Dez milhões de doses da Sputnik até março

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Após a confirmação sobre a eficácia de 91,6%, reconhecida em publicação na revista The Lancet, e a retirada da necessidade do estudo clínico de fase 3 no Brasil para solicitar o uso emergencial de um imunizante, a Sputnik V se tornou forte candidata a ser incorporada ao Programa Nacional de Imunização (PNI). Os responsáveis pela vacina russa apostam na aprovação do uso emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda “nos próximos dias”.

Os desenvolvedores russos — com representantes da União Química, responsável pela produção da Sputnik V no Brasil — se reúnem, hoje, com o Ministério da Saúde para fechar a compra de 10 milhões de doses prontas, programadas para chegar entre fevereiro e março. O diretor de Negócios Internacionais da empresa que reproduzirá o fármaco no país, Rogério Rosso, estima o início da imunização com a vacina russa entre o fim de fevereiro e início de março.

Ele explica não ser necessário recomeçar do zero o processo de uso emergencial por se encontrar apenas interrompido na Anvisa. A União Química havia apresentado o pedido à agência, que devolveu os documentos por não apresentarem requisitos mínimos.

“O pedido foi gerado em 15 de janeiro e interrompido por não haver estudo de fase 3 no Brasil. Retirado esse pré-requisito, a avaliação pode prosseguir com complementação de todos os documentos ainda necessários”, afirma Rosso.

Na quarta-feira, ao excluir a obrigatoriedade dos testes no Brasil para o pedido de uso emergencial, a Anvisa explicou que o pedido da Sputnik V foi devolvido à União Química em 16 de janeiro, para que a empresa avalie os documentos e os reenvie. “Faltam informações basicamente relacionadas aos estudos que foram conduzidos na Rússia e outra sobre a fabricação da vacina no local de origem”, salientou o gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes.

Complementar os dados não será um problema, garante Rosso. “A Anvisa demanda os dados brutos, que serão todos disponibilizados. Há, no entanto, a necessidade de adequar as informações geradas na Rússia ao padrão brasileiro”, observou. Por ser um processo já debatido e avaliado é que o diretor aposta no aval para a aplicação antes do prazo estipulado.

No tempo regulamentar, a Anvisa tem 30 dias para avaliar se autoriza o uso emergencial da Sputnik V, regra que se aplica às candidatas sem testes em voluntários brasileiros. Já a análise de iniciativas testadas em território nacional precisa ser feita em até 10 dias.

Rosso enxerga com entusiasmo as novidades que dão peso à vacina russa e acredita que será a próxima a ser incorporada ao Programa Nacional de Imunização (PNI). “A publicação da eficácia de 91,6% em uma das revistas científicas de maior peso comprova a potência da Sputnik V, que tem a vantagem de poder ser produzida inteiramente no Brasil, dando a autonomia necessária neste cenário de escassez”, explicou.

Por enquanto, a Sputnik V é a única que tem o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) já sendo produzido em território nacional. A vacina Oxford/AstraZeneca e a CoronaVac, apesar de preverem transferência tecnológica para produção independente, ainda não incorporaram totalmente o procedimento e, por isso, precisam de importar o IFA.

Medida provisória

E, ontem à noite, o Senado aprovou uma medida provisória que facilita a aquisição da Sputnik V — o texto aprovado segue, agora, para sanção do presidente Jair Bolsonaro. A MP também autoriza a adesão do Brasil ao consórcio multilateral Covax Facility, cuja participação carecia de regramento pelo Legislativo, pois era em caráter precário.

A medida também amplia a lista de países que servem como parâmetro para a liberação de vacinas para uso emergencial, pela Anvisa, em até cinco dias. Rússia, Argentina e Coreia do Sul se somam aos Estados Unidos, Japão, China e à agência de regulação de saúde da União Europeia. Atualmente, o prazo estipulado pela agência para avaliar pedidos sem testagem nacional é de até 30 dias.

Além da Sputnik V, o Ministério da Saúde mira a aquisição de outros 20 milhões de doses da indiana Covaxin para entrega até março. As duas candidatas possuem memorando de entendimento assinado com a pasta e, na ocasião, serão discutidos termos contratuais, cronogramas de entrega e valores a serem investidos.

Fonte: Correio Braziliense 

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2020/10/29/vacina-russa-fabricada-no-brasil-sera-vendida-por-ate-us-5-em-toda-a-america-latina/

Células eliminam vírus latente

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Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington, em St. Louis, identificaram uma forma potencial de erradicar a infecção latente pelo HIV — quando o vírus permanece silencioso dentro das células imunológicas infectadas. Os cientistas encontraram um grupo celular que tem um alarme natural, capaz de detectar a atividade de uma proteína específica do HIV. Em um artigo publicado na revista Science, eles afirmam que a descoberta pode ajudar a desenvolver uma terapia que elimine o patógeno do organismo — algo que nenhum tratamento atual consegue fazer.

