Pesquisas clínicas convivem sempre com incertezas, mas as que fracassam podem ter custo alto. E um levantamento do portal Fierce Pharma relacionou 10 ensaios que apresentaram resultado desastroso em 2023.
A consultoria Deloitte ajuda a entender o peso desse insucesso, ao apontar que o desenvolvimento de um novo medicamento gera, em média, investimentos de US$ 2,3 bilhões.
Algumas dessas pesquisas clínicas arrastaram as indústrias farmacêuticas para baixo no mercado de ações, causando preocupação da comunidade científica em relação à ausência de terapias para determinada doença ou redirecionando as esperanças para opções alternativas.
Confira as pesquisas clínicas que mais fracassaram em 2023
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Mosaico
Indicação: vacina contra HIV
Patrocinador: Janssen
Em 18 de janeiro de 2023, a Janssen anunciou que a fase 3 do estudo sobre o Mosaico, realizado em várias partes do mundo, havia falhado. Posteriormente, a farmacêutica encerrou a unidade de pesquisa e desenvolvimento de doenças infecciosas
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Rezpeg
Indicação: Doenças autoimunes e inflamatórias
Patrocinador: Nektar Therapeutics
O medicamento desenvolvido em parceria com a Eli Lilly falhou em um ensaio clínico de fase 2 para tratamento de lúpus. A Lilly acabou abandonando o ensaio para o lúpus e disse que reavaliaria o desenvolvimento para a dermatite atópica. Mas, meses depois, a Nektar acusou a farmacêutica parceira de estragar a análise dos dados de um ensaio de fase 1b, o que foi confirmado
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BEN-2293
Indicação: Eczema
Patrocinador: BenevolentAI
O inibidor tópico não superou o placebo no teste de gravidade do eczema ou da coceira causada pela dermatite atópica. O BEN-2293 também já havia registrado resultados inconclusivos nos testes da fase 1b
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Sitravatinibe
Indicação: Câncer de pulmão
Patrocinador: Mirati Therapeutics
A Mirati Therapeutics estava pronta para inaugurar sua próxima era com o sitravatinibe, esperando ver um benefício de sobrevida global de 3,5 meses. A empresa optou por encerrar o desenvolvimento do medicamento. Em outubro de 2023, o laboratório foi adquirido pela Bristol Myers Squibb por US$ 5,8 bilhões, preço considerado baixíssimo por analistas do mercado de ações
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Tarcocimabe tedromer
Indicação: Edema macular diabético
Patrocinador: Kodiak Sciences
O medicamento não trouxe ganhos de acuidade visual após 64 semanas quando comparado à terapia aprovada pela Regeneron. Além disso, a Kodiak relatou um “aumento inesperado de casos de catarata”. Após uma pausa, a companhia anunciou a reinicialização do estudo em novembro
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Izokibep
Indicação: Hidradenite supurativa
Patrocinador: Acelyrin
A surpreendente falha dessa pesquisa causou choque no mercado, uma vez que a companhia usou o medicamento para angariar um IPO de US$ 540 milhões. Mas a onda de entusiasmo desabou quando os dados mostraram que o tratamento não conseguiu vencer o placebo no desfecho primário. As ações despencaram 58%. Posteriormente, a biofarmacêutica alegou que a falha pode ter sido causada por um erro de programação, o que teria impedido a destinação da dosagem correta aos pacientes testados
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Efruxifermina
Indicação: Esteato-hepatite associada à disfunção metabólica (MASH)
Patrocinador: Akero Therapeutics
A efruxifermina não conseguiu reduzir significativamente a fibrose em pacientes com cirrose na fase 2b do estudo. Em dezembro teve início a fase 3, mas o alvo mudou e os testes passaram a ser aplicados em pessoas no estágio pré-cirrótico. Os dados são esperados para março
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Elevidys
Indicação: Distrofia muscular de Duchenne (DMD)
Patrocinador: Sarepta Therapeutics
A realização do estudo foi aprovada em junho de 2023, mas o tratamento não resultou na melhoria das funções motoras básicas. Apesar disso, a farmacêutica prometeu prosseguir com a pesquisa e insistiu em afirmar que o ensaio “atendeu ao padrão” ao mostrar “evidências de eficácia”
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Asundexian
Indicação: Fibrilação atrial com risco de acidente vascular cerebral
Patrocinador: Bayer
O inibidor deveria ser um rival do blockbuster da Pfizer, o Eliquis, mas não correspondeu às expectativas em um ensaio de fase 3. A Bayer encerrou a pesquisa após planejar ganhos de US$ 5,5 bilhões por ano com o medicamento, que poderia inclusive substituir a receita do anticoagulante Xarelto
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Evobrutinibe
Indicação: Esclerose múltipla
Patrocinador: Merck KGaA
O medicamento não superou a eficácia do Aubagio, da Sanofi, em dois ensaios clínicos de fase 3 para tratamento de esclerose múltipla. Para piorar o cenário, a concorrência é acirrada, pois Biogen, Novartis e Roche também começaram seus ensaios voltados exatamente a essa classe terapêutica