A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a polifarmácia como o uso periódico e concomitante de quatro ou mais medicamentos pelo paciente, com ou sem prescrição. A prática, especialmente comum entre a população de idade mais avançada, pode ser danosa. Mas a cannabis pode ser um recurso para reverter essa rotina.
População acima de 65 anos é a que mais faz uso da polifarmácia
No Brasil, segundo pesquisa da Revista de Saúde Pública, da USP, os índices de polifarmácia estão mais frequentemente associados a males como hipertensão arterial, diabetes mellitus, depressão e dor crônica. O estudo apontou que essas condições são mais atestadas na população acima de 65 anos (18,1%), contra 9,4% na população em geral. A pesquisa envolveu 9 mil usuários da atenção primária do SUS, em cinco regiões brasileiras.
Entre os medicamentos mais utilizados destacam-se também amitiptrilina, clonazepam, diazepam, fluoxetina e ibuprofeno, para tratamento de transtorno de ansiedade, distúrbios do sono e dor crônica. Tratam-se de disfunções que podem apresentar respostas promissoras com a cannabis medicinal.
O CBD (canabidiol) e o THC (tetracanabidiol) são os canabinoides mais conhecidos e pesquisados entre os quimiovariantes da cannabis. No entanto, a planta contém mais de 550 compostos químicos, entre eles flavonoides e terpenos, com alto potencial terapêutico.
Compostos da cannabis atuam em conjunto
Esses compostos atuam em diversos grupos de receptores em nosso organismo: receptores endocanabinoides, opioides, glumatérgicos, gabaérgicos, dopaminérgicos, acetilcolinérgicos, entre outros. Os derivados canabinoides têm uma ampla gama de atuação na modulação da dor e dos processos inflamatórios, do humor, do ciclo sono-vigília, apetite e balanço energético.
Os diferentes elementos químicos da planta atuam em conjunto para potencializar os resultados terapêuticos e reduzir a ocorrência de efeitos adversos. Esse processo é chamado de Efeito Entourage ou efeito em comitiva.
Pesquisa do Journal of Medical Cannabis and Cannabinoids mostrou que a terapêutica à base de derivados da canabinoides ajudou a reduzir ou interrompeu por completo o uso de medicamentos convencionais em 65% dos pacientes, de uma amostra de 157 participantes, de ambos os sexos, com idades entre 21 e 76 anos.