Talvez o jovem farmacêutico Aristides Daniel Ortiz não imaginasse como uma distância de 1.900 quilômetros percorrida de ônibus poderia transformar sua trajetória. Mas a coragem do profissional recém-formado ao sair pela primeira vez da casa dos pais, do interior do Paraná com destino ao Mato Grosso, já indicava uma incansável veia empreendedora.
Como resultado dessa decisão, ele tornou-se proprietário de 22 farmácias da Ultra Popular e da Maxi Popular – duas das principais bandeiras que integram a Farmarcas e mais simbolizam a ascensão do associativismo no Brasil. As redes têm sede nos estados do Amazonas, Mato Grosso e Pará.
Era dezembro de 2005 quando Ortiz teve acesso a uma oportunidade de trabalho que considerou imperdível – ser responsável técnico imediatamente após concluir a graduação em Farmácia pela Universidade Paranaense (Unipar), em Umuarama. O endereço seria a cidade de Guarantã do Norte (MT), a 725 quilômetros da capital Cuiabá.
O jovem farmacêutico não pensou duas vezes. Topou o desafio e seguiu uma verdadeira jornada com apenas R$ 100 no bolso. “O mercado em Umuarama já estava muito saturado e ainda tinha metade do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES) para pagar”, relembra.
Farmacêutico comprou primeira loja aos 27 anos
Foram dois anos trabalhando dia e noite, de domingo a domingo, na Drogaria Catarinense e na Drogaria São Lucas. Foi então que, em 2007, aos 27 anos, Ortiz juntou suas economias e comprou a Drogaria São João, o pontapé inicial da sua carreira de empresário.
Mas foi em maio de 2014 que ocorreu a virada de chave. “Já era proprietário de três lojas quando transformei a minha primeira farmácia em Ultra Popular. Por questões estratégicas relacionadas à concorrência, acabei fechando uma loja e meses depois converti a bandeira da terceira unidade”, comenta.
Deste então o crescimento orgânico passou a ser companhia inseparável do empresário, abrangendo as duas bandeiras. Ele fincou unidades em vários municípios mato-grossenses até chegar em Santarém, no Pará, onde atualmente fica o centro de distribuição e a sede da empresa. Foi a primeira Maxi Popular aberta no município, distante 1.233 quilômetros de Belém.
A expansão estendeu-se para Parintins, no Amazonas, a partir da abertura da primeira megaloja da Ultra Popular. Seguindo a cartilha do mercado, Ortiz concebeu a ideia de um PDV com mais vagas de estacionamento e um sortimento ampliado, pautado pela maior oferta de dermocosméticos, artigos de higiene pessoal e perfumaria.
O engajamento com a comunidade também é uma marca registrada, tanto que essa unidade-modelo conta com comunicação de fachada inspirada nas tradições do boi-bumbá – harmonizando as cores vermelha, do Boi Garantido, e azul, do Caprichoso
A alavanca do associativismo
Olhando para trás, Ortiz relembra da época em que o faturamento das suas três farmácias girava em torno de R$ 70 mil mensais. Hoje, cada unidade comercializa cerca de R$ 20 mil por dia, um faturamento mensal que deve fechar em R$ 8,5 milhões. “Ainda temos previsão de chegar a 20 lojas em Santarém, entre bandeiras Ultra e Maxi. Meu propósito é dobrar o número de lojas”, ressalta.
O resultado excepcional também conta com o apoio que o associativismo proporciona às redes. “A Farmarcas nos disponibilizou um acervo de ferramentas preciosas para permitir que tenhamos um olhar sistêmico sobre o negócio. Com a Bússola, por exemplo, temos uma visão aprofundada dos produtos mais comercializados em cada cidade, o que contribui para criar estratégias de preços assertiva e uma gestão de estoque mais eficiente”, finaliza o empresário, que parece desconhecer qualquer distância rumo ao sucesso.