A vantagem dessas células é que, em vez de atacar o vírus com base em sua aparência — a base da maioria das imunoterapias —, elas reconhecem a presença dele por atividades específicas do HIV. Assim, ele pode sofrer mutações rápidas e, ainda assim, será identificado.

“Quando identificamos uma parte do sistema imunológico que poderia reconhecer e atacar uma função central do vírus HIV, ao invés de reconhecer a aparência dele, foi realmente emocionante”, disse o autor sênior, Liang Shan. “Isso aumenta a possibilidade de eliminar todos os vírus adormecidos no paciente — não importa o quão amplamente o HIV tenha mutado — com base em algo que todas as variantes virais têm em comum.”

Protease

Essa estratégia se baseia na detecção da atividade de uma proteína específica — chamada de protease do HIV — que o vírus precisa para se replicar e se espalhar. Os pesquisadores identificaram um sistema de alarme natural — encontrado dentro das células imunológicas humanas e chamado de inflamassoma CARD8 — que reconhece a protease ativa do HIV e dispara um programa de autodestruição para eliminar a célula infectada.

Infelizmente, o HIV pode durar muito tempo na célula sem nunca disparar o alarme. Quando no núcleo celular, a protease do vírus é inativa e o inflamassoma CARD8 não consegue detectá-la. “O vírus é inteligente”, disse Shan, acrescentando: “Normalmente, a protease do HIV não tem nenhuma função dentro das células infectadas. Ela só é ativada quando o vírus deixa as células infectadas. Fora das células, não há CARD8 para detectar a protease ativa.”

Shan e os colegas mostraram que certas drogas forçam a protease do HIV a se manifestar prematuramente, quando o vírus ainda está no interior da célula imunológica. Lá, a proteína ativa dispara o inflamassoma CARD8, iniciando uma cadeia de eventos que destrói a célula infectada e o vírus junto com ela. “Nossas descobertas mostram que nosso sistema imunológico pode reconhecer a função de proteína de um vírus e, nas circunstâncias certas, usar essa informação para matar células infectadas pelo HIV. Essa é uma rota potencial para eliminar um vírus que nunca fomos capazes de eliminar completamente”, observou o principal autor do estudo.

Os pesquisadores também mostraram que o inflamassoma CARD8 pode desencadear a morte de células imunológicas humanas infectadas com subtipos de HIV de todo o mundo, incluindo cepas comuns nas Américas, Europa, África e Ásia. “Esse estudo serve como um guia para o desenvolvimento de novos medicamentos que têm o potencial de eliminar o reservatório dormente do HIV”, ressaltou Shan.

Fonte: Correio Braziliense

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2020/10/02/virus-pode-atuar-como-hiv-diz-estudo/

PGR investiga responsabilidade de Bolsonaro e Pazuello na pandemia

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O procurador-geral da República, Augusto Aras, abriu um procedimento preliminar para apurar a atuação do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. O chefe do Ministério Público Federal (MPF) vem sofrendo pressão, tanto interna quanto externa, para investigar a responsabilidade das autoridades do governo federal durante a pandemia, que já levou à morte de mais de 220 mil brasileiros.

Aras comunicou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura da apuração, ao analisar um pedido feito por deputados federais do PCdoB, que acusam Bolsonaro e Pazuello da prática de delitos de prevaricação e de perigo para a vida ou a saúde de outras pessoas.

Os parlamentares acionaram o Supremo criticando a atuação de Bolsonaro e Pazuello particularmente no enfrentamento da pandemia nos estados de Amazonas e do Pará. O grupo acusa o governo federal de propagar a “utilização de medicamentos que não têm eficácia científica”, em referência à hidroxicloroquina.

Para os deputados, Pazuello e Bolsonaro devem ser responsabilizados – o ministro da Saúde, “em razão de inércia”; o chefe do Executivo, “por postura isentiva e descompromissada em relação às políticas de combate ao novo coronavírus no âmbito do Sistema Único de Saúde”.

“A presente notícia-crime deu ensejo à instauração de Notícia de Fato no âmbito desta Procuradoria-Geral da República, de forma a permitir a apuração preliminar dos fatos narrados e suas circunstâncias, em tese, na esfera penal. Caso, eventualmente, surjam indícios razoáveis de possíveis práticas delitivas por parte dos noticiados, será requerida a instauração de inquérito nesse Supremo Tribunal Federal”, escreveu Aras ao Supremo.

