variedade de álcool em gel ou líquido, desde que possua a garantia de ser 70%. Dessa forma, será suficiente para eliminar o vírus da superfície em que for aplicado.

Na gama de produtos da Protect Álcool, que está no mercado desde o início da pandemia no Brasil, em 2020, Gustavo pontua que a empresa possui várias opções, como em formato de bisnaga e sachê, o que leva praticidade para os usuários.

“No momento onde enfrentamos uma crise financeira não só no Estado do Ceará, mas em todo o território brasileiro, a criação e o desenvolvimento de uma empresa e uma marca como a Protect Álcool traz empregos, renda e cria a perspectiva de rentabilidade para a classe trabalhadora, gerando, assim, acréscimo a economia do Estado e de uma empresa regional. A Protect Álcool se encontra hoje como uma das marcas mais consumidas pelo cearense, tendo destaque não só na Capital, assim como em todo o Ceará.”

“Agora, mais uma vez em lockdown, se torna essencial a utilização do álcool em gel e álcool líquido, porque nem todo lugar temos água e sabão para lavar as mãos.”

No caso do produto fabricado pela Protect Álcool, Gustavo comenta que há a possibilidade de customização da embalagem com a marca de um cliente.

Fonte: Diário do Nordeste

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Antimicrobianos: tudo o que você precisa saber!

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Antimicrobianos – Considerando o novo protocolo do Ministério da Saúde, é importante lembrar que o farmacêutico tem papel fundamental na garantia do uso racional de antimicrobianos, uma vez que esses fármacos também são largamente prescritos. É necessário observar principalmente os requisitos contidos na RDC nº 20, de 05 de maio de 2011, que regulamenta o controle de medicamentos à base de substâncias classificadas como antimicrobianas, de uso sob prescrição, isoladas ou em associações.

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Resolução CFF nº 542, de 19 de janeiro de 2011 dispõe sobre as atribuições do farmacêutico na dispensação e no controle de antimicrobianos, cabendo ao profissional explicar de forma clara e detalhada ao paciente o benefício e os cuidados do tratamento. O farmacêutico deve se certificar de que o paciente não apresenta dúvidas como:

I – motivos da prescrição, contraindicações e precauções;

II – posologia (dose, dose, forma farmacêutica, técnica, via e horários de administração);

III – modo de ação;

IV – reações adversas e interações;

V – duração do tratamento;

VI – condições de conservação, guarda e descarte.

Prescrição

A prescrição de medicamentos antimicrobianos deve ser realizada em receituário privativo do prescritor ou do estabelecimento de saúde, sem modelo específico, podendo inclusive ser em receita comum desde que possua os seguintes dados obrigatórios:

I – identificação do paciente: nome completo, idade e sexo;

II – nome do medicamento ou da substância prescrita sob a forma de Denominação Comum Brasileira (DCB), dose ou concentração, forma farmacêutica, posologia e quantidade (em algarismos arábicos);

III – identificação do emitente: nome do profissional com sua inscrição no Conselho Regional ou nome da instituição, endereço completo, telefone, assinatura e marcação gráfica (carimbo);

IV – data da emissão.

Nota 1: a prescrição, legível e sem rasuras, deve ser apresentada em duas vias (sendo a primeira via devolvida ao paciente e segunda retida no estabelecimento farmacêutico).

Nota 2: segundo a Nota Técnica da Anvisa de 24 de setembro de 2013, produtos à base de neomicina ou neomicina associada com bacitracina (com indicação terapêutica para infecções de pele) são enquadrados como medicamentos isentos de prescrição médica, não sendo necessária a retenção de receita e escrituração da movimentação no SNGPC nesses casos. A neomicina quando associada a outros fármacos, como os glicocorticoides, fica sujeita à prescrição médica (devido à presença do glicocorticoide e não por causa da neomicina) e dispensada de retenção e escrituração.

Nota 3: possibilidade de atendimento mediante prescrição eletrônica, conforme Nota Técnica nº 31/2020/ SEI/GPCON/DIRE5/Anvisa.

A receita pode conter a prescrição de outras categorias de medicamentos desde que não sejam sujeitos a controle especial.

Validade da receita

A receita contendo antimicrobianos é válida por 10 dias, contados a partir da data de emissão, em todo o território nacional. Quando do atendimento de prescrições de outras unidades federativas não há necessidade da apresentação da receita para averiguação da autoridade sanitária.

Período de tratamento

A farmácia deve atender essencialmente ao que foi prescrito, dispensando a quantidade exata para o tratamento requerido. Em situações de tratamento prolongado, a receita (que deve conter a indicação de “uso prolongado” e indicação do período de tratamento) pode ser utilizada para aquisições posteriores dentro de um período de até 90 dias contados da data de emissão. O atendimento pode ser realizado na sua totalidade (quantidade para 90 dias) ou parcial (quantidade suficiente para 30 dias no mínimo). Neste último caso, a cada atendimento o farmacêutico registra a quantidade dispensada na via da receita a ser devolvida ao paciente.

Veja detalhes na nota técnica da Anvisa sobre a Resolução RDC nº 20/2011.

Lista de antimicrobianos

Na RDC nº 174/2017 há a relação atualizada dos insumos antimicrobianos sob controle.

Manipulação

Conforme Resolução RDC nº 67/2007, atualizada pela RDC nº 21/2009, a manipulação de antibióticos deve ocorrer em cabines e o farmacêutico deve obedecer aos requisitos do Regulamento Técnico e dos anexos I e III.

A permissão para essa manipulação deve constar na licença sanitária emitida pela autoridade sanitária após verificação do cumprimento das boas práticas de manipulação. Não é exigida Autorização Especial (AE) para manipulação de antimicrobianos – aplicável somente para a manipulação de substâncias sujeitas a controle especial da Portaria SVS/MS nº 344/1998.

Nota 4: para o descarte de antimicrobianos também não é exigido termo prévio de inutilização pela autoridade sanitária, devendo esses insumos serem descartados conforme definido no PGRSS.

