A história da farmacêutica Lucianna Milan e do seu marido e sócio Jefferson Barbosa comprova que empreender com farmácia associativista exige coragem. Poucos tomariam a decisão de se desfazer de todos os bens e se aventurar em outro estado, longe da família e dos amigos.
Mas foi exatamente o que eles fizeram ao sair do Rio de Janeiro para montar uma unidade da Ultra Popular – farmácia associativista pertencente à Farmarcas – no Mato Grosso do Sul. A loja tornou-se a primeira do grupo a bater R$ 1 milhão em vendas.
Tudo começou em 2012. Lucianna morava em Resende (RJ) e comandava a área de logística reversa na P&G. Lá conheceu o atual marido, que atuava como coordenador de logística. O casal uniu-se pelo amor e também pelo sonho do negócio próprio, sentimento que foi potencializado quando ambos tiveram contato com a trajetória da Ultra Popular, por meio de uma amiga que era associada à Farmarcas.
Bastou um ano para que eles se unissem a outro sócio e inaugurassem uma farmácia da rede em Itatiaia (RJ), município com pouco mais de 20 mil habitantes. “Nosso objetivo era abrir a loja em Resende, mas já havia a farmácia dessa amiga na cidade”, explica Lucianna.
O sonho da farmácia associativista chegou ao Centro-Oeste
O modelo da farmácia associativista inspirou o sonho da farmacêutica de desbravar outros territórios. O casal passou a pesquisar cidades com potencial para o varejo farmacêutico associativista, sendo Rondônia o estado escolhido.
“Sou filha de militar, já havia viajado para lá e sabia que se tratava de uma região em crescimento. O Mato Grosso do Sul nem tinha passado pela minha cabeça à época”, explica a farmacêutica.
Mas o destino preparava outra paisagem para a dupla de empreendedores. A convite de um tio, Lucianna decidiu conhecer Dourados (MS), com 240 mil habitantes e a quase 230 quilômetros da capital Campo Grande. Foi amor à primeira vista.
“A cidade era toda asfaltada, com universidades, mas com farmácias muito feias. Havia uma loja da Pague Menos e outra da Drogasil, além da Farmácia do Trabalhador e uma rede local em processo de falência”, lembra.
Família vende tudo
Não demorou e a Farmarcas deu o sinal verde para abrir uma Ultra Popular na região. O casal vendeu tudo o que tinha no Rio de Janeiro, saiu da sociedade na farmácia em Itatiaia e partiu para fazer a vida a mais de 1.260 quilômetros de distância da família e dos amigos. Era maio de 2014 e em setembro a loja foi inaugurada.
Com dois filhos adolescentes de 13 e dez anos, a rotina no início era puxada, com expediente de segunda-feira a sábado. “Alugamos um ponto onde hoje está nossa matriz. A baixa atividade comercial me deixou ressabiada. Porém, o Jefferson insistiu na viabilidade do local, o que posteriormente veio a se comprovar”, destaca.
Além de montar e pintar toda a loja, Jefferson também atuava como motoboy para efetuar a entrega dos produtos. “Ele saía cedo para panfletar em filas de banco, no INSS e nos hospitais, enquanto eu ficava na farmácia com mais três funcionários. No primeiro mês vendemos somente R$ 33 mil e quase morri do coração”, conta.
Com a chegada de um novo colaborador, o marido focou atenções na gestão financeira, de compras e estoque. Lucianna liderava as áreas de perfumaria, marketing e RH. “Em 2015 a situação começou a melhorar e a média mensal de vendas subiu para R$ 186 mil, ainda abaixo da nossa meta de R$ 300 mil”, ressalta.
O primeiro milhão
Nem uma síndrome do pânico sofrida por Lucianna no início de 2016, fruto da crise imobiliária que assolou o país, foi capaz de frear a trajetória de sucesso. “Não esperava que as vendas fossem melhorar e a simples ideia de não ter dinheiro, de trabalhar com o crédito da indústria e dos distribuidores era uma sensação desesperadora”, comenta.
A virada ocorreu no fim de março do mesmo ano, quando a Ultra Popular de Dourados alcançou a marca histórica de R$ 1 milhão de faturamento. E que virada. Hoje já são cinco lojas na cidade, com receita mensal de R$ 4,5 milhões e a condição de segundo CNPJ com melhor resultado entre as associadas à Farmarcas. Detalhe: a farmácia associativista líder em volume de negócios fica em Rondônia, o que revela um senso empreendedor aguçado do casal.
Família foi o porto seguro
O apoio da família foi fundamental para que não houvesse desistência. “Assim que vendemos tudo o que tínhamos no Rio de Janeiro, minha mãe implorou para que pelo menos comprássemos um terreno para ter algum bem em nosso nome”, afirma Lucianna.
Ela seguiu o conselho, mas a ideia de vender o terreno foi muitas vezes posta à mesa para cobrir as necessidades do negócio. “É o local onde construímos nossa casa e também a residência da minha mãe. Tudo tem um propósito e hoje contabilizamos 120 famílias que dependem da gente. Também conseguimos reformar a moradia dos pais do Jefferson, financiar um carro popular para eles e presentear o irmão dele com uma casa própria”, acrescenta.
Lucianna destaca que esse é o retorno que o associativismo proporciona, sempre inovador e presente. “Só tenho a agradecer o apoio que o presidente Edison Tamascia e o diretor geral Paulo Costa nos dão diariamente. A atuação da Farmarcas permite que tenhamos uma visão abrangente dos dados do mercado e esclarece todas as dúvidas a qualquer momento”, finaliza.