Em outro caso, a Polícia Federal tomou ontem à tarde o depoimento de Pazuello sobre o colapso da rede pública de saúde em Manaus. A investigação foi determinada pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF). O general da ativa deve receber os policiais no hotel em que mora, em Brasília.

O inquérito foi aberto em 25 de janeiro e tem 60 dias para ser concluído. O objetivo é investigar se houve omissão no enfrentamento do colapso provocado pela falta de oxigênio hospitalar para atender pacientes internados com covid-19 em Manaus. O gabinete do advogado-geral da União, José Levi, acompanha o caso de perto. Pazuello tem negado a omissão.

Em outra frente, no Congresso, a oposição protocolou ontem no Senado pedido de abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, para investigar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia. O pedido reúne a assinatura de 29 parlamentares, além do próprio autor – Randoolfe Rodrigues (Rede-AP), mais do que o mínimo de 27 assinaturas que deve ter para ser apresentado à Mesa.

Fonte: O Povo Online

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2020/04/06/coronavirus-10-das-pessoas-no-grupo-de-risco-tem-problemas-neurologicos/

Merck, fabricante de ivermectina, não vê evidência de eficácia da droga contra Covid

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A farmacêutica alemã Merck, uma das maiores do mundo e fabricante de ivermectina, publicou nesta quinta-feira (4) um comunicado com um alerta contra o uso indiscriminado do vermífugo no combate à Covid-19.

O comunicado diz que seus cientistas estão analisando todos os estudos científicos conduzidos pelo mundo sobre a eficácia do medicamento contra o coronavírus. No entanto, a empresa identificou que:

Não há base científica para um potencial efeito terapêutico contra Covid-19 em estudos pré-clínicos; Não há evidência significativa para atividade clínica ou eficácia clínica em pacientes com a Covid-19 e; Há uma falta preocupante de dados sobre segurança na maioria dos estudos

Mesmo sem estudos aprofundados sobre o tema, o medicamento passou a integrar o chamado “kit Covid“, o coquetel de medicamentos utilizado principalmente como “tratamento precoce” recomendado pelo Ministério da Saúde, mesmo com ineficácia comprovada.

O comunicado segue com recomendações de uso da ivermectina contra estrongiloidíase e contra a oncocercose, ambas infecções parasitárias. Mesmo com esses usos conhecidos e estabelecidos, ainda há possíveis reações adversas.

No caso da estrongiloidíase, a Merck relata reações adversas “possivelmente, provavelmente ou definitivamente” causadas pelo Stromectol (nome pelo qual a empresa comercializa a ivermectina) como astenia/fadiga, dores abdominais, anorexia, constipação, diarreia, náusea, vômitos, tontura, sonolência, vertigem, tremores, prurido, erupções e urticária. Já no combate a oncocercose foram observadas reações de hipersensibilidade, dor abdominal, aumento dos nódulos linfáticos, especialmente no cervical, nos axilares e no inguinal, além de uma série de efeitos oftálmicos.

Mesmo sem evidência de eficácia contra o coronavírus, as vendas de ivermectina foram um sucesso em 2020 no ano passado. De acordo com dados da consultoria IQVA, a venda do produto no mercado farmacêutico explodiu de janeiro até novembro de 2020, crescendo 466% em relação ao mesmo período de 2019.

Os dados apontam que cerca de 42,3 milhões de caixas do antiparasitário foram comercializadas no ano passado. O pico das compras foi observado em julho, quando foram somadas mais de 12 milhões de aquisições da invermectina.

Via plano de saúde, o medicamento recomendado para piolhos dobrou. Segundo a healh tech ePharma, o sudeste foi a região com maior aumento do produto (120%), respondendo por 72% das compras nacionais de janeiro a novembro do ano passado. O Nordeste registrou alta de 104%.

Fonte: Technanet

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2020/06/22/secretaria-recomenda-usar-ivermectina-para-prevenir-e-tratar-coronavirus/

Johnson & Johnson busca aprovação da primeira vacina de dose única contra Covid

Na corrida por uma vacina contra Covid-19, a da Johnson & Johnson é a primeira a demonstrar eficácia com apenas uma dose e buscar autorização de uso. Nesta quinta-feira (4), a empresa entrou com o pedido na Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos.

Veja também: Blau Farmacêutica promete medicamentos mais acessíveis com inauguração de novo laboratório…

Se aprovada, será a terceira vacina pronta para distribuição no país, que já faz uso dos imunizantes da Pfizer e da Moderna. Como informa o STAT News, A inclusão também teria grande impacto na campanha de imunização, já que é a única a apostar em dose única e por depender apenas de armazenamento em geladeira comum, enquanto as outras duas precisam ser guardadas em temperaturas muito mais baixas.

