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SUS vai oferecer medicamento contra HIV como alternativa de prevenção para populações de risco

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O Ministério da Saúde anunciou, nesta quarta-feira (24), que o Sistema Único de Saúde passará a adotar o procedimento conhecido como PrEP — Profilaxia Pré-Exposição — para populações com maior risco de infecção pelo HIV.

A profilaxia pré-exposição consiste na utilização do medicamento antirretroviral Truvada em pessoas não infectadas, antes mesmo que elas sejam expostas ao vírus. O Brasil vai ser o primeiro país da América Latina a utilizar essa estratégia como política de saúde pública, de acordo com o ministro Ricardo Barros.

— É importante ainda que a camisinha continue sendo usada como forma de prevenção.

A indicação da PrEP não é para população em geral. Seu uso será permitido para pessoas com mais de 18 anos que sejam consideradas de maior risco, como profissionais do sexo, transexuais, homens que fazem sexo com homens e casais sorodiscordantes – quando é HIV positivo e outro, não.

O uso também não será automático. Pessoas que se encaixam nesse perfil devem fazer exames para verificar se já não são portadoras do vírus e, sobretudo, se estão dispostas a manter o uso do medicamento por um período de tempo.

Estudos com adolescentes

Começa em julho em três capitais o primeiro estudo brasileiro para avaliar entre adolescentes o uso da PrEP (Profilaxia Pré-exposição), medicamento que poderia reduzir o contágio de HIV. Feito em parceria do governo brasileiro com a organização Unitaid, o trabalho pretende avaliar a eficácia do tratamento entre jovens de 15 a 18 anos integrantes do grupo de maior risco, como garotos gays e bissexuais e mulheres transexuais. Os estudos feitos até agora avaliaram o impacto da profilaxia em adultos.

A pesquisa será conduzida em São Paulo, Salvador e Belo Horizonte. Segundo a diretora do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, Adele Benzaken, afirmou que dois mil adolescentes serão acompanhados.

— O estudo vai observar vários pontos: a adesão do grupo ao tratamento e, sobretudo, os efeitos que o uso contínuo do medicamento pode apresentar na população dessa faixa etária.

Pesquisas feitas até o momento indicam que a PrEP tem efeitos colaterais limitados entre adultos, como náuseas e, em alguns casos, alterações da função renal.

— Mesmo diante da constatação do risco da alteração na função renal, não foi recomendada a interrupção do tratamento, por causa da proteção apresentada.

O que pesquisadores vão avaliar nessa nova etapa é se essas reações se repetem na população mais jovem.

— Mas, da mesma forma que adultos, a recomendação é de que as demais estratégias de prevenção não sejam interrompidas.

Isso significa não abandonar o uso de camisinha, fazer testes periódicos para HIV e, eventualmente, o uso da terapia pós-exposição, recomendada quando a pessoa enfrentou uma situação de risco de contágio, como relações sexuais desprotegidas.

Os estudos apontados até agora indicam que a estratégia é válida para os grupos considerados de maior risco. No Brasil, são registrados 0,4 casos de HIV a cada 100 mil habitantes. Em alguns casos, no entanto, a taxa é mais expressiva, como pessoas que se prostituem e homens gays e bissexuais. Embora o risco seja alto entre dependentes químicos, a PrEP não será ofertada para o grupo.

— Isso será feito de forma indireta. Caso o profissional do sexo faça uso de drogas, o tratamento será ofertado.

De acordo com Adele, dependentes químicos não foram incorporados por falta de estudos específicos com essa população.

Início em seis meses

A distribuição do medicamento antirretroviral pelo SUS deve se iniciar em aproximadamente seis meses após a publicação do Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas, que está prevista para a próxima segunda-feira (29). Para ter acesso ao medicamento, os pacientes passarão por uma avaliação de vulnerabilidade e contextos de vida, explica Barros. A estimativa é de que 7 mil pessoas sejam beneficiadas.

Ainda segundo o Ministério, o investimento inicial será de R$ 6,2 milhões (US$ 1,9 milhão), para a compra de 2,5 milhões de comprimidos — quantidade que supre a demanda de um ano de tratamentos.

Fonte: R7.com

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