Para evitar novas ofertas de aquisição, a Votorantim SA ampliou sua participação na Hypera Pharma. Agora, a acionista detém 11% das ações da farmacêutica. As informações são do Valor Econômico.
Essa não é a primeira vez que um dos principais investidores do laboratório adota a estratégia. No passado recente, o fundador da companhia, João Alves de Queiroz Filho (Junior), aumentou sua participação acionária duas vezes.
Segundo formulário de referência da empresa divulgado no fim de fevereiro, a Votorantim detinha pouco mais de 5% dos papéis ordinários. De acordo com a carta do conglomerado industrial, a companhia irá “iniciar um diálogo com os atuais acionistas controladores da Hypera sobre seu eventual papel na governança”. O objetivo é chegar a uma possível participação no acordo de acionistas e a indicação de candidatos ao conselho de administração.
Novo acordo de acionista é articulado desde o começo do mês
Ainda no último dia 5, Junior já se articulava para montar um novo acordo de acionistas na Hypera. Segundo informações da coluna Broadcast, o empresário debatia a possibilidade com a Votorantim e também com o fundo mexicano Maiorem.
Os três acionistas, juntos, detinham 47,1% do controle da farmacêutica e uniriam esforços no intuito de ampliar essa presença para mais de 50%. Com a fatia majoritária do negócio (garantida com a movimentação da Votorantim) e um novo acordo, o grupo passaria a votar em bloco matérias de interesse, reduzindo o apetite de potenciais compradores.
Hypera quer se blindar contra a EMS
Os recentes aumentos de cotas dos acionistas da Hypera têm um motivo bem definido: frear qualquer pretensão da NC Farma – controladora da EMS – de unir os negócios.
No último mês de outubro, o Grupo NC enviou uma oferta pública de aquisição (OPA) de até 20% da concorrente, o que foi considerado “hostil” pelo laboratório. O negócio previa o pagamento de R$ 30 por ação, o que representava um prêmio de 39% sobre o preço dos papéis na época.
O Conselho da companhia rejeitou a proposta, alegando que o portfólio de genéricos da pretendente não estaria “alinhado com os segmentos” estratégicos para seu negócio, além de destacar significativas diferenças na governança coorporativa de ambas as empresas.
O comunicado ao mercado também afirmou que a proposta foi feita “de forma não solicitada” e que subestimava o valor da Hypera.
Imprensa aponta conversa antiga, mas acelerada com queda de ações
Segundo apurações do Pipeline do Valor Econômico, ambas as farmacêuticas conversavam há meses sobre uma possível combinação de negócios. O ponto de atrito foi que, com a queda no preço das ações da segunda durante 2024, o empresário Carlos Sanchez, CEO da EMS, se adiantou ao fazer a proposta oficial. Apesar do entrave, o executivo “rival” ainda detém cerca de 5% da concorrente.