A manhã de quinta-feira, dia 18, começou quente na redação do Panorama Farmacêutico. O portal teve acesso a um áudio raivoso de Fernando Marques, presidente da União Química, contra a Anvisa (confira abaixo na íntegra). Na mensagem, que teria sido enviada ao presidente Jair Bolsonaro, o empresário acusa a agência de barrar a liberação da vacina russa Sputnik V no Brasil por interesses políticos.
Na versão de Marques, a autarquia estaria atuando com a intenção de beneficiar o governador de São Paulo João Doria (PSDB), por meio do Instituto Butantan; e ainda o PT e o PCdoB, que teriam “na mão” a Fiocruz, responsável pela produção do imunizante da AstraZeneca e da Universidade de Oxford. “E, porra, não tem vacina, o povo tá morrendo”, afirmou.
Procurada pela redação, a farmacêutica confirmou a veracidade do áudio, mas negou que ele tivesse sido encaminhado ao presidente e ressaltou que a fala foi feita em um momento de “desespero” e em tom de desabafo. Segundo a companhia, a mensagem foi enviada originalmente ao empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan. Mas fontes cravam que chegou também a Bolsonaro.
Na gravação, Marques alega que solicitou à Anvisa a autorização para uso emergencial da vacina no dia 14 de janeiro e afirma ter a comprovação eletrônica do pedido. Mas a agência teria ignorado a farmacêutica e suspendido a análise. O empresário ainda diz que teria sido humilhado em uma reunião com o presidente da autarquia, Antônio Barra Torres.
A Anvisa, porém, informa que a União Química ainda não entregou os dados necessários sobre o imunizante, após reunião realizada na última quarta-feira, dia 17. Um novo encontro deve ocorrer na próxima segunda-feira, dia 22. De acordo com o órgão, “estão pendentes dados essenciais para a análise, que estão sendo discutidos entre as partes”.
A agência observou que orienta a submissão do pedido de uso da vacina apenas quando forem apresentadas informações sobre a população-alvo, características do produto, os resultados dos estudos pré-clínicos e clínicos e a totalidade das evidências científicas disponíveis.
Atuação política
O histórico de Fernando Marques revela uma atuação estreita com o mundo político. O empresário tentou sem sucesso uma vaga ao Senado pelo Distrito Federal, em 2018. Na época, ele estava afiliado ao Solidariedade, do deputado Paulinho da Força, e declarou R$ 667 milhões em bens – maior valor entre os candidatos nas últimas eleições. Foi também um dos maiores doadores, ao destinar R$ 7,1 milhões para 14 políticos – incluindo ele próprio e João Doria. Outro que recebeu seu apoio foi o então deputado Rogério Rosso (PSD), que hoje ocupa uma das diretorias da indústria farmacêutica.
Fonte: Redação Panorama Farmacêutico
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