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A Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson, já havia anunciado em agosto do ano passado um acerto para a entrega de 100 milhões de doses ao governo dos Estados Unidos, em investimento feito quando ainda não havia sido confirmada a eficácia do medicamento.

Hoje, no entanto, esses dados já foram apresentados. A vacina apresentou uma eficácia de 66% na proteção de casos moderados e graves, mas o resultado variou um pouco dependendo do centro onde os testes foram realizados. Na América do Norte, foi observada eficácia de 72%, contra 66% na América Latina e 57% na África do Sul. Neste último, o resultado mais fraco foi atribuído à variante que circula no país africano, que aparenta ser capaz de escapar parcialmente da resposta imune produzida pela vacina.

É provável que a autorização nos Estados Unidos tenha efeitos sobre uma possível solicitação de uso da vacina da Janssen no Brasil. A empresa conduziu ensaios clínicos de fase 3 no país respeitando a norma imposta (mas já derrubada) pela Anvisa e já teve conversas com o Ministério da Saúde sobre a aquisição de 38 milhões de doses, com a primeira remessa disponível já no segundo trimestre.

Vale lembrar que a lei de combate à pandemia, assinada em fevereiro do ano passado, prevê que a Anvisa deve dar um parecer em 72 horas sobre a aprovação de uso emergencial de vacinas já aprovadas por órgãos reguladores dos Estados Unidos, da União Europeia, do Reino Unido e da China. A lei deixou de ter validade com a virada do ano, mas o Supremo Tribunal Federal estendeu a duração desta medida para 2021.

Por enquanto, no entanto, ainda não há pedido de autorização de uso no Brasil. Por ter realizado os ensaios clínicos no país, a Janssen já utiliza o sistema de submissão contínua de dados implementado pela Anvisa, que permite o envio de documentos conforme eles ficam prontos, em vez de esperar para entregar tudo de uma vez ao fim dos estudos.

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Fonte: Technanet 

Pesquisas com remédios não oncológicos no combate ao câncer

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Remédios – No Dia Mundial de Combate ao Câncer, cresce a expectativa de novos remédios contra a doença. Pesquisas com compostos em princípio não oncológicos trazem esperança de descoberta de novos agentes ativos contra o câncer.Em princípio, os medicamentos são desenvolvidos com um objetivo muito específico, como aliviar dores, baixar a pressão sanguínea ou curar uma doença. O desenvolvimento de uma droga desse tipo requer um longo caminho. Em média, são necessários 13 anos desde a ideia até a aprovação.

