No Dia da Mentira, celebrado neste 1º de abril, fazer brincadeiras para ‘enganar’ os amigos é uma tradição, não só no Brasil, como em outros países ocidentais. Diferente disso, as notícias falsas, conhecidas também como fake news, que circulam sobretudo nas redes sociais e WhatsApp, podem ser prejudiciais. Em tempos de pandemia, mentiras sobre a covid-19, a partir do compartilhamento em massa, tornaram-se ‘verdades’ para muitas pessoas.
Uma pesquisa realizada pela Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) apontou quais são as principais redes sociais propagadoras de notícias falsas sobre a covid-19 no Brasil. O estudo, que analisou denúncias e notícias falsas recebidas pelo aplicativo Eu Fiscalizo, entre 17 de março e 10 de abril do ano passado, mostra que as mídias sociais mais utilizadas para propagação de fake news sobre o coronavírus foram Instagram, Facebook e WhatsApp.
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Com objetivo de reduzir danos provocados pelas notícias falsas, o Ministério da Saúde criou um canal de WhatsApp para receber material duvidoso. ‘89% das fake news são relacionadas à credibilidade da vacina’, afirma Ana Miguel, coordenadora de multimídia da assessoria de comunicação do Ministério da Saúde.
Caso uma pessoa queira tirar dúvidas a respeito de um conteúdo duvidoso, basta encaminhar material suspeito (vídeo, mensagem, link para sites, artigos etc.) para o WhatsApp do órgão, onde passará por uma análise da equipe técnica do ministério. Se a notícia for verídica, a assessoria da pasta responde o material com um carimbo em que se lê: ‘Esta notícia é verdadeira, compartilhe!’; caso seja mentira, o conteúdo recebe o selo: ‘Isto é fake news. Não divulgue!’.
No último mês, uma fake news sobre o uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra o coronavírus circulou em grupos de mensagens via aplicativo. Na mensagem falsa, a ivermectina – remédio anti-parasitário usado há quatro décadas contra vermes e outros parasitas, geralmente indicado por veterinários para eliminação de pulgas e carrapatos em animais de estimação – era recomendado por ter 90% de eficiência como profilaxia, 80% como tratamento precoce e 50% para tratamento tardio da covid-19, o que não é verdade.
A empresa Merck Sharp and Dohme (MSD), fabricante da ivermectina, divulgou um comunicado, em fevereiro deste ano, reforçando que não há evidências de que o remédio seja eficaz no tratamento e combate ao coronavírus. ‘Não acreditamos que os dados disponíveis suportem a segurança e eficácia da ivermectina além das doses e populações indicadas nas informações de prescrição aprovadas pela agência reguladora’, diz um trecho do informe.
Segundo a farmacêutica Thais Oliveira, a única medida preventiva contra o vírus são os cuidados de higienização das mãos, uso de máscara, distanciamento social e a vacina. A especialista alerta que o uso descontrolado de antibióticos na pandemia pode aumentar o risco de desenvolvimento da resistência bacteriana, o que futuramente pode dificultar tratamentos de outras doenças.
‘A corrida às farmácias, em busca de medicamentos, pode expor a população a uma prática perigosa: a automedicação. Existe uma distância grande entre o que se sabe que é eficaz, seguro, e aquilo que é utilizado por desconhecimento, indicação do vizinho ou por meio das fakes news. Procure o serviço de saúde logo nos primeiros sintomas e a orientação do farmacêutico para qualquer dúvida em relação aos medicamentos e seus efeitos adversos’, orientou a profissional da saúde.
Para não cair nas armadilhas das notícias falsas sobre o coronavírus, você pode seguir as cinco orientações abaixo, retiradas do guia elaborado pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Confira:
1. Desconfie das informações:
Observe se os textos e áudios contêm detalhes como:
– Atribuir a mensagem a um parente, amigo ou pessoa próxima (sem dizer o nome completo)
– Oferecer soluções milagrosas ou caseiras para “matar” o coronavírus
– Expressões como “não querem que você saiba disso”, “inacreditável” e “impressionante”
– Oferta de produtos ou serviços gratuitos
2. Observe se há erros e exageros:
Esteja atento se o conteúdo tem:
– Erros de gramática ou digitação
– Palavras com letras maiúsculas
– Recursos gráficos para chamar a atenção, como exclamações e desenhos
– Imagens ou endereço eletrônico semelhantes aos veículos reais
– Links com ofertas de produtos gratuitos podem ser uma tentativa de golpe virtual
3. Verifique as informações
Antes de compartilhar:
– Faça uma busca simples e veja se a mensagem foi divulgada em outros sites ou veículos de informações confiáveis
– Se sitar nomes ou instituições, pesquise para confirmar se a pessoa ou local realmente existem e se deram aquelas informações
4. Observe a data
Veja se o conteúdo faz referência à data sobre o episódio narrado:
– Notícias antigas e fora de contexto provocam desinformação
– Diante de textos, fotos e vídeos sem data, faça uma pesquisa rápida e verifique se foram publicados em outra ocasião
5. Consulte sempre os sites oficiais
Procure sites oficiais ou veículos de imprensa dedicados ao jornalismo profissional para se informar.
Fonte: Portal Roma News