Escrituração no SNGPC

Com exceção da neomicina (uso tópico), a movimentação de todos os antimicrobianos listados na RDC nº 174/2017 (uso interno ou uso externo) devem ser registrados no sistema informatizado ou livro específico e escriturados no SNGPC (RDC nº 22, de 29 de abril de 2014)

Nota 5: o SNGPC também está preparado para receber escriturações de receitas prescritas por médicos veterinários, para os quais não devem ser informados dados de idade e sexo do paciente.

Fonte: Anfarmag

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Farmacêutico clínico: 4 condutas fundamentais para a atuação

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Entre outras atividades, o farmacêutico clínico realiza acompanhamento farmacoterapêutico e faz a revisão da farmacoterapia. No Brasil, desde 2014 sua presença é obrigatória em qualquer farmácia, por conta da lei federal 13.021, que conceitua o local como estabelecimento de saúde.

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Mas a atuação não se restringe às farmácias. A demanda por especialistas em farmácia clínica é crescente em hospitais, clínicas e centros de pesquisa. Cabe ao farmacêutico a responsabilidade de realizar anamnese e avaliação farmacêutica, desenvolvendo condutas para promoção e recuperação da saúde dos pacientes.

Nesses ambientes, eles desenvolvem diversas funções. Entre elas: conduzir o plano de cuidado farmacêutico; orientar e estabelecer a administração de fármacos; fazer controle da adesão e adaptação do paciente ao tratamento; pesquisar, comparar e avaliar o desempenho dos medicamentos; realizar estudos epidemiológicos e sobre o uso racional dos fármacos; ou então integrar comitês de ética em pesquisa.

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Demanda e pré-requisitos do farmacêutico clínico

Além da graduação em Farmácia, o farmacêutico clinico precisa ter especialização em farmácia clínica. Exige-se também capacidade multidisciplinar, já que o profissional utiliza conhecimentos de fisiologia humana, farmacologia, patologia e farmacoterapia – entre outros.

Fluência em inglês e outros idiomas, como alemão e espanhol, facilita a rotina do farmacêutico clínico, que com frequência realizará leituras extremamente técnicas. A atualização também garante excelência profissional, seja para prescrever e lidar com o paciente quanto para realizar estudos.

Confira a seguir condutas essências na farmácia clínica:

  1. Atenção total ao paciente
    Mesmo entre os farmacêuticos clínicos que trabalham fora de farmácias e hospitais, o foco no paciente garante bem-estar e segurança em todas as etapas – desde as pesquisas iniciais sobre um medicamento até a prescrição final.
  2. Perfil multidisciplinar
    Capacidade de clínica e conhecimento de gestão não são mais diferenciais; são requisitos básicos. Por isso, espera-se dos especialistas em farmácia clínica senso crítico durante os processos de trabalho, visão sistêmica do quadro dos pacientes e competência para lidar com crises.
  3. Embasamento técnico
    O profissional deve buscar conhecimento de maneira sistemática, a fim de se tornar um agente de saúde competente. Além disso, empatia e preocupação com o paciente ajudam na comunicação. A prática é a chave para o aprendizado e, consequentemente, para o desenvolvimento profissional. Uma especialização que ofereça a aulas práticas pode propor ao aluno as mais diversas situações profissionais (clínicas ou não) em um ambiente controlado, preparando-o para reagir de maneira adequada aos mais diversos cenários.
  4. Capacidade de liderança
    No dia a dia, o farmacêutico clínico precisa tomar uma série de decisões que influenciam sobremaneira a vida do paciente. Por isso, inteligência emocional, maturidade profissional e capacidade de liderança são fundamentais na hora de tomar decisões.  

Fonte: Secad

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Farmácia Clínica. Qual a importância?

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Na busca continua pela excelência em atendimento, o Hospital Novo Atibaia oferece aos seus pacientes o serviço de Farmácia Clínica, que demonstra resultados expressivos na prevenção de eventos adversos e na garantia da qualidade de prestação de serviços de saúde.

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Os principais objetivos dessa área, são promover a utilização correta e adequada dos medicamentos e minimizar o risco de efeitos adversos induzidos por um tratamento.

Os conceitos de Farmácia Clínica já são utilizados há anos em países da Europa e EUA, e vem ganhando destaque no Brasil, principalmente na última década. O HNA é uma das únicas instituições da região Bragantina a oferecer esse serviço, nos colocando em uma posição privilegiada ao lado de grandes hospitais de São Paulo.

Fonte: Hospital Novo

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Fármacos e a indústria farmacêutica no Brasil

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Para discutir as diversas questões envolvidas, a Academia Brasileira de Ciências convidou o Acadêmico Jorge Guimarães, presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii); o Acadêmico e vice-presidente da ABC para a região Sul, João Batista Calixto, diretor do Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (CIEnP); e o médico infectologista Esper Kallas, professor titular do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

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Falta investimento da indústria farmacêutica brasileira em biofármacos

Médico veterinário e bioquímico, Jorge Guimarães é professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atua no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, como professor, pesquisador e coordenador do Laboratório Temático de Bioquímica Farmacológica.

Ele destacou que o Brasil é um dos maiores mercados do mundo para medicamentos e que a indústria farmacêutica no Brasil é um setor capitalizado, que tem sido estimulado financeiramente por vários anos, pelo BNDES, Finep e pelos incentivos da Lei do Bem. O setor é ocupado por grande número de empresas de capital nacional e cerca de 50 multinacionais. Dez indústrias nacionais disputam o mercado em pé de igualdade com as multinacionais.

“Mas há um grande gargalo, que é a dependência do setor de importação de fármaco-químicos, os princípios ativos para produzir os medicamentos”, relatou o Acadêmico. “Esse gargalo gera um elevado déficit na balança de pagamentos.”

Os apoios recebidos do governo estimularam reconhecidos avanços na produção de medicamentos, principalmente nos genéricos, mas não houve equivalente avanço na inovação, especialmente na área de biofármacos. Essa área, que gera custos elevadíssimos para o SUS, não foi priorizada pela indústria brasileira, nem mesmo pelos sucessivos governos. “Houve um grande erro estratégico”, avaliou Guimarães.

