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Criadores da vacina única se preparam para ampliar testes

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A cientista americana Ana Jaklenec, uma das autoras do estudo que desenvolveu um vacina única para crianças, explica nesta entrevista como funciona a descoberta: micropartículas com o design de copos em miniatura são preenchidas com os imunizantes, e cada um desses recipientes se quebra no momento certo, liberando o conteúdo no corpo.

Quem tem filho pequeno sabe o trabalho que dá levá-lo ao posto de saúde periodicamente para manter a vacinação em dia. De acordo com o Ministério da Saúde, crianças até 2 anos devem receber 14 tipos diferentes, sem falar nas doses de reforço. E se fosse possível reunir todas em uma injeção? No que depender de pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, isso pode se tornar realidade, como noticiado no último dia 15 pela imprensa mundial. Em entrevista exclusiva a O TEMPO, a pesquisadora do MIT Ana Jaklenec detalha esse trabalho que pode revolucionar a saúde pública, uma vez que tornaria a imunização mais efetiva especialmente em países onde as crianças não têm acesso regular a cuidados médicos.

A senhora pode explicar como funciona o mecanismo de ação da vacina única, as chamadas microcápsulas? Essas pequenas partículas (que têm formato de copo) podem ser injetadas no músculo, como uma vacina mesmo, e permanecem na localização injetada devido ao tamanho. Após um período de tempo predeterminado, a presença de água e umidade no corpo degradam o polímero – macromolécula formada pela união de substâncias simples –, causando vazamento no copo, forçando a liberação do medicamento ou da vacina e ativando seu mecanismo de ação.

Como é controlado o tempo de armazenamento das partículas no organismo? Em camundongos, a maior parte dura 42 dias, mas também desenvolvemos partículas que duram mais de 200 dias. Tempos maiores de durabilidade serão estudados em breve. Além disso, as ações são indolores e sem efeitos colaterais, já que a substância que precisa ser absorvida pelo corpo vai seguir diretamente para onde precisa. Ao injetar muitas partículas que se degradam a diferentes taxas, podemos gerar uma forte explosão de drogas ou vacinas em tempos predeterminados.

A senhora pode detalhar o teste nos roedores? Liberamos as partículas sem vazamento prévio aos nove, 20 e 41 dias após a injeção. Testamos então partículas cheias de ovalbumina, uma proteína encontrada em claras de ovos comumente usadas para estimular uma resposta imune. Usando uma combinação de partículas que liberaram ovalbumina aos nove e 41 dias após a injeção, descobrimos que uma única injeção dessas partículas foi capaz de induzir uma forte resposta imune, que foi comparável à fornecida por duas injeções convencionais com o dobro da dose.

Como essa tecnologia pode impactar na vida humana? Caso seja bem-sucedida – e ainda vai demorar anos para sabermos, como é normal nos avanços em medicina –,ela permitirá, por exemplo, que bebês sejam vacinados logo no nascimento com as doses necessárias para um período “de um ou dois anos”.

É possível prever quando a vacina será testada em humanos e quando poderá chegar ao mercado? Isso eu não posso prever, dependemos ainda de alguns fatores. O principal deles é encontrar uma maneira de formulação das vacinas, fazer com elas permaneçam estáveis no corpo o tempo necessário. Além disso, estamos viabilizando construir uma instalação de fabricação adequada para poder realizar os ensaios em pessoas. Esperamos resolver essas etapas o mais rápido possível.

Outros testes foram feitos anteriormente? Desenvolvemos previamente partículas de polímero com drogas incorporadas em toda a partícula, permitindo que elas sejam gradualmente liberadas ao longo do tempo. No entanto, para isso, precisávamos criar uma maneira de entregar breves explosões de uma droga em intervalos de tempo específicos, para imitar a forma como uma série de vacinas seria administrada.

Qual foi o método utilizado? Tivemos que inventar uma nova maneira de fabricar os recipientes (outras técnicas falharam), inspirando-nos na fabricação de chips de computadores. Usando a fotolitografia, criamos moldes de silício para copos e tampas. Uma vez que a matriz de copos de polímero foi formada, empregamos um sistema de distribuição automatizado personalizado para preencher cada copo com uma droga ou vacina. Depois que os copos são preenchidos, as tampas são alinhadas e abaixadas em cada copo, e o sistema é aquecido ligeiramente até o copo e a tampa se fundirem juntas, selando a droga no interior.

Fonte: O Tempo

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