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A maioria dos candidatos nem chega tão longe. Mas, apesar do longo processo, ainda há um elemento surpresa no final: quando medicamentos que se destinavam a um propósito específico, ou em combinação com outros agentes ativos, mais tarde mostram um efeito diferente e inesperado para outras doenças. Pesquisadores querem aproveitar melhor precisamente este efeito para combater o câncer. “Reposicionamento de drogas” é a palavra-chave da nova alternativa para o tratamento de doenças. Entre as vantagens dessa abordagem estão o fato de os longos processos de pesquisa e aprovação já terem sido concluídos, e os princípios ativos considerados seguros para uso médico. O reposicionamento é mais rápido, mais fácil e mais barato do que um medicamento recente desenvolvido por completo. Reciclando velhas descobertas Em 2020, pesquisadores do centro acadêmico de ciências da saúde pública do Southwestern Simmons Cancer Center, da Universidade do Texas, descobriram uma combinação de medicamentos que supostamente pode deter o crescimento de células cancerígenas. Trata-se de um composto que já está no mercado e pode neutralizar a resistência a um novo e promissor remédio contra o câncer que ainda esteja passando por estudos clínicos. Ao testar por vários anos centenas de medicamentos para ver como eles afetavam as células cancerígenas, oncologistas da Universidade de Bergen, Noruega, descobriram que o anti-helmíntico nitazoxanida, usado contra parasitas intestinais como as tênias e a giárdia, age como um remédio feito sob medida contra o câncer de próstata e de intestino. “Descobrimos que essa substância específica bloqueia o caminho de sinalização nas células cancerosas e as faz parar de crescer”, explicou Karl-Henning Kalland do Departamento de Ciências Clínicas da Universidade de Bergen. Não é frequente pesquisadores descobrirem um composto que visa moléculas específicas tão precisamente quanto este, acrescentou. Um estudo de 2018 confirmou a descoberta dos pesquisadores com relação a tumores cerebrais (glioblastoma multiforme), mas também apontou para a necessidade de mais pesquisas. Biblioteca de medicamentos Muitas vezes, é difícil acompanhar o andamento das pesquisas. É aí que entram os cientistas do Broad Institute, ligado ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, em inglês), à Universidade de Harvard e ao Instituto do Câncer Dana-Farber. Eles publicaram um estudo na revista Nature Reviews Cancer baseado numa pesquisa feita no Centro de Reaproveitamento de Medicamentos, um banco de dados para ajudar cientistas a encontrarem novos usos para compostos já aprovados. Em 2020, o banco de dados registrava mais de 6 mil substâncias aprovadas pela agência americana de medicamentos FDA, ou que demonstraram ser seguros em ensaios clínicos. Os Elas são listadas com sua estrutura química, eficácia e usos anteriores. O estudo também marca a primeira vez que pesquisadores examinaram sistematicamente todo o acervo, formado sobretudo por drogas não oncológicas, em busca de suas propriedades anticancerígenas. O acidente do Viagra A surpresa é que eles encontraram quase 50 compostos que podem ter um efeito ainda não reconhecido no combate ao câncer. Com base nisso, pode-se acelerar o desenvolvimento de novos medicamentos oncológicos ou os já existentes podem ser reorientados para tratar o câncer. “Na verdade, já nos considerávamos sortudos se encontrássemos apenas um composto com propriedades anticancerígenas. Por isso ficamos surpresos ao encontrar tantos”, diz Todd Golub, diretor do programa de câncer do Instituto Broad. “Criamos o Centro de Reaproveitamento de Medicamentos para permitir que pesquisadores façam este tipo de descobertas acidentais de forma mais deliberada”, diz o autor principal do estudo, Steven Corsello, oncologista do Instituto Dana-Farber e fundador do banco de dados de medicamentos. Uma dessas “descobertas acidentais” a que Corsello se refere foi o ácido acetilsalicílico, mais conhecido como ingrediente ativo da aspirina, originalmente desenvolvido como analgésico. Mais tarde, descobriu-se que ele também poderia ajudar a prevenir ataques cardíacos e derrames. Também a descoberta do Viagra como estimulante sexual foi pura coincidência: originalmente, o princípio ativo sildenafil deveria ser testado contra problemas cardíacos e hipertensão, mas ainda durante o estudo o princípio ativo desapontou as esperanças depositadas nele. No entanto, muitos dos participantes masculinos do estudo pediram para manter o medicamento mesmo após o fim da pesquisa, pois a função erétil deles havia melhorado drasticamente. A propósito, Viagra também ajuda a melhorar o desempenho respiratório de quem escala montanhas, e serve como prevenção ou terapia contra doenças de altitude ou hipobaropatia. Responsabilidade científica Mas por mais anedótica que seja esta incursão ao mundo dos testes com drogas, há outros casos a relatar. Em 2016, tomou vida própria a notícia de que certas quimioterapias funcionam melhor quando combinadas com o opioide metadona. Isto trouxe grandes expectativas entre os pacientes e seus familiares, de que o medicamento teria um efeito antitumoral. A Sociedade Alemã de Hematologia e Oncologia Médica (DGHO) publicou então um panfleto informativo aos pacientes, distinguindo claramente entre o “uso de metadona na terapia da dor de pacientes com câncer” e o “uso como medicamento antitumoral”, ou seja, droga contra o câncer. Autor: Hannah Fuchs

Fonte: O Povo Online

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O alto custo da falta de cooperação global por vacinas

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A cidade de Blantire, no sul do Malaui, ainda não possui um programa de vacinação contra o novo coronavírus. Tankred Stöbe, da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), chegou à cidade de 800 mil habitantes há poucos dias para instalar uma estação para tratamento da covid-19 no maior hospital do país. Os 80 leitos destinados a pacientes infectados com o vírus já estão ocupados.

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“A primeira onda passou por aqui quase despercebida. Não houve muitas infecções e quase nenhuma morte. Agora, acredita-se que a mutação da África do Sul chegou e se espalhou rapidamente na área”, disse Stöbe por telefone à DW.

As infecções aumentaram drasticamente, e os números dobram a cada quatro ou cinco dias. Os médicos no Malaui, porém, ainda não sabem se estão lidando com a mutação sul-africana, pois não há laboratórios no país capazes de realizar os testes necessários. Amostras até foram enviadas para a África do Sul, mas ainda não houve resposta.

Stöbe conta ainda que não há nenhum programa de vacinação para o Malaui, onde o foco agora está no tratamento dos casos mais agudos. “Não esperamos nenhuma vacina aqui pelos próximos meses. O melhor que podemos esperar é que algo chegue em abril.”

