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Big Data: quando os dados mudam de papéis a doses

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Algoritmos podem ajudar a detectar quais pacientes devem ter prioridade de leitos e cirurgia e definir quem deve receber alta

O Estado de S. Paulo

 

Dosagens específicas de medicamento, prontuários eletrônicos unificados, detecção de surtos com antecedência e até teste de remédios mais barato e prático. Essas são algumas possibilidades que a Medicina poderá oferecer em breve com o Big Data, ou seja, a interpretação e o uso de grandes quantidades de dados.

Há hoje uma infinidade de informações de pacientes, tanto nas operadoras quanto no sistema público, além de indicadores de saúde da população. O desafio, diz o professor Alexandre Porto Chiavegatto Filho, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), será como utilizá-los de maneira eficiente. “Hoje qualquer empresa tem uma imensa quantidade de dados”, diz ele, que coordena o Laboratório de Big Data e Análise Preditiva em Saúde da faculdade.

Parte dessas inovações já deve virar realidade em breve nos planos de saúde. Algoritmos podem ajudar, por exemplo, a detectar quais pacientes devem ter prioridade para utilizar determinados leitos e receberem cirurgia ou até mesmo quem deve ou não receber alta. “Hoje temos mais ou menos 100 milhões de registros em que trabalhamos em busca de informações clínicas”, diz Leonardo Almeida, CIO da UnitedHealth Group Brazil, controlador da Amil. “Com isso é possível propor e dar ao paciente uma gestão de saúde mais eficiente.”

 

Está em fase de desenvolvimento o uso dessas informações. “Queremos entender o tempo que determinado procedimento leva em uma determinada característica do paciente e, com isso, fazer uma melhor distribuição das agendas cirúrgicas. Com isso conseguiremos reduzir o atraso e melhor utilizar as salas e os leitos de apoio”, conta Almeida.

Política pública. Essas informações também já podem ser usadas para melhorar os serviços públicos no setor. Para o pesquisador em saúde pública da Fiocruz Marcel Pedroso, o uso de Big Data caminha para que, no futuro, sejam possíveis previsões mais precisas que ajudem na elaboração de políticas públicas. “Uma vez que se entenda padrões, tanto de adoecimento quanto de prevenção, pode-se prever políticas para isto”, diz ele, que também coordena a Plataforma de Ciência de Dados aplicada à Saúde, um portal voltado a pesquisadores e gestores com visualização e análise de milhões de registros de nascimento, declarações de óbito e internações.

Outra possibilidade, diz ele, é a da criação de uma medicina mais customizada para o indivíduo. “Uma vez que se possa monitorar diversos sinais vitais e clínicos, será possível aplicar doses mais corretas de determinado medicamento ao paciente. A medicina personalizada terá muito impacto no futuro.”

Foi com o objetivo de melhorar as políticas para os pacientes que o Movimento Todos Juntos Contra o Câncer criou o Observatório de Oncologia, que reúne e faz cruzamentos com uma série de banco de dados. “Embora muitos dados sejam abertos, eles não são fáceis de ser lidos. Nós temos uma equipe de especialistas que facilita isto. Existem milhões de questões que podemos fazer a partir deles”, diz a líder do movimento, Merula Steagall. Um estudo divulgado recentemente pela entidade apontou, por meio de dados da plataforma, que 20% dos pacientes diagnosticados com câncer não são submetidos a tratamento dentro do prazo de 60 dias estipulado em lei, porcentual que aumenta nas Regiões Norte e Nordeste.

Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo

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