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Busca por skincare cresce na pandemia, mas é preciso cautela

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Quem conhece o trabalho da criadora de conteúdo Carlinha Sidonio, 36, sabe que, para ela, manter uma rotina diária de cuidados com a própria pele é coisa séria. Já faz tempo que a influenciadora compartilha, com seus quase 50 mil seguidores nas redes sociais, a sua assumida devoção pela skincare. O que talvez nem todos tenham notado é que, com a pandemia, mesmo ela, que já era uma fiel adepta dessas práticas domésticas, passou a dedicar mais tempo a esse processo de atenção dermatológica.

‘Eu sempre dediquei um tempinho para me cuidar. Mas, realmente, de março de 2020 para cá, esse hábito se tornou mais frequente’, admite, refletindo que essa mudança pode ser vista como uma resposta ao ambiente estressor imposto ao mundo pela maior emergência sanitária dos últimos cem anos. ‘Quem está falando que está bem não está habitando o mesmo planeta que eu’, brinca, emendando que, nos momentos em que se sentiu mais ansiosa, recorreu a técnicas de limpeza da pele ou de massagem facial como um recurso de autocuidado. ‘Isso me deixava um pouquinho melhor’, sinaliza.

O relato de Carlinha é uma pista que ajuda a compreender a crescente busca por produtos de beleza desde o ano passado. Para se ter uma ideia, a procura por máscaras de tratamento facial e por hidratantes e esfoliantes para o corpo tiveram crescimento de 91% e 153,2%, respectivamente. De maneira geral, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal (Abihpec), a demanda nacional por itens para o cuidado da pele subiu 21,9% em 2020. Para explicar o fenômeno dessa flagrante ampliação da busca por recursos de autocuidado, para além da citada ressignificação da prática da skincare, agora percebida como um recurso terapêutico, outros vários fatores precisam ser levados em conta.

Obviamente, o receio de sair de casa e a apreensão de frequentar espaços fechados – ações que, afinal, são desaconselhadas neste momento – deram fôlego novo ao movimento ‘do it yourself’, (‘DIY’, na sigla inglesa, ou ‘faça você mesmo’, em português), que especialistas já percebiam como uma tendência mesmo antes da pandemia. ‘Essa cultura, realmente, se tornou muito mais disseminada a partir de 2020’, examina a fisioterapeuta Michelle Bastos, diretora da Sempre Mais Estética. Ela expõe que, no início, percebeu que as pessoas queriam e precisavam de se cuidar, mas se sentiam desamparadas, meio perdidas. ‘Então, muita gente passou a recorrer às mídias digitais de forma mais recorrente a fim de pegar dicas e aprender técnicas novas, levando esse cuidado, que antes era feito em clínicas e salões, para dentro de casa’, lembra.

Michelle lembra outro fator que ajuda a entender essa mudança de paradigmas: com o exponencial crescimento do uso de plataformas de videochamada, é notável que os indivíduos passaram a se ver com mais frequência. Por isso, a preocupação com a aparência pode ter se acentuado. Carlinha ainda lembra que, sem motivação para usar maquiagem, já que diversos estabelecimentos ficaram por algum tempo fechados, mais pessoas passaram a perceber a própria pele e, então, descobriram a skincare.

Dicas e conversas nas redes sociais

Atenta a essa mudança de comportamento, a fisioterapeuta Michelle Bastos conta que sua equipe passou a usar mais as redes sociais para suprir a carência por orientação por ela percebida em relação aos cuidados com a pele. ‘Foi uma decisão importante, assim conseguimos ajudar mais pessoas a adotar essas medidas de forma ideal’, sinaliza. Essa forma de prestação de serviço virtual deu tão certo que a empresa chegou a lançar uma linha de dermocosméticos.

Carlinha Sidonio também percebeu que, há pouco mais de um ano, a demanda por tutoriais e por vídeos de avaliação de produtos se ampliou. E ela concorda que muita gente tem buscado as mídias digitais para se orientar. ‘Não só o número de seguidores me acompanhando nas redes aumentou, como as interações se tornaram mais comuns. Antes, o pessoal curtia as postagens, e ficava nisso. Agora, sempre aparece alguém querendo tirar alguma dúvida, pedindo para comentar sobre algum item’, observa a criadora de conteúdo.

