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Funcionários tentam evitar demissões na Poupafarma

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Poupafarma
Nando Santos/Boqnews

A semana da Poupafarma começou com lojas fechadas na Baixada Santista, no Vale do Paraíba e na cidade de São Paulo. Segundo a rede, seria um fechamento temporário para “reorganização de sistemas, operações e padrões de abastecimento”. Mas os movimentos desta quarta-feira, 8 de fevereiro, mostraram outra realidade.

Com apoio de entidades de classe, funcionários da empresa mobilizaram-se para evitar demissões e ter uma resposta a pendências como o não pagamento dos salários de janeiro, a falta de depósito do FGTS, a suspensão do vale-refeição e de planos de saúde.

Na manhã do dia 8, a Fecomerciários, sindicatos de práticos de farmácia de São José dos Campos, São Paulo e Santos se reuniram com representantes da Poupafarma. As entidades solicitaram documentos para atestar a real situação econômica da empresa, que reconheceu as dificuldades para honrar todos os compromissos com trabalhadores e também fornecedores.

Os participantes da reunião alinharam um segundo encontro para o dia 20 de março. Mas a rede informou que os planos de saúde e odontológicos já estão disponíveis e prometeu a regularização do vale-transporte e vale-refeição até a próxima semana. Além disso, solicitou parcelamento à Caixa Econômica Federal para quitar os meses em aberto do FGTS.

Já na noite de quarta-feira, uma assembleia extraordinária convocada pelo Sinfar-SP contou com 150 funcionários e colaboradores da rede, que emprega em torno de 2 mil profissionais.

Entenda a crise da Poupafarma

Os primeiros sinais de crise na Poupafarma apareceram no último dia 3, quando os funcionários receberam o aviso de antecipação do horário de fechamento das unidades. Porém, no domingo, um novo comunicado afixado nas lojas indicava o fechamento por uma semana até o dia 12, sem desconto em folha de pagamento.

Em reação a esse cenário, a empresa emitiu uma nota oficial informando que pretende evoluir para um “sistema multicanal, com forte ação das plataformas digitais desenvolvidas nos últimos dois anos”. A operação de lojas físicas passa por uma reavaliação e parte dos PDVs pode ser negociada ou migrar para um sistema de franquias. No entanto, até a loja virtual está desativada, segundo consta no próprio site oficial.

O grupo confirmou ainda que espera atrair novos parceiros de investimento, apesar de ponderar fatores como a crise de financiamentos do setor de varejo e as elevadas taxas de juros. Mas segundo fontes do mercado, um grupo do segmento farmacêutico já visitou algumas unidades para conhecer as lojas e ver a possibilidade de compra. E este seria o motivo do fechamento, a fim de agilizar as negociações e evitar o desgaste entre clientes e funcionários em decorrência da falta de mercadorias nas gôndolas – o que inclui reclamações sobre falta de analgésicos e anti-hipertensivos.

Ex-CEO se posiciona

Consultado pela redação do Panorama Farmacêutico, o ex-CEO da Investfarma, Sérgio Nóia, informou que deixou a direção da empresa em 30 de dezembro do ano passado por questões pessoais e passou o mês de janeiro em período de transição, já não respondendo mais pela companhia. “Foi o fechamento de um ciclo em comum acordo, uma vez que, a partir desta data, a Investfarma precisava tomar decisões estruturais que teriam que ser decididas pelos acionistas e não pelo gestor”, explica.

Quando assumiu o cargo, em fevereiro de 2022, o objetivo era dinamizar a empresa com a implementação do e-commerce da Poupafarma e troca da plataforma da Farmadelivery para que a empresa estivesse atualizada tecnologicamente e atuando na multicanalidade, atendendo os clientes tanto no físico como no digital. Também havia o propósito de deixá-la atrativa a futuros investidores, o que contribuiu para dar fôlego ao negócio, que já vinha sofrendo com problemas estruturais. “Mesmo não sendo oriundo do setor, me cerquei de profissionais especialistas no canal farma com o propósito de atuar dentro das melhores práticas do mercado”, finaliza.

Destino da Poupafarma na visão de especialistas

Fontes ouvidas pelo Panorama Farmacêutico avaliam que a Poupafarma caminha para o mesmo destino de grupos como Brasil Pharma e Drogaria São Bento. Essas empresas fecharam as portas após começarem a enfrentar barreiras para viabilizar a operação e sanar dívidas com credores e funcionários.

Criada em 2007 e hoje com mais de 80 unidades em 31 municípios paulistas, a Poupafarma foi a primeira aquisição da InvestFarma, holding constituída em 2018 pelo fundo de private equity Stratus e que integra também a Farmadelivery. Em meados de 2022, o grupo projetava terminar o ano com R$ 1 bilhão de faturamento, mas a receita estaria bem aquém das expectativas.

 

Fonte: Redação Panorama Farmacêutico

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