População enfrenta falta de medicamentos nas unidades de saúde e Poupatempo

Acompanhe as principais notícias do dia no nosso canal do Whatsapp

Não bastasse a pandemia que se arrasta há mais de um ano, no ABC a população ainda sofre com a falta de medicamentos de uso contínuo para outras doenças. A escassez vai desde os mais comuns, como ácido acetilsalicílico, até remédios para quem sofre de hipertensão arterial, diabetes e depressão. O problema ocorre nas farmácias das prefeituras e até na de medicamentos de alto custo do governo do Estado.

Exemplo está na falta de insumos para diabéticos. Larissa Gabrielle Gonçalves, de 24 anos, foi diagnosticada em novembro de 2020 e, desde fevereiro, tem dificuldade de obter insulina de ação rápida, conhecida como Asparte, e agulhas para a caneta de aplicação, que possuem prazo de validade. ‘Fui pegar as insulinas em fevereiro e elas venciam em março. Eu uso as canetas de 4 a 5 vezes por dia e são distribuídas somente 31 agulhas por mês’, conta a jovem que retira os insumos no Hospital Estadual Mário Covas.

Siga nosso Instagram: https://www.instagram.com/panoramafarmaceutico/

Larissa também retira outros remédios no posto de saúde do Parque Novo Oratório, em Santo André, e relata que desde o começo do ano não consegue. ‘Vou no posto para retirar outras coisas, como lancetas, fitas, caixa de descarte e glicosímetros mas, sempre que vou até lá, saio de mãos vazias, preciso comprar em farmácias e gastar muito dinheiro’ reclama.

Rosangela Tavares retira os insumos para o filho diabético de 12 anos no Hospital Mário Covas e também notou que, nos últimos meses, as insulinas estão com as datas de validade muito próximas ao dia da retirada dos insumos. ‘Eles têm nos entregado medicamentos que vencem uma semana depois. Este tipo de insumos deve durar por meses e não só uma semana’, reclama.

Quem precisa retirar medicamentos em São Paulo por razões judiciais ou por conta do envio destes remédios e insumos, está preocupado. Uma moradora de Santo André, que preferiu não se identificar, retira insumos na Unidade de Saúde Tenente Pena, em São Paulo, e contou que um sensor para utilizar uma bomba que estabiliza a glicose está em falta. ‘Uso a bomba 24h e não tenho condições de comprar o sensor porque é muito caro e, ultimamente, não tenho conseguido o produto na unidade’, relata.

Falta comunicação

Em Santo André, há dois meses uma moradora (não quis se identificar) não consegue retirar o levotiroxina sódica na unidade de saúde da rua Campos Sales. A informação que recebe é que o medicamento, indicado para tratamento de problemas com a tireoide, está em falta em toda a rede e sem previsão de abastecimento. A munícipe reclama que a recomendação do posto é o paciente retornar outras vezes. Diz que telefonou duas vezes na unidade para tentar saber se o remédio chegou, porém a informação é que a farmácia não tem ramal para atender. ‘É um absurdo ouvir isso, além de ter de comprar o produto e o risco do coronavírus, o posto não utiliza sequer um aplicativo, como Whatsapp, para dar informação e evitar o deslocamento da população’, reclama.

Quase 40% da lista

Das sete cidades, apenas São Bernardo e São Caetano informaram que não registram falta de remédios nas farmácias. A situação mais grave é em Mauá, onde 37,5% da lista de 176 medicamentos fornecidos pelo município está em falta, desde os mais simples, como o ácido acetilsalicílico, até os indicados para controle da pressão arterial.

Em nota, Mauá informa que, em janeiro, a nova gestão se deparou com a falta de atas vigentes de medicamentos e insumos. ‘A administração investe esforços para dar andamento aos processos licitatórios, para abastecer a rede de saúde. Os processos de compras em órgãos públicos são regidos pelas leis 8.666/93 e 10.520/2002, cujos trâmites são burocráticos e lentos. De uma lista com 176 medicamentos faltam 37,50%. Do total, 18,75% são de uso contínuo, como ácido acetilsalicílico 100 mg; amitriptlina, cloridrato 25 mg; fluoxetina, cloridrato 20 mg; furosemida 40 mg; levotiroxina sódica; propanolol, cloridrato 40 m;, espironolactona 25 mg e hidroclorotiazida 25 mg. A Secretaria de Saúde tem atendimento telefônico, desta forma, sempre que o paciente solicita informações sobre a disponibilidade do item ele é avisado’, diz a nota.

Em Diadema, a falta é de neuroléptico, vitamina D, vitamina B1, antidiabético, diurético simples, antitérmico, antianêmico, antidiabético e diurético simples, sendo os dois últimos de uso contínuo. ‘Notificamos a empresa fornecedora em caso de atraso na entrega, entramos em contato com os fabricantes existentes no mercado para verificar se realmente a informação de falta de insumo procede e orientamos os pacientes a retirar no Programa da Farmácia Popular, aqueles itens cuja retirada no programa é feita de forma gratuita’, sustenta a administração em nota.

Ribeirão Pires também relata a falta de medicamentos de uso contínuo, como xarelto 20ml, para tratamento de trombose, e o leuprolerina, usado por pacientes com endometriose. ‘Vamos notificar os fornecedores que não têm fornecido os medicamentos, para que uma solução seja tomada. Em último caso, se a falta de medicamentos prosseguir, poderá ser realizada a interrupção do contrato e aberto um novo processo licitatório com uma nova empresa, que poderá fornecer e atender a demanda necessária’, diz a Prefeitura.

Santo André e Rio Grande da Serra, não responderam aos questionamentos do RD.

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2021/04/18/fidelizar-clientes-e-a-prioridade-do-varejo-farmaceutico-no-ano/

Estado

As farmácias de alto custo do governo do Estado, que no ABC funcionam no Mário Covas e Poupatempo de São Bernardo, fornecem mais de 200 tipos de medicamentos. A reportagem indagou a Secretaria Estadual de Saúde sobre a lista de medicamentos faltantes, mas o órgão não informou. Apenas respondeu sobre os medicamentos Asparte e Basaglar, tipos de insulina usados para pacientes com diabetes. ‘Os medicamentos Asparte e Basaglar fazem parte da lista de medicamentos adquiridos pelo Ministério da Saúde, responsável pelo planejamento, compra e compartilhamento com os estados que, por sua vez, apenas redistribui para as farmácias, à medida que os lotes chegam. O Asparte foi enviado pelo órgão com a validade próxima do vencimento. As farmácias estão sendo contatadas para verificar a demanda e a possibilidade de consumo com segurança para os pacientes. O Estado aguarda também a aquisição do Basaglar pelo governo federal, que ainda não foi concluída e, assim, impactou a distribuição e assistência aos pacientes das Farmácias de Medicamentos Especializados’, respondeu.

Fonte: Reporter Diário

Notícias Relacionadas