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Crise financeira atinge fabricantes de antibióticos

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Relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), divulgado em dezembro de 2019, revela que as infecções resistentes a antibióticos matam 35 mil pessoas por ano nos Estados Unidos, adoecendo cerca de 2,8 milhões. O fato tem causado o fechamento de diversas empresas, assim como de startups fabricantes antibióticos, como a Achaogen e a Aradigm, que faliram nos últimos meses. As informações são dos jornais Folha de S.Paulo e do The New York Times.

Grandes laboratórios como a Novartis e Allergan deixaram de fabricar antibióticos e muitas outras estão à beira da falência. Uma delas é a Melinta Therapeutics, que recentemente avisou aos órgãos reguladores que suas reservas de dinheiro estão se esgotando. Segundo analistas do mercado, a crise financeira que ameaça as poucas empresas que ainda realizam pesquisas para novos antibióticos está afastando os investidores, em função da pouca rentabilidade com a venda destes medicamentos.

Ocorre que, ao contrário dos remédios para doenças crônicas como diabetes ou artrite reumatoide, que apresentam grande potencial de  venda, a maioria dos antibióticos é prescrita por apenas alguns dias ou semanas, e muitos hospitais não se dispõem a pagar um preço alto pelos medicamentos novos. Sem eles, a ONU acredita  que os mortos em todo o mundo podem chegar a 10 milhões por ano até 2050.

Os antibióticos mais novos já se mostraram eficazes contra alguns dos micróbios mais letais e resistentes, incluindo o antraz, pneumonia bacteriana, E. coli  e infecções de pele multirresistentes. A Achaogen passou 15 anos e gastou US$1 bilhão para conseguir a aprovação pela Food and Drug Administration (FDA) do Zemdri, para combater infecções do trato urinário. A Organização Mundial de Saúde (OMS) acrescentou o medicamento à sua lista de medicamentos novos essenciais, mas a empresa não conseguiu levantar recursos suficientes para levar o medicamento ao mercado, decretando falência em 2018.

Outro desafio enfrentado pela indústria está na relutância dos médicos em prescrever os medicamentos mais recentes, o que limita a capacidade dos fabricantes de recuperar os investimentos que fizeram na descoberta dos compostos e para conseguir sua aprovação regulatória. E, como parte de esforços para poupar dinheiro, muitas farmácias hospitalares oferecem remédios genéricos mais baratos aos pacientes, mesmo quando existe um produto mais novo e de qualidade muito superior.

Muitos dos medicamentos novos não são baratos, pelo menos não em comparação com os genéricos mais antigos, que podem custar alguns dólares por comprimido. Um tratamento normal com Xerava, antibiótico da Tetraphase recém-aprovado que combate infecções multirresistentes, pode sair por até US$ 2.000 (R$ 8.000). Recentemente a empresa fechou laboratórios e abandonou planos de desenvolver três outros antibióticos promissores.

Alguns dos maiores atores do setor se uniram para propor uma série de intervenções e incentivos que encarariam os antibióticos como um bem global. As medidas incluem a estender o prazo de exclusividade de antibióticos novos, para dar às empresas mais tempo para recuperar seus investimentos, e a criação de um programa para a formação de um estoque de antibióticos críticos, do mesmo modo como o governo federal americano armazena um estoque de medicamentos de emergência para enfrentar possíveis pandemias ou ameaças de bioterrorismo, como varíola ou antraz.

Fonte: Redação Panorama Farmacêutico

Leia também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2019/11/29/uso-inadequado-de-antibioticos-aumenta-resistencia-de-bacterias/

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