Enquanto a vacinação avança para grupos mais jovens, milhões de brasileiros ainda não voltaram para tomar a segunda dose.
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Até chegar a esse grande momento, foram muitos dias de angústia para dona Deusa, que tem 82 anos. A vez de ela tomar a segunda dose foi há um mês, só que uma pneumonia atrasou a volta ao posto de saúde.
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‘Muito aliviados, é um peso fora das minhas costas, minha mãe está mais protegida’, disse Marcelo Walter Martins, filho de dona Deusa.
Apenas o Distrito Federal e o Piauí atingiram a meta de imunizar 100% da população com mais de 80 anos, segundo pesquisadores da USP e da UFRJ. No Rio de Janeiro, só 71% destes idosos estão protegidos. Em todo o país, 3,5 milhões de pessoas ainda não foram tomar a segunda dose.
Na faixa etária a partir de 70 anos, o estudo revela que Ceará, Amazonas e Rio de Janeiro são os estados que têm mais moradores sem a segunda dose.
Os pesquisadores afirmam que, a cada cem brasileiros com mais de 70 anos que tomaram a primeira dose, 11 não receberam a segunda. Os médicos reforçam a urgência da imunização completa para a proteção de todos e explicam que, tão importante quanto avançar com a vacinação para grupos cada vez mais jovens, é não deixar ninguém pelo caminho.
‘É incorreto supor que o Brasil avança nas coberturas vacinais somente porque um novo grupo ou uma nova faixa etária foi convocada, sem que as populações anteriores tenham sido efetivamente imunizadas. Sem isso, dificilmente o país vai voltar à normalidade’, afirma Mário Scheffer, professor da Faculdade de Medicina da USP.
O educador físico Ivan Carmona faz parte do grupo que voltou ao posto de saúde para completar a vacinação.
‘Eu acho que gente não tem que pensar só na gente, a gente tem que pensar no próximo e tem que vir, todo mundo tem que vir, o governo tem que dar um jeito também de ir atrás dessas pessoas que não estão vindo. É um pouquinho dos dois lados, da pessoa e faz parte do governo também ir atrás’, afirmou.
O médico sanitarista Gonzalo Vecina, que já esteve à frente da Anvisa, defende a busca ativa com equipes de saúde como uma das saídas para reduzir a fila de atrasados, mas diz que não é o bastante.
‘Veja, se fosse pouca gente, nós poderíamos fazer isso com as equipes, principalmente da atenção primária, que nós temos uma boa cobertura de atenção primária. Mas está ficando para trás muita gente. A única alternativa que nós temos é melhorar a comunicação. Campanha de vacinação se faz com comunicação também, além de vacina, precisa de comunicação’, explicou Vecina.
Para quem ainda não entendeu, o manobrista Carlos Antônio Silva dá o recado:
‘Se fosse só uma, era uma. São duas, então são duas. A gente tem o dever de comparecer ao posto e tomar a segunda dose para ficar tudo certo’.
Fonte: G1.Globo