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Canabidiol em tratamentos mentais

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As primeiras semanas deste ano foram marcadas por uma nova discussão sobre o uso de óleo de canabidiol em tratamentos. Não é de hoje que a debate sobre o uso medicinal da maconha tem dado o que falar. Enquanto cresce o número de pesquisas a respeito do potencial médico de substâncias presentes na planta, o uso terapêutico da droga já é permitido em 19 estados dos Estados Unidos. Câncer, glaucoma e esclerose múltipla são algumas das doenças para as quais o uso terapêutico já é recomendado.

Em 2016, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) incluiu derivados da cannabis (CDB) na lista de substâncias psicotrópicas vendidas no Brasil, com a necessidade de receitas específicas. Há dois anos, a ANVISA também autorizou a importação de CBD para casos de epilepsia refratária, que apresentassem resistência a tratamentos convencionais. No início do ano passado foi liberado o registro do primeiro remédio obtido a partir da Cannabis – o Mevatyl® (tetraidrocanabinol) que auxilia no tratamento dos sintomas relacionados à esclerose múltipla.

Mas por que, diante dos estudos e das pesquisas científicas realizadas, ainda há grande resistência? Já não há dúvida de que os derivados da cannabis possuem efeito clínico e podem trazer esperança para quem enfrenta diferentes patologias. São mais de 500 substâncias e, entre elas, duas –  o canabidiol e o THC- têm efeitos terapêuticos comprovados.

Como psiquiatra, sou a favor do debate e considero que precisamos avançar nessa agenda de modo a dialogar para quebrar resistências. Em alguns casos específicos, sobretudo quando tratamentos convencionais não fazem efeito, já temos comprovação da eficácia do uso. Temos registros de que transtornos mentais (insônia crônica, ansiedade, depressão, autismo e a Doença de Alzheimer, por exemplo) podem ter seus sintomas atenuados quando tratados com canabidiol.

No caso do autismo, mais especificamente, estudos revisados em 2014 pelo Professor Renato Malcher, neurocientista da Universidade de Brasília (UnB), parceiro e colaborador da AMA+ME, constataram que o óleo de cannabis rico em CBD melhora o desenvolvimento neuropsicomotor dos portadores de TEA, uma vez que é um potente antioxidante cerebral. Ou seja, como o autista já nasce com o cérebro com estresse tóxico pela oxidação fosforilativa, inflamação e outras alterações, o remédio ajuda a retirar e reduzir esses sinais e melhora problemas comportamentais, como inquietude, agitação e hiperatividade.

No entanto, é importante lembrar que estamos falando de casos que são geralmente mais graves e restritos. É fundamental que a condição do paciente seja devidamente analisada por uma especialista que avaliará o uso ou não de medicamentos feitos a partir da maconha. Além disso, é fundamental ressaltar que os medicamentos são feitos apenas com alguns elementos da droga. Fumar a maconha, pura e simplesmente, provoca mais um efeito alucinógeno e prejudicial do que terapêutico.

Esses primeiros medicamentos feitos a partir da planta representam um primeiro passo para a liberação e produção de outros remédios para outras patologias. À medida que as pesquisas avançam, devemos conversar e informar a população sobre os resultados, revisões e análises, para avançarmos à luz da pesquisa científica. A atenção a cada caso, a cada paciente, é essencial para que a qualidade de vida implique responsabilidade de ambas as partes.

Fonte: Leia o Gazeta

 

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