
A fusão entre EMS e Hypera ganha novos contornos com as movimentações do CEO do Grupo NC, Carlos Sanchez. Segundo apurações do InvestNews, o empresário recorreu ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para ter a possiblidade de comprar mais ações da concorrente e ganhar fôlego para uma nova proposta de aquisição.
Sanchez já detém 6,02% das ações da concorrente, por meio de seu fundo de investimentos, o Dodgers. A meta de ampliar participação na Hypera tem outra motivação – poder indicar membros para o conselho da companhia, que se tornou um importante palco dessa disputa.
Fusão entre EMS e Hypera: briga agora é no conselho
Se o controlador da EMS deseja se fortalecer para indicar conselheiros, o fundador da Hypera, João Alves de Queiroz Filho, o Junior, também se movimenta no mesmo sentido. De janeiro para cá, o executivo já aumentou sua participação acionária de 21,38% para 27,31%.
Carlos Sanchez quer indicação ao conselho
Segundo apurações do Brazil Journal, o executivo vem buscando apoio junto a investidores da Hypera para conseguir indicar até três conselheiros na próxima assembleia. Um dos possíveis nomes seria o de Lírio Parisotto, que, além de ser um grande investidor, é amigo pessoal do controlador da EMS.
Apesar de ser um nome de peso na Bolsa de Valores, Parisotto tem menos ações do que Sanchez, algo em torno de 1,5% e 3%. Sem o apoio de outros interessados, ambos poderiam eleger somente um conselheiro.
Júnior quer voltar
Ainda como parte de seu plano para blindar aproximações de Sanchez, Júnior quer voltar ao conselho da Hypera. O fundador da farmacêutica já figura como candidato oficial ao board e incluiu seu próprio nome na lista tríplice de conselheiros que tem direito a indicar. Os outros sócios (Votorantim e Maiorem) podem sugerir mais dois nomes cada. João Schimidt, presidente do Votorantim, está nessa relação. A informação foi noticiada em primeira mão por Lauro Jardim, do O Globo, e confirmada pelo Valor Econômico.
Acionistas tentam blindar farmacêutica
Em outubro do ano passado, a EMS fez uma proposta de fusão onde pagaria R$ 30 por ação para assumir o controle da Hypera. Combinadas, as farmacêuticas teriam um market share de 17% e uma receita anual superior a R$ 15 bilhões.
O laboratório fundado por Júnior rechaçou a ideia e recusou prontamente a oferta. Em resposta, começou a ampliar sua fatia na farmacêutica. No começo deste mês de março, o Votorantim SA dobrou sua participação na empresa, passando a deter 11% da Hypera. De acordo com a carta do conglomerado industrial, a empresa iria “iniciar um diálogo com os atuais acionistas controladores da Hypera sobre seu eventual papel na governança”. O objetivo já era indicar candidatos ao conselho de administração.