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Escolhida para vacinação em massa, Botucatu viralizou na pandemia com drive-thru em shopping

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A cidade de Botucatu (SP), que foi escolhida para participar de uma pesquisa inédita de vacinação em massa contra Covid-19, foi o primeiro município a confirmar um caso positivo de coronavírus no centro-oeste paulista, em março do ano passado.

A paciente, que tinha 62 anos na época, desenvolveu um quadro grave da doença e precisou ficar internada no Hospital das Clínicas, que se tornou referência no tratamento da doença na cidade e em mais 67 municípios da região.

A aposentada Maria Aparecida Teixeira Vieira venceu a Covid após quase três meses de internação. Atualmente com 63 anos, ela, que ainda não foi vacinada, pode estar entre os moradores que vão participar do estudo anunciado pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira (27).

A pesquisa vai avaliar a eficácia do imunizante Oxford/AstraZeneca, distribuído no Brasil pela Fiocruz, contra novas cepas do coronavírus.

‘O que nós esperamos com a pesquisa é ter uma evidência concreta de que a vacina funciona. Os resultados dos estudos prévios da vacina são excelentes, mas eles são ensaios clínicos, que sã feitos em alguns milhares de indivíduos em situações ideais. A gente precisa saber também o que a vacina impacta em saúde pública na vida real’, explica o infectologista e professor da Unesp, Carlos Magno Fortaleza, que coordena a pesquisa na cidade.

Drive-thru em shopping

Botucatu tem 150 mil habitantes, dos quais 106 mil têm mais de 18 anos. Cerca de 80 mil pessoas acima deixa faixa etária ainda não foram vacinadas e devem participar do estudo.

O município fica a aproximadamente 240 km de distância da capital paulista e é conhecido por suas belezas naturais, entre elas a cuesta, o relevo formado por colinas e montes que abriga vários pontos turísticos como mirantes e cachoeiras e é banhado pelo aquífero do Guarani.

Os pontos mais famosos são o Gigante Adormecido, a Pedra do Índio e as Três Pedras, que recebem turistas da região e de todo o país. Setor que foi bastante impactado pela pandemia.

Em julho do ano passado a cidade foi destaque no país todo depois que um shopping permitiu a passagem de veículos nos corredores para a retirada de compras durante a fase vermelha da quarentena, então em vigor no estado.

O drive-thru no shopping viralizou, ganhou vários memes na internet e chamou a atenção até da imprensa estrangeira, mas foi suspenso poucos dias depois. A direção do empreendimento disse que a ação tinha “caráter experimental”.

Condições ideais para análise

Segundo o Ministério da Saúde, a cidade foi escolhida por reunir uma série de condições que fazem da região o local ideal para esse tipo de análise, que combina testagem em massa e sequenciamento genético da Covid-19.

A pasta também destacou que Botucatu já vinha adotando algumas medidas que foram cruciais para o desenvolvimento da pesquisa, como a testagem de todos os sintomáticos de síndromes gripais com o exame RT-PCR.

Em um levantamento divulgado pela prefeitura no dia 13 de abril, a cidade já tinha aplicado mais de 90 mil testes do Covid-19, sendo que 64 mil deles foram do tipo RT-PCR que é considerado padrão ouro. Esse número é equivalente a 436,8 testes a cada mil habitantes. Índice duas vezes superior ao do estado de São Paulo e quatro vezes maior que o do Brasil.

Além disso, segundo o professor Carlos Fortaleza, a estrutura de saúde pública também foi um dos motivos para escolha da cidade.

‘Botucatu tem a característica de ser uma cidade pequena, sendo possível vacinar rapidamente o número de pessoas requerido em um estudo como esse. E nós temos uma estrutura laboratorial muito robusta, porque temos a Universidade Estadual Paulista, a Unesp. A combinação das duas coisas e, principalmente, uma cobertura vacinal também robusta é que faz com que a cidade seja ideal para esse estudo.’

‘Botucatu tem a característica de ser uma cidade pequena, sendo possível vacinar rapidamente o número de pessoas requerido em um estudo como esse. E nós temos uma estrutura laboratorial muito robusta, porque temos a Universidade Estadual Paulista, a Unesp. A combinação das duas coisas e, principalmente, uma cobertura vacinal também robusta é que faz com que a cidade seja ideal para esse estudo.’

Estudo inédito

Pelo projeto de vacinação em massa, todos adultos serão vacinados, e os casos positivos na região, sequenciados. Com isso, segundo o Ministério da Saúde, será possível saber a efetividade da vacina produzida pela Fiocruz contra todas as cepas que circulam na cidade.

‘Nós já sabemos que essa é uma vacina que tem registro definitivo na Anvisa e a fase 4 dos estudos é para avaliar justamente a eficácia da vacina contra essas variantes do vírus, então nós vamos vacinar a população de Botucatu inteira no âmbito dessa pesquisa para termos as respostas que a gente precisa saber sobre o uso da vacinação’, afirma o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

Segundo o secretário de Saúde de Botucatu, André Spadaro, a expectativa é de que a pesquisa comece nas próximas duas semanas. A forma como a vacinação vai ocorrer ainda será sistematizada nos próximos dias, mas de acordo o secretário deve seguir um formato diferente da imunização ocorrida até agora na cidade. Idosos a partir de 64 anos estão sendo vacinados atualmente pelo programa nacional de imunização.

‘Ainda vamos definir com a equipe como será a logística, mas será diferente da vacinação atual porque temos que vacinar um grupo muito grande de pessoas em prazo curto de tempo, entre 10 e 14 dias, então vamos ter que disponibilizar a estrutura básica de saúde e outros recursos, como vacinação em drive-thru e talvez usar as escolas.’

Além do Ministério da Saúde, a pesquisa conta com uma série de parceiros, como a Universidade de Oxford, o laboratório AstraZeneca, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Fundação Gates, a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a Prefeitura de Botucatu.

Além da efetividade contra as variantes, o Ministério da Saúde informou que a pesquisa vai servir de subsídio para comparar o quão eficiente foi a vacinação em massa em relação aos outros municípios da região.

As doses da vacina Oxford/AstraZeneca serão doadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) ao estudo.

Fonte: G1

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2020/04/15/estudo-da-unesp-de-botucatu-aponta-potencial-alvo-para-tratar-a-covid-19/

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