Jorge Guimarães, que presidiu a Capes por onze anos, mostrou como a Embrapii vem apoiando a indústria desde sua criação, há seis anos.

“A maior parte da nossa indústria não tem centros de pesquisa e desenvolvimento. O papel da Embrapii é fazer uma ponte entre as Unidades Embrapii, que são laboratórios de pesquisa das universidades e de outros institutos de ciência e tecnologia, e as indústrias, com foco no desenvolvimento de produtos e processos”, explicou.

Nesse período, já apoia 920 projetos e tem 630 empresas parceiras. A Embrapii financia até um terço do valor de cada projeto, com recursos não reembolsáveis provenientes do Contrato de Gestão que mantém com o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC), o Ministério da Educação (MEC) e o Ministério da Saúde (MS).

“Os projetos estão funcionando muito bem, atraindo empresas de todos os setores, inclusive as de grande porte, como a Siemens, Toshiba, Petrobras e Embraer. Mas a gente não vê a indústria farmacêutica presente nessas iniciativas.” Guimarães diz que apenas a Aché e a Eurofarma, dentre a enorme quantidade de empresas farmacêuticas que temos no Brasil, atuam com a Embrapii.

Nesses últimos dois meses, a empresa abriu uma linha de financiamento exclusivamente para projetos relativos à COVID-19. Foram selecionados 40 projetos, nas áreas de monitoramento de pacientes, desenvolvimento de sanitizantes, de equipamentos de suporte para hospitais projetos de kits diagnósticos e apenas dois projetos envolvendo fármacos e biofármacos. “De novo, não vemos a indústria farmacêutica presente numa crise desse tamanho que estamos vivendo agora”, apontou Guimarães.

A área de pesquisa biomédica brasileira, em sua avaliação, dispõe de excelentes grupos de pesquisa que podem dar suporte a uma política de desenvolvimento de tais produtos, inclusive vacinas. E Guimarães alerta: depois da COVID-19 vamos enfrentar um quadro perigoso. “Os países que não estiverem preparados para novas pandemias vão estar em situação muito difícil.

Há muitos vírus candidatos a se tornarem novos coronavírus, assim como as super bactérias, na medida em que antibióticos vêm sendo cada vez mais usados, com menos eficiência. Os medicamentos têm que ser produzidos no próprio país. Esse é o grande desafio que temos no Brasil e, em especial, nos biofármacos. Temos 20% da biodiversidade do mundo, que precisa ser utilizada em benefício do país.”

Medicamento é questão de segurança nacional

João Batista Calixto é professor titular aposentado de Farmacologia da UFSC e trabalha há mais de 30 anos em parceria com as principais indústrias farmacêuticas nacionais e internacionais. Ele apontou três premissas básicas para qualquer processo de inovação tecnológica, em especial para a indústria farmacêutica.

A primeira delas, que é muito discutida, mas pouco compreendida, na percepção de Calixto: não há desenvolvimento tecnológico de ponta possível sem ciência básica de igual qualidade. “Não dá pra pular a etapa da ciência básica e querer inovar. Em medicamentos, isso certamente não é possível”, afirmou o Acadêmico.

A segunda premissa é achar que quem tem ciência e conhecimento garante o monopólio da inovação industrial. “Estamos sentindo na pele agora como o Brasil é dependente da China, sobretudo, e que não basta ter dinheiro para comprar os produtos necessários, se eles não estão disponíveis para muitos países.”

E a terceira premissa, ressaltada por Calixto, é que o conhecimento científico, em todo o mundo, é gerado nas universidades e nos institutos de pesquisa, mas a inovação ocorre nas indústrias. “Aqui temos essa situação complicada de não haver a ligação entre as instituições que fazem pesquisa e as empresas inovadoras”, apontou.

E é essa lacuna, que a Embrapii preenche como pode, que tem que estar no foco dos formuladores de políticas públicas brasileiros. Calixto destaca que é essencial uma mudança na política da ciência e tecnologia no Brasil.

Calixto salientou que o Brasil depende 90% de importação dos medicamentos acabados e dos princípios ativos que são fabricados na China e na Índia, principalmente. “Se a crise se estender nesses países, dificilmente nós teremos acesso a medicamentos de primeira linha, o que vai agravar enormemente a situação no Brasil.  A falta de produtos pode matar tanto quando a pandemia da COVID-19”, alertou.

O problema do Brasil, em sua visão, é que embora seja a 8ª economia do mundo, esteja em 14º lugar na produção científica mundial e detenha cerca de 2,7% dessa produção, o país não conseguiu transformar esse conhecimento em inovação. “Nosso percentual das exportações mundiais baseadas em commodities é de apenas 1% – e se deve quase totalmente à Embrapa, que modernizou o sistema da agroindústria no Brasil. Tudo que nós exportamos vem da natureza, principalmente minérios, grãos e carne”, relatou o webinarista.

Ele valoriza o sucesso do Brasil na exploração de petróleo em águas profundas, na produção de aviões e lista outros exemplos de parcerias bem-sucedidas com universidades, mas ressalta que os números relativos a essas ações estão muito abaixo do que seria esperado de um país com a pujança na formação de recursos humanos e nas publicações científicas como o nosso.

“Medir a inovação é difícil”, ele afirma. Mas diz que a referência mais utilizada no mundo é o número de aprovação de patentes pelo USPTC. Apresentou, então, dados de 2014, que não mudaram muito, pelo menos a nosso favor, desde então. “A Coreia estava em 4º lugar no mundo, tendo registrado 16 mil patentes.

Taiwan estava em 5º lugar e aprovou 11 mil patentes em 2014. A China registou 3 mil patentes e estava em 11º lugar. Já o Brasil registrou apenas 334 patentes e ficou em 26º lugar naquele ano. Precisamos corrigir essa contradição, ao menos pela necessidade de reduzirmos a importação de insumos farmacêuticos.”

O processo para chegar a um medicamento, segundo Calixto, é longo e caro, e tem baixo sucesso em todas as etapas do processo. “Desde o início da pesquisa básica até o lançamento de um produto, leva aí uns dez anos. Poucos países conseguem cumprir todas as etapas, mas cumprir algumas das etapas é mais fácil e pode diminuir a dependência. Um produto aprovado paga todo o processo – e por isso os medicamentos são cada vez mais caros”, explicou.

