Casos de dengue este ano já são recorde em mais de uma década

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O ano de 2021 é de recorde de casos de dengue no Rio Grande do Sul. Em série histórica que leva em consideração o acompanhamento desde 2010, a avaliação que vai até a semana epidemiológica 20, ou seja, até o dia 22 de maio, é o período com índices mais expressivos.

No último informe divulgado, já são 9,9 mil casos notificados da doença, dos quais 6,4 mil foram confirmados. Os números representam praticamente o dobro do que o registrado no mesmo intervalo de 2020. Outro indicador que chama a atenção é o total de casos autóctones, ou seja, que foram contraídos dentro do Estado. São 6.216, comparando com 3.326 do ano anterior.

“Provavelmente, o que ocorreu é que a gente vem enfrentando períodos difíceis, em que a população é orientada a Comparativo histórico da dengue no Estado Leia também permanecer nas residências.

Com isso, acabaram esquecendo um pouco de medidas básicas, como a limpeza de pátios e terreno baldios”, descreve a coordenadora do programa de arboviroses do Estado, Cátia Favreto, explicando que a situação ocasiona mais focos do mosquito Aedes aegypti.

Sobre a mudança de perfil, de quase não ter mais casos importados, Cátia destaca o crescimento de municípios considerados infestados pelo Aedes. O aumento é de mais de 80% a partir do ano 2000. “A maioria dos municípios gaúchos já está classificada como infestada. São 414 dos 497. E a partir da infestação, a probabilidade de casos humanos é grande. Por isso que a autoctonia chama tanto a atenção”, ressalta.

Situação na região

Na região da 1ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), formada pela maioria das cidades dos Vales do Sinos, Paranhana, encosta da Serra e região metropolitana, já são 46 dos 66 municípios infestados pelo mosquito.

Na 5ª CRS, englobada por áreas do Vale do Caí e Serra gaúcha, 30 das 49 cidades estão na mesma condição. Já no Litoral Norte, referente à 18ª CRS, são 13 infestados em um total de 23 municípios compreendidos. Entre os locais com casos autóctones, na região constam Harmonia, Montenegro, Rolante, São José do Hortêncio, São Leopoldo e São Sebastião do Caí.

“Houve aumento no número de municípios que infestaram e de casos autóctones”, confirmar, em nota, a 1ª CRS. Nas outras coordenadorias, a situação é um pouco diferente. “Temos 11 casos de dengue não autóctones, nenhum de zika e um de chikungunya, este autóctone”, arma a coordenadora da 5ª CRS, Claudia Daniel. No Litoral Norte, a maioria dos casos já foi descartada.

“A notificação nos casos de dengue, chikungunya e zika nos sistemas de informação se baseia em casos suspeitos. No âmbito da 18ª CRS, temos oito casos de dengue notificados, seis descartados e dois confirmados não autóctones, além de um caso de chikungunya notificado, porém descartado, e um caso de zika em investigação”, detalha a responsável pela coordenadoria, Janete Ferri Teixeira. Cidades em alerta Montenegro e Nova Petrópolis são duas das cidades da região com confirmação de casos relacionados ao Aedes aegypti.

A 1ª CRS informa que há um paciente infectado de forma autóctone no município do Vale do Caí, dado confirmado pela prefeitura. Casos de dengue voltam a aumentar Nova Petrópolis tem aumento de 100% em focos de Aedes aegypti Prefeitura de São Leopoldo confirma primeiro caso de dengue na cidade em 2021 São Leopoldo confirma primeiro caso de dengue contraído na cidade em 2021 Sete casos de dengue em São Sebastião do Caí São Sebastião do Caí confirma sete casos de dengue e tem outros dez suspeitos Casos confirmados de dengue reforçam atenção com o Aedes aegypti na região Montenegro confirma caso de dengue contraído dentro da cidade “Um morador do bairro Germano Henke contraiu a doença dentro da cidade.

O setor responsável pela Vigilância Epidemiológica está preparando a aplicação de inseticida e promoverá vistorias nas residências no entorno para eliminação de focos do mosquito transmissor e orientação aos moradores”, comunica nota oficial. O município ainda possui mais um caso importado e outros dois em investigação. Além do trabalho da prefeitura, há o apelo para que a comunidade também faça a sua parte.

“A população deve ser uma aliada do poder público na eliminação de recipientes que acumulam umidade, principalmente os pequenos depósitos, como potes, latas, pneus, plásticos, entre outros”, aponta. Em Nova Petrópolis, são sete agentes de campo, que inspecionam mais de seis mil imóveis em área urbana a cada dois meses.

“A eliminação de criadouros ainda é a melhor forma de combater o Aedes aegypti. Por ser um mosquito doméstico, a participação da população no seu controle é fundamental”, orienta o coordenador da Vigilância Sanitária e Ambiental em Saúde de Nova Petrópolis, Rafael Aguiar Altreiter.

Outra preocupação é com uma possível reurbanização da febre amarela, erradicada desde 1942, tendo em vista a circulação do mosquito, que é o mesmo que carrega as demais infecções.

“Uma vez por semana inspecione seu pátio e elimine qualquer recipiente capaz de acumular água. Não dê chance ao mosquito e vacine-se contra a febre amarela”, conclui. Chikungunya cresceu mais de 400% no RS E além da dengue, também chikungunya e zika vírus apresentam números importantes no Estado, que merecem atenção. Em 2020, até a semana epidemiológica 20, eram 95 casos notificados de chikungunya. Neste ano, no mesmo período, são 487, ou seja, um aumento de mais de 400%. De zika eram 75 notificação no último ano, comparando com as 133 de 2021.

“Nossa preocupação é geral, independentemente da doença. O que chama a atenção é que a chikungunya pode crônica com o passar dos meses e a população infectada acabar precisando de atenção na rede de saúde por muito mais tempo”, adverte Cátia Favreto. Estudo para entender o mosquito Tradicionalmente, o Aedes aparece mais entre os meses de novembro e maio.

Mas a especialista Cátia Favreto afirma que isso não é motivo para relaxar:

“O mosquito vem se adaptando ao clima e não podemos mais pensar em meses definidos.” Pela mudança de comportamento do mosquito, a Universidade Feevale atuará em parceria com o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) no sequenciamento genômico de algumas amostras.

“Esse mapeamento da parte da sequência do vírus é fundamental para entender as rotas pelas quais ele chega ao Estado. Também aferir se pode ou não se tratar de um agente com mutações novas e entender, junto com dados da ecologia do mosquito, por que a situação vem se agravando”, arma o virologista e professor Fernando Spilki. Casos de dengue no RS* *Dados relativos até a 20ª semana epidemiológica de cada ano.

1a CRS afirma que momento é de agir em conjunto De acordo com a 1ª CRS, este é o momento de união das cidades, já que o mosquito não reconhece barreiras geográficas.

“Os municípios precisam alinhar as ações junto às quatro vigilâncias e trabalhar em conjunto. A rede precisa estar sensibilizada e informada e as ações de campo devem ocorrer sempre pelos agentes de combate às endemias (ACE) e agentes comunitários de saúde (ACS) eliminando os depósitos, realizando educação ambiental junto aos moradores, sabendo o Índice de Infestação nos bairros, executando mutirões de limpeza, entre outros.

Dessa forma estaremos praticando a prevenção e cuidando da população”, menciona nota. Cuidados básicos como não deixar água parada e acabar com focos do mosquito devem ser mantidos.

Fonte: Jornal Diário de Canoas – RS

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