Hiper Saúde aponta aplicabilidades de IA para farmácias

O uso da IA para farmácias vem pautando a agenda do setor nos últimos meses. E, para quem pensa que as inovações ainda representam um universo muito distante para as pequenas redes e os PDVs independentes, o CTO do Grupo Hiper Saúde, André Monteiro, mostra que, com pouco investimento, já é possível obter ganhos de performance e aumento das vendas em curto prazo.

“Muitas vezes o gestor da farmácia independente tem um gasto muito elevado com o balconista ou o farmacêutico exercendo atividades repetitivas, que não agregam muito valor. É um tempo que poderia ser alocado para tarefas associadas a uma visão mais estratégica do negócio, incluindo capacitações das equipes, organização da loja e desenvolvimento de táticas para aprimorar a jornada do cliente”, explica.

Segundo ele, é muito difícil encontrar uma drogaria no país com faturamento mensal inferior a R$ 40 mil. “Esse perfil de empreendimento destina um recurso excessivo ao gerenciamento de tarefas diárias e dispensa pouca atenção para o consumidor. Mas ela tem plena condição de investir entre R$ 500 e R$ 2 mil por mês em uma tecnologia que livra 80% do tempo dos colaboradores, para que eles possam melhorar a experiência de compra e a margem”, ressalta.

“O empreendedor pode investir aos poucos até chegar ao outro extremo, quando terá condições de implementar uma gestão sofisticada do estoque, analisando a adequação do mix às características do entorno e estabelecendo uma comparação do sortimento e dos preços praticados no país”, acrescenta.

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IA para farmácias deverá embasar a nova era do varejo

Para o CTO da Hiper Saúde, é praticamente unânime que a IA para farmácias está chegando, e com uma velocidade muito superior à da internet e da telefonia celular. “Vamos testemunhar uma mudança profunda no varejo nos próximos dois anos e precisamos estar preparados para implementar essas inovações no segmento farmacêutico”, avalia Monteiro.

Atento a essa tendência, o Grupo Hiper Saúde foi uma das únicas empresas do país convidadas a participar do Google Cloud Next 25, que apresentou o poder transformador da IA ​​e suas implicações práticas para 35 mil pessoas no mês de abril, na cidade norte-americana de Las Vegas. “Foi um recado importante de como essa tecnologia já faz parte do dia a dia e da rotina de países desenvolvidos e como ela tem o potencial de transformar as interações com o consumidor”, acredita.

Ele elencou as principais aplicabilidades da inteligência artificial que já estão sendo implementadas nas farmácias.

1 – Uso de vídeo e imagem – Além da produção de texto e da possibilidade de conversar com o chat, já observamos uma nova geração materiais para as áreas de marketing e propaganda, tabloides promocionais; ações nas redes sociais e até treinamentos das equipes de trabalho. “A IA pode gerar roteiros e vídeos de passo a passo, POPs e permite também tirar dúvidas”, exemplifica

2 – Revolução no autosserviço – O uso de totens de autoatendimento permitirá que o cliente chegue com uma receita e o robô, automaticamente, consulte o produto no estoque. A tecnologia indicará quantas unidades estão disponíveis, notificando o balconista ou o farmacêutico para finalizar o atendimento.

3 – Identificar receitas ilegíveis – Está chegando ao fim o eterno problema de decifrar o rabisco do médico. “E aqui não se trata apenas de entender a prescrição, mas também de cruzar as informações de estoque, levantar preço e apresentar alternativas de compras, seja um genérico ou um medicamento de referência”, projeta

4 – Sugestão de itens complementares – A venda consultiva ganha outro patamar com a oferta personalizada de itens complementares à compra. Apresentar promoções de lenços umedecidos para quem está comprando fraldas é uma estratégia facilmente viabilizada pela IA

5 – Visão mais fácil do estoque – A IA possibilita casar as informações do que existe realmente na prateleira do estoque com o que está registrado no sistema

6 –Integração com todos os players – A integração de todos os elos da cadeia permite acionar o distribuidor assim que a IA perceber que o estoque de um determinado produto está acabando

Na visão do CTO do Grupo Hiper Saúde, porém, o varejo farmacêutico brasileiro está muito atrasado nesse quesito. “Ainda é muito comum vermos farmácias anotando as vendas no famoso caderninho, fazendo pedidos por e-mail ou WhatsApp, mesmo diante de recursos como PIX, open finance e open banking à disposição”, aponta Monteiro.

Para ele, ainda é preciso transpor a barreira cultural. “A distribuição, que poderia colocar um pouco mais de tecnologia nessa transação com o varejo, também não acompanha a evolução. A farmácia compra via WhatsApp porque o atacado recebe o pedido por este canal e não por escolha. Alguém precisa contribuir para aparar essas arestas e cabe a nós ajudar o varejo”, finaliza.