O Acadêmico apresentou algumas sugestões, dentre as quais o estabelecimento de um projeto governamental estratégico de Estado para apoiar a pesquisa básica de alta qualidade para inovação tecnológica, priorizando as empresas inovadoras startups. Também incluiu esforços de curto prazo para melhorar o nível de nossas publicações científicas, com foco em ciência translacional, ou seja, aquela que transforma conhecimento em inovação. “E é preciso promover mudanças no atual sistema de treinamento de recursos humanos na pós-graduação, de modo a formarmos pessoas com a cabeça aberta para a inovação.”

Outra recomendação que Calixto reforçou foi a aprovação de leis que facilitem aos pesquisadores e empresas ter acesso ao conhecimento genético de nossa biodiversidade para fins científicos e inovação tecnológica. “E de leis que estimulem a participação do setor privado em parcerias com universidades e institutos de pesquisa para o avanço da inovação tecnológica de elevado risco. Tem que haver mais investimento e comprometimento com o país.”

Ciência oferece boas perspectivas de tratamento, ainda em fase de pesquisa

Esper Kallas comentou a grande evolução no tratamento farmacológico da COVID-19, revendo as intervenções farmacológicas promovidas até o momento, incluindo antivirais e uso de anticorpos no tratamento da doença. Também abordou aspectos importantes da pesquisa clínica no Brasil.

Ele apresentou a estrutura genética do novo coronavírus, o SARS-CoV-2, e explicou que a doença é caracterizada por uma dicotomia. A maior parte das pessoas contaminadas desenvolve uma resposta imune e essa defesa acontece muitas vezes sem o aparecimento de sintomas.

Porém, um número menor de pessoas, que concentra pessoas mais idosas e com outras comorbidades, pode desenvolver um quadro grave. “Há produção de grande número de partículas virais, o que provoca um processo inflamatório muito mais intenso na segunda fase da doença”, explicou o médico.

Kallas esclareceu que, por isso, se considera que há mais de uma doença e elas vão se acumulando. Ele relata que, nos primeiros sete dias, a COVID-19 pode parecer uma doença viral banal, com febre, mal estar, tosse e em muitas das pessoas acometidas, os sintomas passam sozinhos. “Mas há pessoas que entram na segunda fase, a chamada fase pulmonar, com comprometimento inflamatório e com insuficiência respiratória. Muitos vão para a ventilação assistida e alguns passam para uma terceira fase, onde há um processo cicatricial que pode acabar levando à fibrose pulmonar, com comprometimento muito significativo da função respiratória”, resumiu o especialista.

Com relação aos tratamentos, o caminho mais imediato envolve o desenvolvimento de medicamentos que bloqueiem a replicação do vírus, os antivirais. Kallas explica que esses produtos podem ser úteis na primeira fase. Hoje, o medicamento com ação antiviral direta mais conhecido é a cloroquina.  Infelizmente, os estudos mundiais verificaram um efeito positivo pequeno e sinais de malefícios significativos em pacientes em fase aguda.

“No Brasil há pelo menos 14 estudos com cloroquina e, no mundo, mais de 60. Acreditamos que em breve teremos resultados mais consistentes”, observou Kallas.

Ainda no campo dos antivirais, o médico relatou que há também estudos em desenvolvimento em diversos países com o favipiravir, o remdesivir e o arbidol (umifenovir),que até agora também apresentaram resultados parciais modestos, e o galidesivir, que ainda não apresentou resultados.

Kallas informou que as combinações lopinapir/ritonavir e atazanavir/ritonavir não apresentaram bons resultados nos estudos. Ainda estão tendo seus mecanismos investigados a ivermectina e a nitazoanida. Outras combinações de antivirais, como é feito no coquetel contra o HIV, estão sendo pesquisadaos.

Ciência oferece outras linhas de tratamento promissoras

Esper Kallas referiu-se a um artigo do Acadêmico Paulo Saldiva e colegas, que observaram grande presença de trombos nos pulmões de pessoas que morreram de COVID-19. Alguns grupos de pesquisa, como o da Acadêmica Helena Nader, na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), estudam o uso de anticoagulantes, como a heparina, para evitar as tromboses.

 “Um estudo nos EUA já mostrou que a sobrevida das pessoas contaminadas e tratadas com anticoagulantes é maior e melhor, então esse parece ser um caminho promissor no tratamento da COVID-19”, apontou o webinarista.

As condutas adotadas para o tratamento da doença, portanto, variam. Em muitos centros, é feita profilaxia para todos os pacientes com doença moderada, mas não há unanimidade sobre o protocolo, assim como há discussões sobre os critérios para a anticoagulação terapêutica.

Outra dimensão é o tratamento do processo inflamatório que acontece depois da infecção viral. Segundo Kallas, há vários remédios com este foco que estão sendo estudados, como corticoides, que indicam algum benefício, e do uso de inibidores de anti-interleucina 6, como outras estratégias para diminuir o processo inflamatório.

O impedimento da ligação do vírus à célula humana é outra ação estudada. Para dar anticorpos já formados aos pacientes, há duas estratégias principais sendo estudadas. Uma é a utilização de plasma convalescente. Nesse procedimento, identifica-se pessoas que tiveram COVID-19 e verifica-se se elas têm anticorpos circulantes.

Em caso positivo, coleta-se o plasma, que é injetado em pessoas com a doença. Segundo Kallas, essa estratégia não é nova, foi usada pelo primeiro Prêmio Nobel de Medicina, contra difteria, quando foi eficiente. “E pode ser eficaz também no caso da COVID-19, vários estudos nesse sentido estão sendo desenvolvidos no Brasil.”

Também em fase de pesquisa, o uso de anticorpos monoclonais neutralizantes é outra forma para que pacientes recebam anticorpos já formados. Um estudo holandês in vitro, ou seja, em laboratório, com hamsters, foi publicado no dia do webinário e apresentou resultados positivos.

