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Brasil avança para minar dependência de IFAs

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IFAs
Norberto Prestes, presidente da Abiquifi, concedeu entrevista
exclusiva ao Panorama Farmacêutico na FCE Pharma 2023 |
Foto: Ana Claudia Nagao

Três anos após a pandemia evidenciar a dependência global de IFAs (insumos farmacêuticos ativos), o Brasil vem avançando nos esforços para diminuir o problema. Em entrevista exclusiva ao Panorama Farmacêutico durante a FCE Pharma 2023, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), Norberto Prestes, falou das ações da entidade e das parcerias governamentais para a produção de insumos nacionais.

Segundo o executivo, as tratativas avançaram bastante nos últimos 12 meses por meio de um intenso trabalho de articulação entre os vários players do segmento. O objetivo foi entender quais eram os anseios das farmoquímicas e as expectativas das farmacêuticas nacionais para que ambas possam casar com as necessidades do governo federal.

“Estamos trabalhando junto ao Ministério da Saúde com a meta de produzir um estudo para identificar as moléculas prioritárias para a saúde pública. A Abiquifi já fez algo semelhante no ano passado, mas com dados do setor privado, assim como a Fiocruz e a Abifina. Com base nessas informações conseguiremos elencar quais moléculas somos capazes de produzir por aqui, reduzindo nossa dependência externa”, explica.

Para Prestes, o Brasil tem capacidade de produzir IFAs até 30% mais baratos que a China. “Precisamos eliminar esse estigma de que não temos competência para produzir insumos farmacêuticos e       que somos apenas bons compradores. O que falta é articulação entre todos os elos da cadeia. Acredito que esse protagonismo do Ministério da Saúde vai ser fundamental para que possamos desenvolver e alavancar a produção de IFA no Brasil”, complementa.

Outra articulação na qual a entidade está à frente envolve a avaliação das unidades da Embrapii – Associação Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial, a fim de desenvolver um novo insumo farmacêutico ou um IFA já existente.

“Das 12 unidades ativas, foram selecionadas seis para uma avaliação in loco, a fim de definir como elas poderiam interagir com as farmoquímicas e identificar lacunas na gestão de projetos e boas práticas laboratoriais”, ressalta Prestes.

IFAs teriam também aliança para inovação radical

Para destravar a dependência de IFAs do Exterior e o ecossistema de inovação no Brasil, entidades como Abiquifi, Abifina, Sindusfarma, Grupo FarmaBrasil e Alanac, juntamente com os ministérios da Saúde e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), BNDES e Embrapii, buscam concretizar uma aliança em prol da inovação radical.

“Estamos falando de agendas teoricamente simples como dar mais agilidade na entrada e saída de matéria-prima para pesquisa e a necessidade de redução de impostos, para remessa de amostras a pesquisas no Exterior. Paga-se quase 40% em impostos para enviar material de pesquisa para análise fora do país e isso é um fator que desestimula as empresas a reinvestir no Brasil”, ressalta o presidente da Abiquifi.

Foco da aliança são as startups

Estudo da IQVIA, de 2019, revelou que das 711 empresas que desenvolveram novas moléculas oncológicas no mundo, 645 foram oriundas de startups. Baseando-se nesses dados, a aliança iniciou em abril um projeto piloto com oito jovens empresas, que terá duração de nove meses.

Foram convidados especialistas em diversas áreas e elencados sete temas de trabalho. Um dos eixos envolve a área regulatória e contou com um curso ministrado por Gustavo Mendes, diretor de Assuntos Regulatórios, Qualidade e Ensaios Clínicos da Fundação Butantan –, ensaios clínicos e contratos e parcerias com universidades para dar tração ao projeto.

“A inserção do Brasil no mapa da cadeia farmacêutica mundial requer investimentos em startups, abrindo uma vitrine para atração de multinacionais e mudando a mentalidade da indústria nacional”, observa.

Paralelamente, a Abiquifi, em parceria com a Abifina e a Fiocruz, encomendará um levantamento detalhado sobre exportação e importação de insumos farmacêuticos. “Estruturamos uma força-tarefa com o Ministério da Saúde e a Anvisa, no intuito de desenvolver uma plataforma de Power BI para servir de guia para os próximos passos”, explica Prestes.

Fortalecimento do Mercosul

Outra estratégia para reduzir a dependência de IFA é o acordo de cooperação da associação com a Câmara Argentina de Produtores de Farmoquímicos (Capdrofar). As duas entidades identificaram que, entre aproximadamente 400 insumos disponíveis nos dois países, somente 20 são produzidos por ambos. A produção conjunta ou transferência de tecnologia impactaria positivamente o setor.

“Estamos em uma fase que envolve questões regulatórias que ajudará a definir com os governos de ambos os países o que seria possível e interessante fazer em parceira, assim como investimentos em pesquisa para o desenvolvimento de uma nova molécula”, afirma o executivo.

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