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Esquecimento e dificuldades de atenção podem ser sequelas do câncer

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Embora os pacientes alcancem a cura do câncer por meio do tratamento 20 de Fevereiro de 2018 21:00

As estatísticas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) demonstram que o câncer ocupa o segundo lugar no ranking das causas de morte no Brasil. O advento das pesquisas e novas tecnologias em saúde certamente tem possibilitado que muitos pacientes com diagnóstico de câncer alcancem a cura. Contudo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a incidência de câncer só vem aumentando: entre 2000 e 2015 ela cresceu em 31%.

É por isso também que o mercado de medicamentos contra o câncer atingiu a marca de US$ 100 bilhões de faturamento por ano. A previsão do IMS (Institute for Healthcare Informatics) é de que, em 2018, esse número cresça quase 50%, chegando a US$ 147 bilhões.

Entretanto, muitos pacientes, mesmo curados, não conseguem retornar às atividades que praticavam antes do adoecimento. Estes pacientes vêm reclamando nos consultórios de lapsos de memória, desatenção e períodos de confusão. Vale lembrar que os pacientes não apresentavam estes problemas antes do câncer.

Em recente pesquisa realizada no Hospital São Paulo durante sua residência em neurologia e neurocirurgia, a neuropsicóloga Liane Bastos explica que estas queixas constituem um fenômeno chamado de “chemobrain”, que caracteriza o prejuízo cognitivo induzido pela quimioterapia. Ela explica que o chemobrain acontece em até 75% dos pacientes que sofrem de câncer de mama ou pulmão, submetidos a tratamentos quimioterápicos mesmo que sem metástase no Sistema Nervoso Central.

Mas se o câncer do paciente não é de cérebro, então por que o paciente apresenta um sintoma neurocognitivo? “Muitos agentes quimioterápicos conseguem lançar pequenas doses de quimioterapia no parênquima em virtude de um processo de alteração genética, provocando neurotoxicidade e podendo ocasionar sequelas cognitivas”, explicou.

Conforme apontou a pesquisa, os principais prejuízos decorrentes do chemobrain são na tríade cognitiva: atenção, memória e funções executivas. Liane orienta que o paciente oncológico que se submete à quimioterapia precisa ser acompanhado por um neuropsicólogo desde o momento do diagnóstico, para minimizar os prejuízos cognitivos que ele possa vir a ter após o tratamento e sua cura.

Além disso, a especialista explicou que o prejuízo pode ser mais grave dependendo do nível de escolaridade do paciente. “Muitos sintomas cognitivos decorrentes do chemobrain perduram por até 10 anos, o que dificulta o retorno do paciente ao trabalho, estudo e até mesmo a sua independência e autonomia nas atividades de vida diária. Acompanhar e prevenir são sempre as melhores alternativas”, diz.

O fenômeno do chemobrain recebeu especial atenção desde 2003, quando um grupo de pesquisadores do mundo todo se reuniu e formou a International Cognition and Cancer Task Force (ICCTF). No Brasil, contudo, ainda há pouco conhecimento, pesquisa e mesmo abordagem sobre o assunto.

A pesquisa é uma das poucas no país e visa impulsionar a compreensão desta temática, pois seu impacto no paciente pode ser devastador. “Quando o paciente de câncer alcança a cura, o que ele mais quer é poder retomar a sua vida, ter sua autonomia. É até uma forma de retomar sua autoestima. Quando ele apresenta as sequelas cognitivas decorrentes da quimioterapia, o chemobrain, a sua qualidade de vida diminui significativamente, o que pode levar o paciente até mesmo a uma depressão”, finaliza Liane.

Fonte: Rádio Nova FM

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