Para o tratamento de pacientes que estão internados em UTIs, em estado mais grave, com ventilação mecânica prolongada, está sendo estudado o uso de células tronco mesenquimais para restabelecer um processo de cicatrização mais saudável para o hospedeiro. A ideia é reverter os casos mais grave, que envolvem fibrose pulmonar. Três estudos brasileiros estão sendo desenvolvidos com empresas brasileiras nesse sentido, de acordo com o médico.

A despeito de todas as tentativas de tratamento, a “saída de ouro”, na visão de Kallas, será o desenvolvimento de uma vacina. Já existem pelo menos oito vacinas candidatas, em fase 1 de testagem.

“Deveria ser prioridade para nós, aqui no Brasil, desenvolver ao menos a parte clínica em parceria com as empresas produtoras de vacinas do país, porque é a forma de se induzir a imunidade de rebanho de forma artificial. Há grupos brasileiros envolvidos no desenvolvimento de vacinas, que estão ainda em fase pré-clínica, mas que devem ser estimulados, porque essa é a única forma de sairmos dessa confusão”, concluiu o pesquisador.

Fonte: ABC

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Como é feita a produção de álcool 70% em gel?

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A produção de álcool em gel está em alta no mundo. Em função da pandemia da COVID-19, esta é uma das formas de prevenção da infecção gerada pelo vírus SARS-CoV-2. Entretanto, há vários detalhes que devem ser conhecidos antes de se preparar álcool em gel e, como veremos neste texto, esta produção deve ser feita sob a supervisão de um responsável técnico.

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Primeiramente, há uma confusão generalizada sobre o grau alcoólico ou título alcoométrico. Qual é a unidade de concentração, ºGL ou ºINPM, a ser usada? O símbolo ºGL é a sigla de “Gay-Lussac”, e está associado à porcentagem em volume (v/v), ou seja, o volume de etanol puro em 100 mL de mistura aquosa disponível no comércio.

Já INPM é a sigla de Instituto Nacional de Pesos e Medidas. A unidade INPM relaciona-se à % em massa (m/m), ou seja, corresponde à massa de etanol puro em 100 g de mistura hidroalcoólica.

A porcentagem em volume recomendada para o álcool líquido ou em gel usado como antisséptico é de 77% (v/v) ou 77 ºGL. Já a porcentagem INPM (ou m/m) é de 70%. Há, portanto, uma grande diferença no título (porcentagem) em massa ou volume. Em vista desta diferença, é muito comum que produtos com concentração de etanol inferior à recomendada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) sejam disponibilizados comercialmente.

Para a produção do álcool em gel, além do etanol deve-se utilizar como excipientes (veículos para o princípio ativo) água, espessante e, facultativamente, peróxido de hidrogênio e glicerol como aditivos. A água deve ser purificada por processos de osmose reversa, destilação ou deionização, atendendo assim um critério de qualidade mínima.

O etanol utilizado deve seguir as características do Formulário Nacional[1] em termos de composição química e limite de contaminantes como benzeno, acetaldeído e metanol. Ressalta-se que o álcool combustível anidro não deve ser utilizado para a produção de álcool em gel, pois contém, além de corantes, aditivos como os desnaturantes (substâncias que alteram o sabor para torná-lo desagradável ao paladar), entre os quais estão o metanol, o acetaldeído, o benzoato de denatônio e a gasolina.

Todos estes contaminantes tornam o álcool combustível um produto impróprio para o uso em bebidas e extremamente danoso quando em contato com a pele.

O etanol utilizado como insumo para a produção de álcool em gel deve ter o seu grau alcoólico determinado utilizando-se um alcoômetro de Gay-Lussac, em uma temperatura conhecida. Segundo a Farmacopeia Brasileira,[2] a porcentagem de etanol (v/v) deve ser medida na temperatura de 15 ºC. Quando a medição não ocorre a 15 ºC, o valor deve ser convertido à temperatura de referência utilizando-se a Tábua da Força Real dos Líquidos Espirituosos da Farmacopeia Brasileira.[2]

Uma vez determinado o título alcoométrico a 15ºC, procede-se à diluição do etanol com água purificada. A glicerina é adicionada à fase alcoólica, antes da mistura com água. A concentração de glicerina nas formulações é de até 2% (v/v), e a concentração sugerida pela Farmacopeia Brasileira é de 1,45% (v/v). É possível também adicionar peróxido de hidrogênio à fase etanólica para atingir a concentração final de 0,125% (v/v).

Tanto o glicerol como o peróxido de hidrogênio não são obrigatórios; entretanto, o glicerol funciona como um bom umectante, reduzindo o ressecamento da pele, enquanto o peróxido de hidrogênio atua como desinfetante e esterilizante.

Para que se obtenha a consistência de gel, há dois grupos de agentes espessantes usualmente empregados. Os mais utilizados são os polímeros acrílicos, dos quais o Carbopol® é o mais conhecido, e os polímeros derivados de celulose, como a hidroxietilcelulose (HEC) e, mais recentemente, a hidroxipropilmetilcelulose (HPMC). No caso dos espessantes acrílicos, são utilizadas concentrações de 0,5 a 12% (m/m), dependendo do fabricante.

O polímero acrílico é adicionado à água com agitação e, posteriormente, adiciona-se o etanol contendo glicerol e peróxido de hidrogênio, quando desejável. As soluções assim obtidas devem então ser neutralizadas (com trietanolamina ou solução aquosa de NaOH). Isso induz o inchamento do polímero, com a consequente formação de um gel transparente.

Já os derivados de celulose são menos afetados pelo pH e são usados em concentrações de 0,5 a 1,0% (m/m). Neste caso, os polímeros são dispersos em uma pequena fração do etanol, depois em água, e depois se adiciona o restante do álcool, juntamente com os demais excipientes.

