Mais comum do que se imagina, a mucocele, pequenas bolhas que aparecem na parte interna dos lábios inferiores, bochechas, língua e, eventualmente, no palato, costumam assustar. A verdade, porém, é que se trata apenas do acúmulo de saliva na mucosa bucal, formando o chamado cisto mucoso. Com até três centímetros de diâmetro, de tom translúcido e indolor, essas bolhas na boca são lesões benignas e não contagiosas.
O aparecimento da mucocele decorre de diversos fatores: hábito de morder ou sugar a bochecha e os lábios, traumas (batida) na região da boca e doenças pré-existentes que afetam a mucosa. Essas situações provocam o bloqueio das glândulas salivares, que continuam a produzir, acumulando saliva no interior do tecido. Daí surge o inchaço que pode ser aliviado com a aplicação de compressas geladas e chá de camomila frio. A bolha, no entanto, se dissipa por conta própria em poucos dias, dispensando intervenção médica.
Há dois tipos de bolhas na boca
Mesmo nos casos em que a bolha estoure e faça uma pequena ferida, a cicatrização é rápida e simples. Mas se a saliva bloqueada não for absorvida naturalmente, é necessária a realização de uma pequena cirurgia para remover a glândula afetada. O procedimento é simples e feito em consultório dentário. Após essa interação, bastam dois dias de repouso, sem fazer esforço físico e movimentos bruscos com a cabeça.
Existem duas classificações para a mucocele: por extravasamento, quando está associada a mordidas repetitivas nas regiões internas da boca e dos lábios, às complicações após cirurgias odontológicas e ao uso de aparelho ortodôntico. A faixa etária mais afetada é entre 10 e 30 anos de idade.
O segundo tipo é por retenção, resultante de obstruções das glândulas salivares. É menos frequente e atinge adultos acima de 40 anos. A distinção entre ambos é feita apenas por meio de exames laboratoriais, normalmente solicitados pelo dentista. A idade da pessoa e a causa associada devem ser consideradas para a prescrição de eventual tratamento.
Um ‘’vício’’ comum de algumas pessoas e que deveria ser eliminado é morder lápis e caneta, lábios e parte interna das bochechas. Essas manias propiciam o surgimento de bolhas. Outra boa medida é mastigar com cuidado para não morder a língua e a mucosa da boca acidentalmente. Mas, é bom saber, alguns canais que transportam saliva também podem se romper espontaneamente. Um dado curioso é que, segundo o hospital Albert Einstein, a mucocele afeta 150 mil pessoas no Brasil anualmente.
Indícios que podem levar a descobertas de doenças
A bolha na boca, no entanto, pode sugerir infecções diversas se apresentarem outras características. A causada pelo vírus da herpes, por exemplo, é dolorida. Além dos lábios, as lesões surgem próximas ao queixo e nariz em forma de um aglomerado de pequenas bolhas.
Causam coceira, ardência e formigamento na boca. Enquanto o vírus está inativo no corpo, não há sintoma. Eles afloram quando há um desequilíbrio emocional que provoca queda no sistema imunológico. Embora não tenha cura, existem medicamentos que estimulam a imunidade, além de cremes e pomadas de uso local e comprimidos de uso oral.
A bolha também pode ser um indício para o diagnóstico de tumores malignos como o câncer de boca. Por isso, é preciso ficar atento à lesões que não cicatrizam depois de mais de duas semanas e, se for o caso, consultar um dentista. O aparecimento de manchas vermelhas ou esbranquiçadas na boca também é um alerta. O carcinoma mucoepidermóide apresenta sintomas semelhantes ao da mucocele.
Fonte: Redação Panorama Farmacêutico