‘Antes, eu mantinha um blog de moda e de coisas do dia a dia. Aos poucos, fui mudando o foco e notando que aquele tipo de produção gerava maior engajamento, ainda mais porque há pouca gente falando sobre cuidados específicos para a pele negra’, observa.

Cuidado com as receitas da internet

‘Hoje, todo mundo tem facilidade de ir para a mídia social e consultar dicas de skincare, mesmo que a pessoa que faz as sugestões não seja uma especialista. O problema é que o que foi uma experiência positiva para um pode não ser para o outro’, pontua a fisioterapeuta Michelle Bastos. Ela observa que, na clínica, atende, de maneira um tanto habitual, a um público bem específico: ‘Não é raro aparecer gente com queimaduras na pele por ter seguido uma orientação inadequada. Também é comum aparecer aquela pessoa que usou um produto de remoção de manchas que acabou deixando esses sinais ainda mais evidentes’.

A diretora da Sempre Mais Estética acrescenta que, em geral, esses clientes chegam ao espaço buscando reparação, mas ela adverte que, algumas vezes, os problemas podem ser irreversíveis. ‘Por isso, é preciso ter muito cuidado e saber bem se aquele ou aquela influenciador é uma fonte responsável, segura’, aconselha.

Complemento. De maneira geral, Michelle avalia que a tendência do ‘faça você mesmo’ mais ajuda do que atrapalha. Para ela, esse comportamento não deve ser lido como concorrente, mas como uma medida complementar de cuidado. ‘Embora, normalmente, os profissionais orientassem sobre a necessidade de atenção doméstica, o mais habitual era que os cuidados estéticos ficassem restritos ao ambiente das clínicas, o que acabava comprometendo a eficácia dos tratamentos’, pontua. ‘Agora, com essa cultura do cuidado em casa se tornando mais frequente, acredito que os resultados serão alcançados de forma mais eficiente’, conclui.

DIY deve permanecer como alternativa e experimento no pós-Covid

Claudio Brito, mentor de mentores e CEO da Global Mentoring Group, um grupo internacional focado na alta performance de mentores, baseado nos Estados Unidos, concorda que a tendência é que o ‘do it yourself’ se consolide como alternativa mesmo quando a pandemia já tiver ficado no passado. ‘Em um certo sentido, é algo que chega para ficar, mas que não mata o setor de serviços’, observa.

Aqui vale lembrar que nunca se vendeu, por exemplo, tanta maquininha de cortar cabelo como agora. O Mercado Livre, que reúne diversas empresas em sua plataforma de e-commerce, havia registrado um aumento de 24% na comercialização do item entre 24 de fevereiro e 3 de maio de 2020 em comparação ao mesmo período de 2019. Será que toda essa gente vai deixar de frequentar salões de beleza e barbearias? ‘Eu mesmo, nesse período, tentei cortar o cabelo dos meus filhos. Mas, nesse caso, não é algo que deve permanecer, até porque o preço de um corte, com um profissional, não é dos mais caros, e o resultado que obtive não foi dos melhores’, pondera Brito.

Trocando em miúdos, na avaliação do mentor, embora algumas pessoas possam descobrir talentos ao experimentar fazer algo que, talvez, sequer tentassem em outras circunstâncias, a maioria deve continuar recorrendo a profissionais de confiança após tentativas com um quê de frustradas. Ele lembra que, afinal, desenvolver uma habilidade requer tempo e esforço. E nem todos estão disponíveis para se dedicar com tanto afinco. A análise dele deve soar como música aos ouvidos dos profissionais do setor de serviços, dos mais afetados economicamente pela Covid-19 e suas implicações.

Fonte: Jornal Pampulha

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2021/05/04/para-que-serve-cada-ingrediente-da-composicao-de-produtos-skincare/

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