As formulações finais do álcool em gel devem apresentar valores de pH entre 5 e 7, e uma viscosidade superior a 8.000 mPa⋅s, medida a 20 rpm, segundo as determinações da ANVISA. Assim, fica evidente que o produto, álcool em gel, apesar de ser produzido em etapas simples – diluição e mistura – pode apresentar variações de qualidade no que tange à concentração final (se 70% m/m ou 70% v/v), ou ao número de fases presentes na mistura, devido à incapacidade de dispersão adequada dos polímeros. Assim, a existência de produtos comerciais fora de especificação, tanto em termos de concentração quanto de viscosidade, não é incomum.

Ressalta-se que a produção de álcool em gel requer que um profissional qualificado (químico, farmacêutico ou engenheiro químico) assuma a responsabilidade técnica. Este profissional é o encarregado de supervisionar o processo de produção e de atestar a qualidade e adequação do procedimento, atendendo os critérios de qualidade exigidos pela ANVISA e pela sociedade.

Fonte: Ligados pela Química

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Relações entre Farmacocinética e Farmacodinâmica

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Em 1953, Dost propôs o termo farmacocinética para descrever o movimento da droga através do organismo. Até essa época, mesmo depois empregava-se a palavra farmacodinâmica para indicar não só o movimento da droga no organismo, mas também seu mecanismo de ação e seus efeitos terapêuticos e tóxicos. Atualmente, os campos da farmacocinética e farmacodinâmica estão mais bem definidos didaticamente.

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Farmacocinética:
É o caminho que a droga faz no organismo. Note que não é o estudo do seu mecanismo de ação mais sim as etapas que a droga sofre desde a administração até a excreção, que são: absorção, destribuição, biotransformação e excreção. Uma vez que a droga encontra-se no organismo, essas etapas ocorrem de forma simultânea sendo essa divisão apenas de caráter didático.

Farmacodinâmica:
É a área da farmacologia que estuda o efeito de uma determinada droga (ou fármaco, ou medicamento) em seu tecido-alvo, ou simplesmente estuda como uma droga age no tecido-alvo. Entende-se tecido-alvo como o orgão ou sítio onde uma determinada droga tem efeito.

Relações entre farmacocinética e farmacodinâmica. Na interação droga-organismo, farmacocinética estuda a ação do organismo sobre a droga, e, na farmacodinâmica, observa-se a ação da droga sobre o organismo. (adaptado a partir de Penildon, 2006).

O estabelecimento de esquemas posológicos padrões e de seus ajustes na presença de situações fisiológicas (idade, sexo, peso, gestação), hábitos do paciente (tabagismo, ingestão de álcool) e algumas doenças (insuficiência renal e hepática) é orientado por informações provenientes de uma importante subdivisão da farmacologia, a FARMACOCINÉTICA.

O termo CINÉTICA refere-se a um objeto em movimentação. Farmacocinética é a disciplina que usa modelos matemáticos para descrever e prever a quantidade dos medicamentos e suas concentrações em vários fluidos do organismo e as mudanças nestas quantidades com o tempo. Para fins didáticos e conceituais, o comportamento das substâncias ativas, após administração, dentro do corpo humano é usualmente dividido, de uma maneira arbitrária, em processos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção.

Devemos ter clara a ocorrência simultânea destes processos no organismo vivo, apesar de que, muitas vezes, assumimos a independência de cada um destes processos em relação aos outros; as variações nas concentrações dos fármacos em alguns fluidos corporais são sempre o resultado da simultaneidade da ocorrência destes processos, o que ocasiona taxas que estão continuamente sendo alteradas.

A farmacocinética é definida como o estudo quantitativo do desenvolvimento temporal dos processos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção dos fármacos. Nestes estudos, os teores dos fármacos e seus metabólitos (produtos da biotransformação) no organismo são determinados, permitindo a obtenção de importantes dados sobre estas substâncias, tais como:

Condições para seu uso adequado, pela determinação da via de administração, posologia (doses e intervalo entre as doses) e variações correlatas em função de patologias como insuficiência renal, alterações hepáticas e outras.

Previsão de outros efeitos em potencial, como os colaterais, por exemplo, no caso de acúmulo do fármaco em determinado compartimento (organotropismo); ou ainda os oriundos de interações medicamentosas no nível dos processos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção. Determinação dos principais sítios de biotransformação. Determinação das vias de excreção.

Assim sendo, podemos afirmar que a compreensão e a aplicação cuidadosa dos princípios farmacocinéticos podem freqüentemente auxiliar no estabelecimento e manutenção de quantidades terapêuticas e não tóxicas dos medicamentos no organismo; isto por permitir uma escolha racional da dose, freqüência e via de administração.

Além disso, como supra referido, em muitos casos as características dos pacientes são reconhecidamente responsáveis por alterações do movimento do fármaco naquele organismo, ou seja, das propriedades farmacocinéticas desta substância em particular (Tabela 2). Ajustes apropriados na dose ou freqüência de administração podem ser realizados, para compensar estas mudanças, evitando, assim, os problemas potenciais da ineficácia terapêutica ou toxicidade. Em uma ampla visão, a compreensão da farmacocinética pode favorecer as chances de segurança e eficácia da terapêutica medicamentosa.

A farmacocinética estabelece estreita relação com duas outras importantes áreas do estudo farmacológico: a biofarmácia e a farmacodinâmica. O efeito ou resposta terapêutica é o resultado dos fenômenos que ocorrem após administração de um medicamento e estes dependem, por sua vez, das características do fármaco, das características do indivíduo e, o mais importante, da interação entre estes dois fatores: fármaco e indivíduo. Didaticamente podemos dividir o estudo da resposta terapêutica em três fases:

-1. Fase Farmacêutica
-2. Fase farmacocinética
-3. Fase farmacodinâmica

Possíveis interferentes da farmacocinética

Características do Paciente
Idade
Sexo
Peso corporal total
Tabagismo
Consumo de álcool
Obesidade
Outros medicamentos em uso
Estados Patológicos
Disfunção hepática (cirrose, hepatite)
Insuficiência cardíaca
Infecção
Queimaduras severas
Febre
Anemias

As três fases da reposta terapêutica:
1. Fase farmacêutica: Estuda a liberação do fármaco a partir do produto farmacêutico. É constituída pelo conjunto de fenômenos compreendidos entre a administração do medicamento e a absorção propriamente dita, os quais determinam à intensidade e velocidade com que ocorre a entrada da substância ativa no organismo. Estes fenômenos compreendem basicamente a liberação e a dissolução do fármaco contido no produto farmacêutico.

