O Brasil tem uma missão desafiadora pela frente se quiser vacinar metade da sua população até julho contra a covid-19, como afirmou o ministro da Saúde Eduardo Pazuello nesta semana.
Com uma população de 212,56 milhões de habitantes e pouco mais de 13 milhões doses aplicadas até as 19h desta sexta-feira (19), o país era o 73º colocado no ranking proporcional de imunização (a cada 100 habitantes).
Em valores absolutos, o país está entre os que mais vacinam no mundo – quinto colocado até ontem à noite, atrás dos Estados Unidos e Reino Unido -, mas a análise dos sites de monitoramento mundial mais respeitados indicam que o Brasil ainda está longe de ter sua população inteiramente protegida da pandemia.
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Os números são do site Our World in Data, organizado por pesquisadores da Universidade de Oxford, do Reino Unido.
Segundo os cálculos dos cientistas da instituição britânica, apenas 6,12% do maior país da América do Sul recebeu ao menos uma injeção de imunizante. E a velocidade média, em um intervalo de sete dias, era, nesta sexta-feira, de 0,15 dose aplicada para cada grupo de 100 pessoas.
Para se ter uma ideia, o pequeno território de Gibraltar, com pouco mais de 33 mil habitantes, líder no ranking proporcional, tem 148,35 doses aplicadas para cada grupo 100 pessoas. Isso porque, a depender do imunizante, são necessárias mais de uma dose, caso por exemplo das administradas no Brasil. A velocidade média de vacinação em sete dias por lá, nesta sexta, era de 2,16 injeções por dia.
Ao se levar em consideração apenas a segunda dose, que no caso do Brasil é mandatório em função das características das vacinas disponíveis, o panorama é ainda pior. De acordo com outro site de monitoramento mundial, o da Bloomberg, apenas 1,9% da população foi completamente imunizada até as 19h desta sexta. Israel, por exemplo, tem quase metade (49,7%) de seus habitantes totalmente protegidos contra a pandemia do novo coronavírus.
Ritmo lento
A vacinação no Brasil começou em 17 de janeiro, logo após a Anvisa autorizar de forma emergencial a aplicação da CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, e a CoviShield, da Oxford/AstraZeneca/Fiocruz.
A pouca quantidade de doses, decisões políticas equivocadas e a corrida mundial por imunizantes em meio a uma pandemia nunca antes vista na história da humanidade explicam a lentidão no ritmo de vacinação, afirmam especialistas.
Na quarta-feira (17), durante cerimônia de entrega das primeiras doses de vacinas contra a covid-19 produzidas pela Fiocruz, o ministro Eduardo Pazuello, de saída do cargo, afirmou que o Brasil vai controlar a pandemia com a vacinação em massa e novos hábitos da população.
‘O coronavírus veio para ficar e nós vamos controlar a pandemia com a vacinação e com novos hábitos. [?] Vamos controlar essa pandemia ainda no segundo semestre. Essa é a nossa missão e, para isso, precisamos das vacinas’, afirmou ele ao mencionar a contratação de imunizantes de sete laboratórios diferentes.
Efeitos na economia
Com queda acentuada da atividade econômica em 2020 e o recrudescimento da doença no país, o ministro da Economia, Paulo Guedes, destacou nesta sexta-feira (19) que vacinar o máximo possível da população nos próximos seis meses é o grande objetivo do governo.
‘Nos próximos seis meses, temos que vacinar o máximo possível da população brasileira, e este é o nosso grande objetivo’, afirmou o ministro.
A fala do homem-forte da Economia de Jair Bolsonaro foi divulgada no mesmo dia em que Ministério da Saúde anunciou ter concluído e assinado os contratos para a aquisição de 138 milhões de doses: 100 milhões da vacina da Pfizer, a primeira no país a receber o registro definitivo concedido pela Anvisa, e 38 milhões do imunizante da Johnson.
Segundo a pasta, a negociação com a Pfizer prevê 100 milhões de doses: 13,5 milhões a serem entregues entre abril e junho e outros 86,5 milhões de julho a setembro.
O contrato com a Janssen, conforme o ministério, prevê 38 milhões de doses: 16,9 milhões previstas para serem entregues de julho a setembro e 21,1 milhões, de outubro a dezembro.
Casos
Do início da pandemia o Brasil até a noite de ontem, o país contabiliza 11,8 milhões de casos e 290,3 mil óbitos. De quinta para sexta-feira, foram registradas 90,5 mil novas contaminações e 2.815 novos óbitos. Os números são divulgados pelo Ministério da Saúde com base em informações das secretarias estaduais de Saúde.
Fonte: Ipiaú Online