Fabricantes de creatinas têm análise inédita da Anvisa

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A Anvisa divulgou na última quarta-feira, dia 23, uma análise inédita sobre fabricantes de creatinas no mercado brasileiro, totalizando 41 amostras estudadas de 29 empresas. A avaliação teve como objetivo verificar a regularidade desses produtos em três aspectos específicos – teor de creatina; adequação de rotulagem e presença de matérias estranhas. As informações são da Agência Gov.

Para a pesquisa, foi realizado um levantamento das marcas mais vendidas no mercado brasileiro nas suas versões mais comuns, em embalagens de 300 gramas. A coleta de amostras ocorreu no segundo semestre de 2024, nos estados do Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo.

As amostras foram colhidas três vezes pelas vigilâncias sanitárias locais, para garantir a reprodutibilidade dos resultados, conforme o rito de análise fiscal estabelecido pela Lei 6.437, de 20 de agosto de 1977. As análises ficaram a cargo do laboratório do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Principais conclusões sobre as fabricantes de creatinas

A pesquisa com as fabricantes de creatinas indicou regularidade em relação ao teor esperado para esses suplementos, sem variações que pudessem caracterizar infração sanitária. Dos 41 produtos, apenas uma marca possuía teor de creatina abaixo do previsto. A variação não pode ser maior que 20% em relação ao declarado na rotulagem nutricional, além de atender ao valor de referência para este nutriente, que é de 3.000 mg.

Os resultados mostram um cenário diferente daquele encontrado em levantamentos do próprio setor produtivo em períodos anteriores. A diferença pode indicar uma autorregulação do mercado no período de 2022 a 2024. Ou seja, alguns fabricantes podem ter ajustado seus processos produtivos após as reprovações nos estudos anteriores.

Os trabalhos do laboratório também buscaram detectar a presença de matérias estranhas nos produtos analisados. Nesse quesito, todas as marcas tiveram resultado satisfatório.

Para a Associação Brasileira dos Fabricantes de Suplementos Nutricionais (Brasnutri), que representa 70% do setor no país, os dados divulgados comprovam a segurança e a regularidade dos suplementos alimentares de creatina dos principais fabricantes do país.

“A iniciativa é de extrema importância para garantir informações seguras e confiáveis aos consumidores, por se tratar de uma avaliação oficial, conduzida por um órgão competente e que segue todos os parâmetros técnicos reconhecidos nacionalmente”, afirma Synésio Costa, diretor de Relações Institucionais e Governamentais da Brasnutri.

Já em relação às incorreções apontadas nos rótulos, a associação dará todo o suporte técnico para as empresas adequarem as inconformidades apontadas pela Anvisa, mas reforça que as características são pontuais e não apresentam prejuízos ou riscos à saúde dos consumidores.

Problemas na rotulagem

As principais incorreções estão relacionadas a problemas de rotulagem. Dos 41 produtos, 40 traziam rótulos com algum erro de informação ou incorreção. De acordo com a regulamentação de suplementos, esses produtos devem atender a requisitos específicos em suas embalagens, que são importantes para a correta orientação do consumidor.

Entre os erros mais comuns de rotulagem, foram identificados os seguintes:

• Apresentação de alegações não previstas, ou seja, o rótulo atribuía ao produto propriedades que não são autorizadas para a creatina, inclusive com alegações incorretas em língua estrangeira
• Uso de palavras ou imagens que podem induzir o consumidor a uma informação incorreta ou insuficiente sobre o produto
• Tabela de informação nutricional fora do padrão e não declarada no mesmo painel da lista de ingredientes
• Frequência de consumo não declarada
• Número de porções da embalagem não declaradas na tabela de informação nutricional
• Tabela nutricional sem as quantidades de açúcares totais e açúcares adicionados

De acordo com a Anvisa, as incorreções de rotulagem poderão gerar ações de notificação aos fabricantes.

No Brasil, os suplementos alimentares são regulados pela RDC 843/2024 e pela Instrução Normativa (IN) 281/2024. A partir de 1º de setembro de 2025, todos os produtos da categoria que já estavam no mercado, mesmo antes da publicação da norma, deverão estar regularizados na agência.

Marcas analisadas

A amostra do produto Creatine Monohydrate – 100% Pure, da Atlhetica Nutrition, teve resultado satisfatório em todos os ensaios analíticos conduzidos. Todos os demais produtos possuíam incorreções de rotulagem. A única amostra com erro de teor de creatina está em processo administrativo e de apuração, o que não permite a divulgação da marca neste momento.