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Hantavirose é fatal para mais de um terço dos infectados

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Hantavirose pode ser transmitida por roedores por meio do contato com suas fezes, urina ou saliva

Há um mês, a americana Kiley Lane, de 27 anos, foi ao hospital em Albuquerque, no Novo México, EUA, imaginando que iria receber o atendimento adequado para o que ela achava ser um simples resfriado. No entanto, para sua surpresa, os especialistas a diagnosticaram com uma doença que ela nunca havia ouvido falar e pode leva-la à morte: a hantavirose.

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Causada pelo hantavírus, a hantavirose é transmitida por roedores silvestres através suas fezes, urina e saliva. A doença é bastante grave e quando progride pode causar complicações que afetam vários órgãos e até provocar a falência deles. Esse é um dos motivos que fazem com que a taxa de letalidade seja alta: no Brasil, 46% dos casos evoluem para óbito, enquanto nos EUA esse índice é 36%.

Kiley não é a única que não conhecia esse termo. Muita gente desconhece a enfermidade, que é relativamente nova para a ciência – foi identificada pela primeira vez em 1993, no sudoeste norte-americano – e, desde então, os EUA tiveram menos de mil casos da infecção.

Geralmente, o vírus entra na corrente sanguínea do indivíduo após a inalação  ou contato direto com aerossóis – partículas suspensas na poeira -, que pode acontecer por meio de um ferimento na pele ou ingestão de água e alimentos contaminados.

Uma vez que essas partículas entram em contato com o sol, o vírus presente nelas morre e o perigo da doença se vai. No entanto, em locais fechados, como celeiros e porões, é comum que não haja iluminação solar, e por isso há contaminação.

Parece mas não é

Outro motivo que contribui para a falta de informação e piora dos quadros de saúde é a dificuldade de suspeita da doença por parte dos médicos. Por ter sintomas semelhantes aos de gripe em seu estágio inicial: febre, dor no corpo e dor de cabeça. Também é possível sentir náuseas, vômitos e diarreia.

No caso de Kiley, ela chegou a sentir náuseas e fortes dores de estômago no início de janeiro. Quando foi ao hospital, lhe disseram que ela tinha um bloqueio intestinal, e a mandaram para casa com uma receita de laxantes.

Sem melhora, semanas depois a americana voltou ao centro hospitalar reclamando falta de ar. Kiley fez exames para pneumonia, vírus da gripe, hepatite e outras possíveis condições que tinham a ver com seus sintomas, mas todos os resultados deram negativo.

“Ela estava ficando cada vez mais doente e ninguém parecia querer ajuda-la”, disse Julie Barron, mãe de Kiley à Fox News. “Chegou a um ponto que eles pensaram que ela poderia estar fingindo”, desabafou ela, indignada.

Seu estado de saúde continuou piorando, até que ela foi internada e realizou mais exames. Foi então que, finalmente, os médicos informaram que seu teste para o hantavírus havia voltado com resposta positiva, e Lane foi transportada para outro hospital.

Casos graves

Quando manifestada em suas formas mais graves, a doença é conhecida como febre hemorrágica com síndrome renal (FHSR), mais comum na Europa e Ásia, e a síndrome cardiopulmonar pelo hantavírus (SCPH), mais frequente nas Américas e com grandes chances de evolução para óbito.

Nos casos de FHSR há o aumento de ureia no sangue, diminuição na produção de urina, sangramentos gengivais, manchas avermelhadas ou arroxeadas pelo corpo, insuficiência renal e queda de pressão que pode causar comprometimento do funcionamento normal dos órgãos.

Já os pacientes diagnosticados com SCPH podem apresentar tosse seca, falta de ar, hipotensão arterial, insuficiência respiratória por conta do acúmulo de líquidos nos pulmões e colapso circulatório.

A síndrome além de danificar extensivamente os pulmões, também afeta o coração e outros órgãos, provocando o enfraquecimento dos vasos sanguíneos, tornando-os vazados. O corpo tenta combater o vírus criando inflamação, que combina com as infecções de órgãos e leva a danos intensos em todo o corpo.

Nos pulmões, os vasos sanguíneos com vazamento causam inundações nos sacos de ar, dificultando a respiração dos pacientes.

Quando o vírus infecta o coração, o dano reduz sua capacidade de circulação de sangue através do corpo causando pressão arterial baixa e falta de oxigênio em todo o corpo. Isso pode levar rapidamente a falência e morte de órgãos.

Atualmente, Kiley está internada, seu estado de saúde ainda é grave e sua mãe e outros familiares aguardam pacientemente pequenos sinais de melhora da americana. “Enquanto isso, quero divulgar sobre essa doença. Quero que as pessoas saibam sobre o vírus e falem sobre ele com seus médicos para que ninguém tenha que passar por isso de novo”, afirmou Julie.

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Tratamento e prevenção

Não existe um tratamento específico para nenhuma das formas de hantavirose. O que é feito nesses casos são medidas de suporte na fase aguda em ambiente hospitalar, de preferência em Unidades de Tratamento Intensivo. Lá, são controlados os sintomas da doença, sem uso de medicamentos ou vacina específicos.

Mesmo tendo alto risco de morte, a doença pode ser curada quando há o diagnóstico correto precocemente.

Por ser inativado em poucas horas quando exposto ao sol, para eliminar o hantavírus é importante abrir portas e janelas de lugares fechados para possibilitar a entrada de ar e luz solar;

Para evitar a inalação dos aerossóis, o ideal é sempre limpar locais que podem servir de passagem para roedores com panos úmidos e embebidos em desinfetantes. Nunca varra ou espane esses lugares;

Cuidado com a contaminação em pratos e talheres e embalagens fechadas. Se houver suspeita de contaminação, lave-os sempre antes de usar;

Em acampamentos, tome cuidado com roedores e use um fundo impermeável. Arme a barraca longe da mata e perto de uma clareira;

Mantenha a área ao redor de casa sempre limpa e livre de vegetação que possa abrigar roedores;

Cuidado com armazenamento de lixo e descarte-o da maneira adequada. Certifique-se que ele está sendo recolhido.

Brasil

Na América do Sul, os primeiros casos foram diagnosticados no estado de São Paulo, no município de Juquitiba, em novembro de 1993.

Até o momento, foram identificadas oito variantes de hantavírus no Brasil. Esse também é o número de espécies de roedores que são reservatórios naturais do vírus no país.

Três dessas espécies são responsáveis pelo maior número de casos: o rato do rabo peludo (Necromys lasiurus), na região de cerrado no nordeste de São Paulo; o ratinho do arroz (Oligoryzomys nigripes), na mata atlântica paulista; e o rato da mata (Akodon montensis), no Paraná.

Além de São Paulo, entre 1993 e 2012 foram registrados casos da doença no Paraná, no cerrado, em Rondônia, na Amazônia e no Maranhão. Durante esse período, foram 1.537 casos registrados, sendo 207 em São Paulo, conforme informou o Centro de Vigilância Epidemiológica paulista.

Entre os paulistas, os casos podem ser separados entre os que ocorreram no cerrado, sendo 57 casos, ou na mata atlântica, 150.

Segundo o Ministério da Saúde, em algumas regiões do Brasil, observa-se um padrão de sazonalidade, possivelmente decorrente da biologia e comportamento dos roedores infectados.

Fonte: IG

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