Doses insuficientes e remessas com atraso

Praticamente o mundo todo está lutando pelas relativamente poucas doses de vacina disponíveis atualmente. Até o momento, três vacinas foram aprovadas na União Europeia – BionTech/Pfizer, Moderna e AstraZeneca/Oxford. Por enquanto, a maior parte das vacinas foi obtida por países industrializados. Mas mesmo nestes países, foram apontadas falhas nos programas de vacinação, como atrasos na entrega e disputas contratuais, impedindo o progresso e gerando desconfiança generalizada. Fabricantes, portanto, estão sob pressão para aumentar a produção e realocar suas capacidades.

Além disso, todo o processo foi marcado pelo que agora vem sendo chamado de “nacionalismo de vacina”. Alguns países, como Israel, estão à frente, pois fizeram encomendas vinculativas de vacinas antes mesmo de concederem sua aprovação. A União Europeia, por sua vez, está envolvida em uma disputa com a empresa farmacêutica AstraZeneca, que fracassou no cumprimento das expectativas em Bruxelas. O caso gerou suspeitas de que a fabricante estivesse desviando remessas reservadas pela UE para o Reino Unido.

O ringue, portanto, está armado – embora todos os envolvidos pareçam estar de acordo com a necessidade de cooperação em vez de competição. Parece óbvio que este é um desafio global que requer uma solução global. No Fórum Econômico Mundial, geralmente realizado no resort suíço de Davos, mas convertido para o formato online por causa da pandemia, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, declarou que “agora é a hora do multilateralismo”, acrescentando que o isolamento não ajudará a resolver os problemas que o mundo enfrenta atualmente.

Justiça no processo de vacinação

Tal foi o raciocínio por trás do projeto Covax, lançado em abril de 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceria com a Comissão Europeia e a França, e para o qual 190 países se inscreveram. O objetivo é garantir que as nações mais pobres recebam seu quinhão justo de vacinas. A ideia é boa, “mas o projeto não está obtendo o apoio que merece, nem dos países ricos nem das empresas farmacêuticas”, comenta Stephan Exo-Kreischer, diretor da filial alemã da organização de desenvolvimento One.

Nos últimos dias, fabricantes de vacinas viraram alvo de críticas, pois quase todos os primeiros lotes foram para países industrializados. “Achamos inapropriado que fabricantes ricos de vacinas lucrem com a pandemia. Necessitamos urgentemente de uma estratégia diferente”, disse Stöbe.

A Médicos Sem Fronteiras e a One pedem, portanto, que as gigantes farmacêuticas suspendam patentes e compartilhem as licenças, de forma que as vacinas possam ser produzidas também por outras fabricantes. No entanto, boa parte da indústria farmacêutica rejeita a ideia, argumentando que a perda dos direitos de propriedade intelectual tiraria das empresas o incentivo para investirem no arriscado desenvolvimento de vacinas em futuras pandemias.

Thomas Cueni, diretor geral da Federação Internacional de Associações e Fabricantes Farmacêuticos (IFPMA), disse à DW que ainda há outro aspecto importante a ser levado em conta: “No curto prazo, as demandas para a liberação de informações de patentes relacionadas a vacinas não aumentariam o fornecimento em uma única dose, porque elas não atentam para a complexidade da fabricação de vacinas e ignoram até que ponto os fabricantes de vacinas e empresas farmacêuticas e nações em desenvolvimento já cooperam para aumentar as capacidades de vacinação.”

Além disso, explica, “a euforia com o desenvolvimento de vacinas altamente eficazes criou, de alguma forma, a impressão de que, uma vez desenvolvida a vacina, basta apertar um botão para que um bilhão de doses saiam das fábricas”. “Acho que precisamos estar cientes de quão complexa e difícil é a fabricação de vacinas,” argumenta Cueni.

Exo-Kreischer, da One, discorda. Para o diretor da organização na Alemanha, a produção de algumas das vacinas poderia, sim, ser terceirizada para empresas externas.

Solidariedade global

Além das recentes disputas sobre licenças e patentes, há razões para otimismo quanto às perspectivas de uma distribuição mais equitativa da vacina. Entre as manchetes negativas, a farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca está, na verdade, na liderança. Até agora, trata-se da única fabricante de uma vacina aprovada disposta a vendê-la a preço de custo, além de ter se comprometido a entregar vários milhões de doses ao projeto Covax. A empresa também coopera com o Instituto Serum, da Índia, que possui uma capacidade considerável para a produção de vacinas. E a cooperação está dando frutos: na última segunda-feira (1º/2), a África do Sul recebeu um milhão de doses da vacina AstraZeneca produzida na Índia.

Exo-Kreischer, da One, diz que é do interesse dos próprios países industrializados fornecer vacinas contra covid-19 também para os países mais pobres.