Liberação: Ao ser administrado o fármaco encontra-se em uma forma farmacêutica (F.F.) a partir da qual deve ser liberado; dependendo da F.F. empregada (comprimido, cápsula, suspensão, xarope, supositório, etc.) e da via de administração utilizada, esta etapa pode ser mais ou menos complexa, rápida ou completa.

A liberação ocorrerá sob influência do meio biológico de aplicação [ex: pH e peristaltismo do trato gastrintestinal (TGI) nas vias enterais (oral e retal)], principalmente para formas farmacêuticas sólidas, que necessitam desintegrar-se para então liberar a substância ativa. A finalidade desta etapa é obter uma dispersão no estado sólido do fármaco, no meio aquoso de administração, o que permitirá o cumprimento da etapa posterior de dissolução.

Dissolução: Esta etapa, por sua vez compreende a formação de uma dispersão molecular na fase aquosa, ou seja, a dissolução progressiva do fármaco, essencial para sua posterior absorção, desde que seja requerida uma ação sistêmica e não local. A dissolução muitas vezes é a etapa determinante da velocidade do processo de absorção.

A fase farmacêutica, importante etapa do estudo da resposta terapêutica é um dos objetos de estudo da Biofarmácia, disciplina que vem despontando como um ramo importantíssimo da investigação de fármacos; além de estudar esta fase de liberação e dissolução da substância ativa, a biofarmácia compreende também a avaliação das interações, entre o fármaco e o organismo (local de administração), que determinam sua biodisponibilidade.

Este último termo define uma característica biofarmacêutica de um medicamento administrado a um organismo vivo intacto e que expressa, simultaneamente, a quantidade e velocidade na qual o princípio ativo (fármaco) alcança a circulação sangüínea geral, a partir de seu local de administração. Devido à sua extrema importância e, principalmente, tendo em vista a regulamentação de medicamentos genéricos em nosso país (Lei n0 9787 de 10/02/99 e Resolução n0 391 de 09/08/99), a biodisponibilidade de fármacos será estudada em um tópico mais adiante.

2. Fase Farmacocinética: Como já foi dito esta etapa corresponde ao estudo da evolução temporal do movimento do fármaco in vivo, que esquematicamente pode resumir-se nos processos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção de fármacos. Esta fase consiste, portanto, na identificação e quantificação da passagem do fármaco pelo organismo.

3. Fase Farmacodinâmica: Estuda a interação de um fármaco específico com seu receptor, ou seja, a ação do fármaco em seu sítio receptor com as alterações moleculares e celulares correspondentes (efeito farmacológico), o que culmina no aparecimento do efeito terapêutico requerido.

O controle das concentrações plasmáticas constitui na atualidade uma prática habitual na terapia com diferentes classes de fármacos, visando o estabelecimento de regimes de dosagem apropriados para determinados pacientes. Isto, porque as concentrações de um fármaco no plasma correlacionam-se melhor com a resposta farmacológica que a dose administrada, uma vez que esta relação não é afetada pelas variações individuais dos processos farmacocinéticos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção que, como sabemos, influi na resposta do paciente.

Fonte: Portal Educação

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Entidades médicas pedem suspensão do uso da cloroquina e ivermectina contra a Covid

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Foto; Depositphotos

Um grupo de associações médicas divulgou nota nesta terça-feira (23) defendendo que medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19, como a cloroquina e a ivermectina, devem ter sua utilização “banida”. Os remédios citados no texto são defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro. As informações são do O Globo.

As sociedades também defendem o isolamento social e pedem medidas para acelerar a compra do chamado “kit intubação”. A manifestação ocorreu em um boletim do Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19, organizado pela Associação Médica Brasileira (AMB), e conta com o apoio de sociedades especializadas e de associações locais dos estados.

“Reafirmamos que, infelizmente, medicações como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da COVID-19, quer seja na prevenção, na fase inicial ou nas fases avançadas dessa doença, sendo que, portanto, a utilização desses fármacos deve ser banida”, diz um dos trechos do documento.

Em relação ao “kit intubação”, as entidades afirmam que “são urgentes esforços políticos, diplomáticos e a utilização de normativas/leis de excepcionalidade, para solucionar a falta de medicamentos ao atendimento emergencial” e que “na ausência destes fármacos, não é possível oferecer atendimento adequado para salvar vidas”.

Fonte: Redação Panorama Farmacêutico


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EMPREGO COMO GERENTE FARMAECONOMIA VALE A PENA?

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GERENTE FARMAECONOMIA – O setor farmacêutico no Brasil vive um excelente momento, mesmo com uma conjuntura econômica um pouco desfavorável no país. Especialmente após a entrada dos genéricos no mercado, o campo ficou mais amplo e propício a absorver mais profissionais, pagando muito bem pelos seus serviços.

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Com isso, a concorrência também aumentou e novas profissões foram criadas para responder a esse cenário. Uma das mais promissoras é a de gerente farmaeconomia. Quer descobrir o que ele faz e se realmente vale a pena optar por esse emprego? Então não deixe de ler o post de hoje! Confira:

O que é farmacoeconomia?

Para falarmos do profissional que atua como gerente nessa área, precisamos compreender primeiro o conceito de farmaeconomia. Esse termo é relativamente novo e se refere, como o próprio nome diz, ao estudo da aplicação das questões econômicas em relação aos medicamentos, com o intuito de aprimorar a eficiência dos gastos no sistema de saúde.

Como os recursos, especialmente nas políticas públicas, são limitados, é essencial desenvolver métodos que ajudem nas tomadas de decisões, fazendo escolhas específicas entre uma série de medicamentos ou até de políticas e estratégias de intervenção.

No setor privado, a coisa não muda muito de figura: como o lucro é indispensável, a farmaeconomia garante mais precisão nas escolhas e melhor conhecimento de causa.

O que faz o gerente farmaeconomia?

