Desertos farmacêuticos avançam nos Estados Unidos
Cerca de 45 milhões de consumidores norte-americanos precisam percorrer até 16 km para encontrar uma farmácia


Os desertos farmacêuticos avançam nos Estados Unidos. Um levantamento da consultoria NielsenIQ revelou que o número de farmácias fechadas no país registrou recorde em 2024. As informações são do portal Drug Store News.
O termo deserto farmacêutico é utilizado para definir localidades onde ao menos 33% da população precisa percorrer 1,6 km para acessar uma farmácia, quando os deslocamentos acontecem a partir de regiões urbanas; 8 km no caso de subúrbios e 16 km para quem reside em zonas rurais.
O movimento de consolidação do varejo farmacêutico ajuda a explicar essa tendência. A partir do início dos anos 2000, grandes redes iniciaram uma ofensiva para adquirir farmácias independentes. Após incorporarem esses PDVs, no entanto, as empresas decidiram descontinuar várias dessas lojas por insustentabilidade financeira.
Em paralelo, estabelecimentos que permaneceram em voo solo viram suas margens de lucro ser cada vez mais comprometidas e encerraram atividades. A popularização de canais de vendas digitais, como os aplicativos de delivery, também contribuiu para o processo.
Uma estimativa da plataforma GoodRX Health revela que aproximadamente 46% das cidades norte-americanas já fazem parte de um deserto farmacêutico. São mais de 45 milhões de consumidores afetados, montante que representa um aumento de 9,1% em relação a 2021.
E essa onda está longe de uma reversão. Em 2024, o fechamento de farmácias nos Estados Unidos impactou 2.437 PDVs, que correspondem a 17% do total de lojas do comércio que baixaram as portas no país.
Regiões carentes são mais suscetíveis aos desertos farmacêuticos
Outra análise, divulgada pela Biblioteca Nacional de Medicina, revelou que mais de 20% da população dos desertos farmacêuticos vive abaixo da linha da pobreza, muitas vezes não tendo acesso a transportes adequados para chegar a uma farmácia.
O fenômeno também é mais frequente entre bairros dominados por populações negras ou latinas. As taxas de fechamento de farmácias ainda são maiores nessas regiões – 37,5% e 35,6%, respectivamente – do que em bairros predominantemente brancos (27,7%).
Buscas por soluções ainda parecerem longe de uma conclusão
As buscas por uma maneira para contornar o problema ainda não chegaram a uma resposta definitiva. Enquanto o governo e o setor debatem mudanças no sistema de benefícios farmacêuticos, grandes varejistas estão se movimentando. A Amazon projeta a abertura de farmácias em 20 cidades em 2025 e o Walmart planeja disponibilizar entregas no mesmo dia em 49 estados.
Já a distribuidora de medicamentos McKesson lançou um programa de acesso, que visa a expandir a cobertura dos serviços farmacêuticos em centros de saúde situados em áreas a serem definidas pelo governo federal. No entanto, Donald Trump cogita cortar recursos destinados a essa iniciativa.