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Por que tanta coisa ficou cara em 2021? Entenda a partir de análises de economistas

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Os impactos negativos da pandemia de coronavírus para a economia em 2021 já eram previstos, mas essa é a única causa? Segundo os economistas Haroldo Torres, gestor de projetos do Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas (Pecege), e Igor Vasconcelos Nogueira, professor da área de gestão do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), há uma série de outros fatores.

Ao g1, os especialistas explicaram não apenas os motivos dessas altas sucessivas, como traçaram uma comparação entre elas e o reajuste do salário mínimo, apontaram que medidas devem ser tomadas pelo poder público e população diante do cenário e perspectivas para 2022. Confira a seguir:

Esta reportagem integra a série ‘Custo de Vida’, que o g1 Piracicaba publica ao longo desta semana para mostrar os impactos provocados pelos aumentos nas despesas básicas da população em 2021.

Quais foram as principais causas dos aumentos nos preços básicos?

Energia elétrica: Segundo os dois economistas, o motivo das altas em 2021 foi a crise hídrica, que fez com que, além das hidrelétricas – que aproveita a água para a produção -, fossem acionadas termelétricas para garantir o abastecimento da população com eletricidade.

Até outubro, a alta acumulada da energia em 12 meses era de 28,82%, segundo o gerente do IPCA, Pedro Kislanov. Já para 2022, a previsão é de um reajuste médio de 21%.

“Termelétricas são movidas por combustíveis fósseis na sua grande maioria e, consequentemente, faz com que o preço da energia elétrica suba de maneira substancial”, diz Nogueira. Torres reforça que o custo de produção das termelétricas é “muito maior”.

Gás de cozinha e combustíveis: Os economistas explicam que estes preços estão ligados ao mercado internacional.

“O preço no mercado doméstico da gasolina é um vetor de duas variáveis: câmbio e petróleo. E nós tivemos em 2021 um aumento dessas duas variáveis, uma desvalorização da moeda brasileira, fruto do risco fiscal, e do outro lado, uma desvalorização e, consequentemente, um aumento muito forte do barril do petróleo no mercado internacional”, detalha Torres.

Nogueira lembra que o preço dos combustíveis impactam desde a produção de insumos básicos para alimentos até o transporte dos produtos, que no Brasil é, principalmente, rodoviário.

“[Com o reajuste dos combustíveis] temos um expressivo aumento dos preços dos nossos produtos de maneira geral”, aponta o professor da IFSP.

Itens de alimentação: Torres cita uma série de fatores, desde crise hídrica e aumento no custo de produção agrícola à desvalorização cambial e aumento do preço do petróleo.

“Do outro lado, tivemos um choque negativo de oferta. Basicamente, passamos por uma severa estiagem, uma seca profunda, que levou à queda de produtividade de diversas culturas”, diz o gestor de projeto da Pecege.

Reajuste de salário mínimo e auxílios sociais equilibram a balança?

Para Igor Vasconcelos Nogueira, tais medidas não são suficientes atualmente.

“O aumento que seria por meio do reajuste do salário mínimo vai ser inferior ao aumento inflacionário. Então, nesse cenário, as famílias brasileiras vão, em 2022, sentir muito em relação ao aumento dos preços”.

Na análise de Haroldo Torres, mesmo que o próximo reajuste no salário mínimo siga o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), o que seria o maior aumento em seis anos, não quer dizer que a população vai receber ganhos reais.

“Isso porque nós estamos fazendo uma correção apenas pela inflação, apenas para repor o poder de compra da população, que foi massacrada pela inflação. Portanto, é um paliativo, sem ganhos reais, mas visando corrigir parcialmente o que foi corroído pela inflação”, explica.

Já em relação a rendas de apoio social, como o Auxílio Brasil, os economistas explicam que, neste momento, servem apenas para que a população vulnerável compre itens básicos para sobrevivência. Itens que, no entanto, também foram afetados pelo cenário econômico deste ano.

“É um programa direcionado à população mais vulnerável, que compromete a maior parcela de sua renda com a alimentação, itens que sofreram um ajuste e uma inflação extrema no ano de 2021”, aponta Torres.

Como amenizar os impactos?

Para Nogueira, o caminho para melhorar o cenário em 2022 passa por políticas públicas que gerem um aumento produtivo e ampliem as exportações, para aproveitar o aumento do dólar.

“Precisamos atrair investimentos para o Brasil. Investimentos que sejam a longo prazo, quem queira investir, quem queira produzir neste país, realmente”, explica. O professor aponta, ainda, a necessidade de investir em fontes de energia alternativas às termelétricas, como eólica e solar.

Já Torres aponta alternativas para a população por meio do “efeito substituição”, pelo qual o consumidor escolhe itens alternativos mais baratos no mercado ao invés dos que tiveram maiores altas.

“A grande saída para equilibrar neste momento é pesquisar, olhar para bens substitutos. E vamos até olhar para o cenário da energia elétrica. É um caso de economia dentro de casa, ou seja, evitar luzes acesas, evitar o desperdício”.

O que esperar de 2022?

Nogueira aponta que as perspectivas para 2022, caso não haja mudanças na atual política econômica, não são otimistas.

“Na melhor das hipóteses, teremos uma estagnação, algo que vivemos em 2021. Mas, podemos ter a consequência, devido ao ano eleitoral, de uma piora neste cenário. Para que possamos ter uma perspectiva melhor, [é necessário] que adote uma política econômica desenvolvimentista para que possamos ter um impacto menor”. Ele lembra, ainda, que novos avanços da pandemia também podem agravar o cenário.

Já Torres diz que está ocorrendo uma “perda de fôlego da economia”. “Vamos ter uma inflação menor, comparativamente a 2021, porque o Banco Central estará atuando através da taxa de juros, elevando a taxa de juros como forma de conter a inflação. Portanto, o aumento da taxa de juros leva a um outro mal: uma provável redução do nível de crescimento da economia brasileira”.

Fonte: G1.Globo

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/gasolina-a-r-7-crise-hidrica-precatorios-o-que-marcou-a-economia-em-2021/

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