“Se realmente queremos acabar com a pandemia o mais rápido possível, temos que entender que estamos em uma corrida, não uns contra os outros, mas contra o vírus”, diz. “Essa abordagem descoordenada resulta na pandemia se estendendo por mais tempo do que normalmente seria o caso se nós realmente lidássemos juntos com o problema. Isso resultará em custos imensos para a economia mundial e aumenta o risco de mutações do vírus.”

As mutações, por si só, pode ter consequências de longo prazo. As vacinas existentes podem não ser eficazes contra elas. É uma corrida contra o tempo.

Uma corrida que até agora passou longe do Malaui, onde não há cabines de vacinação nem calendários de imunização. “Aqui, seria vital que a solidariedade global que há meses nos foi prometida se concretizasse”, afirma Stöbe. “Mas pelo que posso ver aqui no Malaui, isso não está sequer no horizonte.”

Fonte: DW Brasil

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Farmácias americanas podem administrar até 100 milhões de doses de vacina por mês

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Para estimular a adesão à vacinação contra a Covid-19, o governo norte-americano fechou uma parceria com as grande redes de farmácia do país. As remessas dos imunizantes serão encaminhadas para algumas farmácias selecionadas na próxima semana, sob um programa federal que visa a vacinar mais pessoas rapidamente. Vinte e um parceiros farmacêuticos nacionais e redes de farmácias independentes, que representam mais de 40 mil em todo o país, estão participando do programa, de acordo com governo.

Na primeira fase do plano de distribuição, 1 milhão de doses serão enviadas para cerca de 6.500 lojas a partir de 11 de fevereiro. Muitas farmácias já vacinam as pessoas contra várias doenças, incluindo gripe e herpes zoster. Segundos especialistas afirmam que as farmácias em todo o país terão capacidade para administrar 100 milhões de doses da vacina Covid-19 assim que o suprimento estiver disponível.

O Walmart oferecerá a vacina em algumas de suas lojas de 22 estados. A rede disse que espera ser capaz de administrar de 10 a 13 milhões de doses por mês.

Fonte: Redação Panorama Farmacêutico


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Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2020/12/16/abrafarma-divulga-plano-de-vacinacao-da-covid-19-em-farmacias/

Drogarias Coop investem em dermoconsultoras para ampliar vendas

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Em 2020, as vendas de cosméticos e perfumaria em farmácias cresceram mais de 40%, segundo levantamento realizado pela Nielsen Brasil. De olho no potencial desse segmento e como forma de proporcionar mais um benefício aos seus cooperados e clientes, algumas drogarias Coop passaram a contar com dermoconsultoras.

As profissionais auxiliam o cliente na compra mais assertiva do produto e orientam quanto à conduta correta de aplicação. No mix encontram-se sabonetes específicos para cada tipo de pele; águas termais e séruns fortalecedores; tratamentos com vitamina C; hidratantes e protetores solares, os quais devem ser escolhidos de acordo com o tipo de pele de cada pessoa, dentre outros. A linha total soma cerca de 700 itens de 30 laboratórios.

As dermoconsultoras foram treinadas e capacitadas em trabalho realizado pela área de Educação Corporativa, em parceira com as indústrias e hoje são encontradas nas lojas: Drogaria Industrial, Bandeiras, Lino Jardim (Santo André), Drogaria Getúlio Vargas (São Bernardo), Drogaria Kennedy (São Caetano), Drogaria Árvore Grande (Sorocaba) e Coronel Seabra (Tatuí).

drogaria é um dos negócios da Coop, com mais de 895 mil cooperados ativos e cerca de 6 mil colaboradores diretos. São 60 lojas localizadas no Grande ABC,  São Paulo, Barueri, Piracicaba, São José dos Campos, Sorocaba e Tatuí.

Fonte: Redação Panorama Farmacêutico


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Blau Farmacêutica promete medicamentos mais acessíveis com inauguração de novo laboratório biotecnológico

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Beatriz Calais

5 de fevereiro de 2021 Forbes Saúde, Forbes Tech

Estúdio Manica

Marcelo Hahn fundou a empresa com 19 anos e um investimento inicial de US$ 20 mil

Herdeiro de uma família apaixonada pela química, Marcelo Hahn, CEO da Blau Farmacêutica, comemora a inauguração de mais uma planta em sua indústria milionária. Dedicado à produção de IFAs (insumos farmacêuticos ativos) biotecnológicos, o projeto, no complexo industrial em Cotia, na região metropolitana de SP, é um grande passo para a independência do Brasil no que diz respeito à fabricação de diversos medicamentos. Orgulhoso pela conquista, relembrar o início de tudo, há 33 anos, faz com que Hahn apenas potencialize o sentimento de vitória.

