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Nova droga para a forma mais comum de malária no Brasil é aprovada em testes

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O primeiro novo medicamento em 40 anos para a forma mais comum de malária no Brasil foi aprovado em testes. Ele promete evitar as recaídas que respondem por aproximadamente metade dos cerca de 150 mil casos da doença registrados a cada ano no país, 99,5% deles na Amazônia.

A nova droga é o destaque de uma conferência científica inteiramente dedicada à malária causada pelo Plasmodium vivax, esta semana, em Manaus. Este parasita causa 85% dos casos de malária no Brasil, explica Marcus Lacerda, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT). A entidade é a organizadora da VI Conferência Internacional sobre Pesquisa do Plasmodium vivax, e tem o apoio, dentre outros, da Fundação Bill e Melinda Gates.

Em Manaus, a malária vivax causa a totalidade dos casos. A doença é transmitida ao homem por meio da picada de mosquitos anófeles.

— Embora a chamada malária vivax seja considerada a forma mais branda da doença, ela é incapacitante. Faz trabalhadores perderem dias de trabalho, por vezes até o emprego, e crianças deixarem de ir à escola — destaca Lacerda, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Manaus e da Fundação de Medicina Tropical do estado do Amazonas.

Segundo ele, também é o primeiro remédio que poderia ser tomado para prevenir a malária vivax em pessoas que fazem turismo na região. Hoje, só existem drogas capazes de ajudar a evitar a malária falciparum, frequente na África mas associada a apenas cerca de 15% dos casos no Brasil.

Não existe vacina para a prevenção da malária do viajante. As drogas são um meio paliativo, de curto prazo, para visitantes de regiões onde a malária é endêmica. Mas elas não são uma opção preventiva para residentes, pois não podem ser tomadas indefinidamente.

— Para o turismo na Amazônia, é uma boa notícia — frisa Lacerda.

Chamada tafenoquina, a nova droga nada mais é do que uma forma sintética de um antigo remédio, a primaquina, que trata a forma latente da malária vivax quando a doença chega ao fígado. A primaquina já está em uso há quatro décadas e precisa ser tomada por 14 dias. Como os sintomas da doença desaparecem antes disso, muitos pacientes interrompem o tratamento porque a primaquina pode provocar anemia e mal-estar. Com isso, essas pessoas ficam sujeitas a recaídas.

— Já a tafenoquina é administrada em apenas uma dose. Isso é excelente e os resultados dos testes clínicos com voluntários foram satisfatórios. Esperamos que o medicamento possa ser oferecido logo — diz Lacerda.

A tafenoquina não é recente. Foi desenvolvida por pesquisadores do Exército dos Estados Unidos há 30 anos. O laboratório multinacional GSK é o dono da patente. Mas os testes não avançaram por muitos anos. E a história da tafenoquina ilustra como doenças tropicais, caso da malária, ficam à margem do interesse dos grandes laboratórios farmacêuticos.

— Essas doenças afetam principalmente pessoas de baixa renda. Não oferecem lucros interessantes para os laboratórios — observa o cientista.

Ele diz que foi por pressão da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da parceria público-privada Iniciativa para Remédios contra a Malária (MMV, na sigla em inglês) que o laboratório levou os testes adiante e resolveu produzir o medicamento. Parte dos custos será coberta pela MMV. No Brasil, os testes foram realizados pelas duas instituições em Manaus onde Lacerda trabalha. Testes foram realizados ainda em Peru, Tailândia e Bangladesh.

Na Amazônia, a malária não está no interior da floresta, como se costuma imaginar. A maioria dos casos acontece na periferia das cidades, onde a mata faz limite com povoações, quase sempre precárias.

— A malária vai para aonde o homem vai. À medida que novas frentes de ocupação são abertas na floresta, a doença segue atrás. Tem malária onde tem gente. Hoje está em praticamente toda a região — diz Lacerda.

A malária causa 212 milhões de novos casos por ano, segundo a Organização Mundial de Saúde. Mais de 90% deles ocorrem na África. Em 2015, a malária matou 429 mil pessoas, a maioria na África. Metade da população mundial vive em áreas de risco de malária. Segundo o Ministério da Saúde, houve 143 mil casos de malária no Brasil em 2015, ano com números mais recentes.

Pesquisadores comprovaram que uma nova foram de malária, causada por um parasita de macacos, o Plasmodium simium, provocou casos em seres humanos no estado do Rio de Janeiro. Essa forma de malária não é letal e, de iniício, foi confundida com a do Plasmodium vivax.

Fonte: Globo.com

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