O emprego como gerente farmaeconomia é um dos mais concorridos da área e ele tem uma função bem importante para o setor farmacêutico. Sua atuação principal é no estudo financeiro de medicamentos e intervenções de saúde, tornando mais eficaz qualquer coisa que diga respeito ao consumo, produção e distribuição de remédios.

Ele está apto a identificar, propor e determinar sobre a incorporação de tecnologias mais modernas na área, buscando a melhoria do acesso à saúde e gerenciamento mais efetivo de serviços farmacêuticos. Também atende às demandas do departamento de marketing e de farmacovigilância da indústria, fazendo uma avaliação estratégica para o registro de novos procedimentos, com o objetivo de demonstrar sua efetividade e precificação, sempre atendendo as regulações sanitárias.

Esse profissional também é primordial para a análise de custos dos tratamentos de determinados tipos de pacientes em relação a cada fármaco passível de utilização: ele ajuda a traçar estratégias melhores, como fazer a alternativa mais financeiramente viável, optando pelo medicamento “A” ou “B”, por exemplo. Ele analisa também os impactos sociais dos tratamentos e fornece respostas e soluções para seu contratante.

Qual é a formação do gerente farmaeconomia?

Geralmente, quem quer um empego de gerente de farmaeconomia é graduado como farmacêutico ou economista (ou, preferencialmente, os dois). No entanto, já existem cursos de extensão e pós-graduação específicos para a área, especialmente em razão do forte crescimento dos últimos anos. A área de saúde é uma das que apresenta melhores prognósticos de desenvolvimento num futuro próximo e, dependendo do cargo, o gerente farmaeconomia pode conquistar um salário que chega a 30 mil reais por mês.

Fonte: Pharma Hoje

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O que é farmacogenética?

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A farmacogenética é uma área da ciência que investiga a relação entre a resposta e medicamentos, de acordo com a variabilidade genética de cada pessoa. Assim como a Nutrigenética, os conhecimentos da área estão começando a ser difundidos por aqueles que buscam um tratamento mais personalizado.

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Descubra neste artigo o que é farmacogenética e como ela pode ajudar na prática clínica!

O que é farmacogenética?

A Farmacogenética é a área da genética que estuda como cada pessoa, de forma individual, reage aos fármacos, sejam eles um anestésico, um remédio para dor de cabeça, um quimioterápico ou um antidepressivo.

Algumas pessoas possuem uma maior tolerância a ação de medicamentos, enquanto outras são mais sensíveis a eles. Todos nós conhecemos alguém que só sente os efeitos de um medicamento da marca X, enquanto, para você, somente o Y surte algum efeito.

E é exatamente essa diferença na resposta a um mesmo medicamento que a farmacogenética nos ajuda a compreender. Ela busca elucidar a forma como a variabilidade genética de cada indivíduo impacta na resposta aos medicamentos.

Qual a importância da farmacogenética?

Hoje, na prática clínica de quase todas as áreas da saúde, é corriqueiro o uso generalizado de medicamentos habituais para tratamento e prevenção de diversas doenças. Isso porque o risco do uso destes tipos de medicamentos é muito pequeno para a maioria das pessoas.

Analogamente,  vivemos uma época onde os tratamentos são cada vez mais personalizados de acordo com as particularidades de cada indivíduo. Dessa forma, a farmacogenética vem ganhando destaque ao proporcionar um tratamento mais efetivo e adequado ao seu paciente.

Entretanto, com a vasta gama de medicamentos que surgem sem parar no mercado, como saber se o medicamento recomendado terá a eficiência esperada? Não só a idade, peso e hábitos alimentares do seu paciente, mas também sua genética pode influenciar na resposta às medicações prescritas.

Logo, a farmacogenética se torna extremamente relevante no cenário atual por permitir que sejam levados em conta, também, os aspectos genéticos de um indivíduo como fator de resposta a um medicamento.

Como a genética influencia na resposta aos fármacos?

A genética estuda como nosso DNA funciona e como as pequenas variações nele, que acontecem naturalmente de pessoa para pessoa, impactam na fisiologia e funcionamento do corpo.

E é o conjunto de todos os nossos genes, partes do DNA responsáveis pelas proteínas do nosso organismo, que inferem o modo como reagimos aos estímulos do ambiente em que vivemos. Seja esse estímulo a alimentação, a quantidade de Sol que se toma, a prática (ou não) de exercícios físicos, a qualidade do ar que respiramos, etc.

E, certamente, isso inclui  os estímulos causados pelos fármacos normalmente de interesse médico. Eles são compostos químicos que causam reações em nosso corpo visando o tratamento de sintomas e doenças.

Assim, não apenas o estilo de vida, mas também a genética, têm influência na resposta aos diferentes medicamentos existentes. Influência esta que pode fazer com que os efeitos do medicamento sejam mais ou menos eficientes de acordo com cada pessoa.

Qual sua importância no cenário atual?

A cada dia que passa novas tecnologias inovadoras surgem com a expectativa de revolucionar a forma com a qual as coisas foram feitas até então. E, esse advento, vem acontecendo também com as mais diversas áreas da saúde.

Sabemos, e não é de hoje, que cada um possui uma necessidade específica e uma forma de supri-la que pode ser tão única quanto. Há muito tempo, medicamentos são usados para o tratamento e prevenção de diversas doenças, utilizando-se do mesmo medicamento para quadros semelhantes em diferentes pessoas.

Parte disso se deve à capacidade do organismo de absorver, metabolizar e eliminar medicamentos, cuja  resposta varia de pessoa para pessoa, devido à composição genética de cada um. Em outras palavras, um tratamento pode ser otimizado, sendo mais eficiente e assertivo a partir dos conhecimentos adquiridos através da genética.

Assim, os conhecimentos em farmacogenética podem ser mais um instrumento na criação de intervenções clínicas mais individualizadas e efetivas.

Analisar as características genéticas dos pacientes para obter êxito em seu tratamento já é uma realidade em áreas que usam a genética como base. Analogamente temos alguns profissionais da nutrição, por exemplo, que através da nutrigenética conseguem alcançar resultados mais assertivos.

Fonte: DGlab

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