O CEO não esconde a paixão familiar pela área. “Eu falo que não tenho o DNA dessa indústria, tenho o cromossomo”, brinca. “Meus bisavós, avós, pais, todos eles trabalhavam em farmacêuticas”. Sendo assim, aos 19 anos, após cursar um ano de farmácia nos Estados Unidos, Hahn sentiu que já era hora de seguir o destino de sua árvore genealógica. Vendeu seu carro e, com US$ 20 mil, investiu em uma empresa que importava preservativos e vendia no Brasil sob a marca Preserv. Embora o início da empresa pareça muito diferente do cenário atual, uma característica sempre esteve presente: o pioneirismo. Ele conta que resolveu apostar em um mercado que, em 1987, com a explosão de casos de HIV e poucas marcas de preservativos circulando pelo Brasil, ainda era sonolento.

Em 2021, com uma nova planta de 3.000 metros quadrados e investimento de cerca de R$ 200 milhões, o pensamento é o mesmo. Segundo Hahn, atualmente, os medicamentos biotecnológicos representam 29% de todo o mercado farmacêutico. O Brasil, no entanto, ainda é fortemente dependente de importações, o que gera dificuldades para o avanço da ciência no país.

“O controle total de todo processo produtivo é muito importante”, diz o CEO. Como um dos primeiros pontos problemáticos da importação, ele cita insegurança e risco financeiro. “Quando o IFA chega ao Brasil, é preciso fazer uma comprovação científica do produto através de estudos clínicos. Com isso, você fica dependente de comprar sempre do mesmo fornecedor porque, caso mude, será necessário fazer um novo estudo clínico, um investimento de alto valor.” Dessa forma, produzir no Brasil entrega a segurança de ter o controle de seu próprio fornecimento. “Não dependemos de terceiros.”

Além disso, em solo nacional, é possível driblar o timing e a logística de uma importação. Greves e fechamentos de fronteiras não são mais questões a se preocupar. “Nesse momento do país, tivemos diminuição do número de voos, falta de contêineres para transportar os produtos, aumento nos valores de insumos e desvalorização cambial. Tudo isso gera uma balança de preços irracional, capaz de sucatear parques industriais”, revela Hahn.

A partir desse contexto, a nova planta em Cotia entrega um resultado certeiro: medicamentos mais acessíveis e acesso a tratamentos mais avançados. Com um time de 120 pesquisadores, o foco é a produção de quatro IFAs biotecnológicos: alfaepoetina (indicada para o tratamento da anemia causada pela insuficiência renal crônica e anemia secundária a quimioterapia), somatropina (hormônio de crescimento), filgrastim e pegfilgrastim (indicados para pacientes submetidos a quimioterapia citotóxica ou transplante de medula óssea). Sobre vacinas contra Covid-19, Hahn diz que a empresa seria capaz de produzir, apesar de drogas virais não serem o foco da companhia, caso tivesse acesso a receita e clones necessários. “Mas o governo monopoliza.”

Os quatro insumos, agora, compõem o portfólio com mais de 120 produtos da marca. “Já temos cinco fábricas no país. A partir dessa estrutura, entregamos medicamentos diversos para hospitais –oncológicos, anestésicos e antibióticos, entre outros–, 95% deles injetáveis.” O resultado é uma empresa com mais de 1.300 colaboradores, R$ 1,14 bilhão de faturamento anual (referente ao período de setembro de 2019 a setembro de 2020), e um crescimento constante de 29% ano a ano. Fundada em um país que dependia de IFAs importados, a Blau Farmacêutica se tornou exportadora para a América do Sul como um todo e para países como Malásia, Tailândia, Vietnã e Taiwan.

Embora o cenário pareça cada vez mais favorável, Hahn revela enxergar uma infeliz piora no mercado farmacêutico nesses 33 anos de trajetória. Quando ele decidiu deixar os preservativos para trás e ingressar no ramo de medicamentos, em 1990, ainda tinha muita esperança de um avanço organizado da ciência. Agora, o empreendedor vê uma monopolização de recursos que deixa as empresas privadas de mãos atadas em diversas situações. “No caso da vacina contra a Covid-19, por exemplo, nós temos espaço e tecnologia para ajudar a produzir em nossas plantas industriais. Poderiam nos convocar”, desabafa.

Apesar dos pesares, o empreendedor tem orgulho de protagonizar o empenho da família Hahn no setor. As indústrias de seus antecessores não se desenvolveram como a Blau Farmacêutica, mas foi no chão de seus laboratórios que ele cresceu e começou a trilhar um caminho de pioneirismo na ciência brasileira.

Fonte: Forbes Brasil

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