Um idoso de 75 anos conseguiu uma decisão judicial para receber uma 3ª dose da vacina contra a Covid-19 em Guaxupé. Segundo o juiz Milton Biagioni Furquim, o pedido foi aprovado por ser uma indicação médica.
Conforme exposto pelo magistrado na decisão, a médica afirma que o homem é hipertenso, cardiopata e que recebeu as duas doses da CoronaVac. Segundo a declaração, o homem fez um teste de anticorpos com resultado neutralizado e IgG negativos ().
É #FAKE que teste de anticorpos comprova que vacinas contra Covid-19 não funcionam
É #FAKE que teste de anticorpos comprova que vacinas contra Covid-19 não funcionam
De acordo com a decisão, a médica, então, indicou nova vacinação do idoso, pedindo ainda que seja feita com uma vacina diferente da CoronaVac. A média também pede que a dose não seja da AstraZeneca, que não seria apropriada para o idoso por haver risco de trombose.
Na decisão, o juiz pediu que o nome do idoso seja incluído na lista de vacinação para pessoas com comorbidade e que a imunização dele seja feita com a vacina disponível, ‘exceção do CoronaVac e AstraZeneca, no prazo de 24 horas após o recebimento desta decisão’.
O juiz destaca ainda que, caso a prefeitura não tenha à disposição outra marca de vacina, o idoso poderá decidir se receberá a dose.
O juiz também impôs pagamento pela prefeitura de multa diária R$ 1 mil em caso de descumprimento da decisão, limitado ao total de R$ 30 mil. Após esse valor, conforme a decisão, o magistrado impõe que o prefeito de Guaxupé seja responsabilizado.
O G1 entrou em contato com a Prefeitura de Guaxupé, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Por telefone, o juiz afirmou à produção da EPTV, afiliada Rede Globo, que cabe recurso da decisão e que ela foi tomada principalmente por causa da orientação médica. O magistrado destacou, ainda, que não cabe a ele questionar o conhecimento da médica que cuida do paciente e solicitou a dose extra. Ele acrescentou que a decisão não critica a CoronaVac, nem exalta outras vacinas.
A reportagem tenta contato com a médica que pediu a aplicação de uma terceira dose de vacina contra Covid-19 no idoso.
O que diz especialista sobre testes de anticorpos e 3ª dose
A médica infectologista Lívia Teixeira Vitale destaca que exames de anticorpos não são recomendados como indício de eficácia da vacinação e que, independentemente do resultado, eles podem gerar ‘falsa sensação’ de desproteção ou mesmo de proteção.
‘O que a gente tem visto é que muitas pessoas têm solicitado exames, principalmente o chamado de anticorpos neutralizantes, que é para ver se a pessoa está imunizada. Não é indicado, o resultado negativo pode dar uma falsa sensação de desproteção’, disse.
Em relação à CoronaVac, a especialista relembrou que ela foi a primeira vacina a ser utilizada no Brasil, sendo aplicada nos servidores da saúde que trabalham na linha de frente da Covid-19. Segundo ela, o resultado do imunizante foi positivo na diminuição dos casos e nos efeitos do coronavírus em servidores.
‘O que a gente tem visto é uma diminuição absurda no número de casos. Os casos que a gente tem visto são, na maioria das vezes, casos leves. E [a CoronaVac] é a vacina que mais proteção causa contra óbitos. Não existe essa questão de escolher qual a vacina, a vacina boa é vacina no braço’, falou.
A infectologista também falou sobre estudos sobre a necessidade ou não de uma terceira dose da vacina contra Covid-19.
‘Estudos estão sendo seguidos, provavelmente serão necessárias doses adicionais ou até mesmo, como a vacina de gripe, anual. Talvez a de coronavírus seja anual. Todas as vacinas são boas, todas possuem a sua eficácia, todas têm o seu espaço garantido. Quando a gente fala de aplicação de terceiras doses, como a gente tem visto, de pessoas que têm procurado isso, estamos falando de saúde individual. E não é o momento disso. Estamos falando agora de saúde pública. Quanto mais pessoas imunizadas, mais fácil vai ser a gente controlar a pandemia. Esse tem que ser um esforço coletivo e deixar questões individuais para um segundo momento’.
O que diz o Butantan
Em nota enviada ao G1 e à EPTV, afiliada Rede Globo, o Instituto Butantan esclarece que a eficácia da CoronaVac foi comprovada por testes clínicos realizados com 12.500 voluntários no Brasil e que embasaram a aprovação de uso emergencial pela Anvisa e, mais recentemente, pela própria Organização Mundial da Saúde.
O instituto ainda destaca que o imunizante previne especialmente as formas graves da Covid-19, evitando hospitalizações e óbitos.
‘Conforme nota técnica emitida pela Sociedade Brasileira de Imunizações, não é aconselhável a realização de testes sorológicos de anticorpos para aferir a proteção individual de vacinas contra a Covid-19, disse o Butantan.
Fonte: G1.Globo