Nascido no sertão do Piauí, onde sequer chegava luz elétrica, Gracielio de Sousa hoje está à frente de uma rede de farmácias associativistas com cinco unidades no Estado. E tudo começou quando as condições financeiras forçavam ele e o pai a viverem no escritório da primeira drogaria.
As farmácias brasileiras são movidas pela força de seus empreendedores. E a seção Minha História, que chega a seu 11º episódio, conta como Sousa foi de um adolescente que viu os pais se divorciarem a um empresário de sucesso.
Sertão iluminado “na lamparina”
Sousa nasceu no que chama de “interior do interior”, no povoado de Malhada Alta, também conhecido como Madalta, na cidade de Pimenteiras (PI). Entre os anos 1982 e 1992, a luz elétrica não chegava, mas o comércio sim.
Seu pai, Gabriel Manoel de Sousa, mantinha uma pequena “bodega” na região. Só que o “seu” Gabriel queria mais para os filhos e, quando eles completaram dez anos, decidiu se mudar para um município maior. Rumaram para Valença do Piauí, a 200 quilômetros de Teresina, onde poderiam se dedicar aos estudos com mais qualidade.
E o propósito de seu pai não parava por aí. Na nova cidade e proprietário de um mercadinho, ele decidiu que era hora de enviar os filhos para a capital em busca de conhecimentos mais avançados.
Teresina foi o primeiro contato com o varejo farmacêutico
Inicialmente, “seu” Gabriel enviou somente seus filhos e a esposa para Teresina, mas, quando surgiu uma oportunidade de empreender na capital, não titubeou. Ao saber da disposição de um amigo de vender a farmácia que mantinha na cidade, o empreendedor vislumbrou o momento de investir em um novo setor e estar novamente próximo da família.
Ainda à frente do pequeno mercado em Valença do Piauí, ele deixou o negócio sob a batuta de sua esposa. Mas o relacionamento já vivia seus últimos capítulos.
Divórcio “iniciou” rede de farmácias
No início de 1998, o casamento dos pais de Sousa chegou ao fim, mas o que isso tem a ver com a jornada empreendedora do empresário? Tudo. Com o divórcio, ele volta a morar com “seu” Gabriel em Valença do Piauí.
Com apenas 16 anos se tornou o braço direito do pai, que resolveu seguir empreendendo no setor de farmácias. “A loja não tinha nem 50 m2 e ainda morávamos nos fundos”, relembra. Por quatro anos e meio, o escritório da drogaria também era a residência e o quarto para pai e filho. “Ele esperava eu dormir primeiro para só então descansar e não atrapalhar meu sono”, conta o executivo.
O expediente no balcão era puxado, das 7h às 22h, e de domingo a domingo. O esforço valeu a pena. Em cinco anos, ele podia sonhar com uma rede de farmácias longe do quarto improvisado.
Depois da casa, uma nova loja
Após cinco anos, Gabriel e Gracielio finalmente tinham teto e farmácia em locais separados. Mas bastaram outros 365 dias para a dupla viabilizar os primeiros planos de expansão e decidir pela abertura de loja em Oeiras (PI), a 100 quilômetros de distância.
“Costumo dizer que esse PDV foi nosso primeiro ponto de inflexão. Começamos a enxergar a necessidade de padronizar ferramentas e colocar em prática processos administrativos mais profissionais”, destaca o empreendedor.
Em paralelo, havia a necessidade de ampliar os negócios em sua cidade-sede. Gradualmente, o empreendimento com menos de 50 m2 foi crescendo e agregando as construções ao redor. “Hoje, temos 30 metros de frente, falta só construir”, comemora.
Aos poucos, a rede de farmácias tornou-se realidade com as inaugurações em Inhuma e Água Branca – este último município já abriga duas unidades.
Padronização e concorrência motivaram migração para o associativismo
Mas como administrar a rede de cinco farmácias de maneira independente? O empresário sentia-se frustrado por não conseguir aplicar conceitos como os de padronização em todas os PDVs. “Não conseguíamos replicar a mesma fachada nem nas lojas que estavam na mesma cidade”, comenta. Além disso, surgiam os primeiros rumores sobre a chegada do grande varejo farmacêutico à região.
“O coração gritava Drogaria Sousa, essa marca que nós construímos. Mas eu sabia que precisávamos romper essa barreira e começar esse novo ciclo”, afirma.
Coração foi “convencido” pela BigFort
Quando começou o “namoro” com a Farmarcas, Sousa afirma que o foco inicial era converter bandeira para a Ultra Popular. Mas esse não era seu perfil como empreendedor naquele momento. O destino acabou guiando a Drogaria Sousa para a bandeira BigFort.
E essa sinergia mostrou resultado. “Nossas lojas de Água Branca, que vendiam R$ 100 mil cada, passaram a vender 200% a mais”, relata. “Era inimaginável, para mim, no interior do Piauí, romper a barreira do milhão em um ano, mas nós superamos essa marca assim que convertemos a bandeira de nossa terceira loja”, completa o gestor.
Conversão de bandeira teve início na pandemia
Entre a indecisão e problemas de saúde na família, as conversas com a Farmarcas começaram em 2019 e estenderam-se até 2020. Eis que chega a pandemia da Covid-19. “O desafio foi gigante. Conversões que deveriam levar três passaram para mais dez”, relembra. Mas uma vez que o processo se concretizou, a realidade do negócio mudou.
Farmarcas mudou realidade do negócio
Dizendo que agora voltou o momento de crescer geograficamente, Sousa classifica a entrada na Farmarcas como seu segundo ponto de inflexão. “Mudou muita coisa. A maneira que a gente compra, vende. Tem sido muito gratificante o contexto em que a gente se encontra”.
“Conversando com o Edison Tamascia, ele disse que a meta da Farmarcas é dobrar de tamanho em cinco anos. Eu tomei essa meta para mim, também quero dobrar de tamanho em cinco anos. Em faturamento, já saímos da casa do R$ 1 milhão para R$ 2,7 milhões”, confidencia.
O que não mudou foi a relação de pai e filho. “Depois da pandemia, “seu” Gabriel passou a não trabalhar conosco, mas todo dia ele passa aqui para me dar um abraço. E sempre que tenho uma decisão mais estratégica, peço seu conselho”, finaliza.